domingo, 11 de dezembro de 2011


Apenas uma gota…

Axé pessoal! Passamos pelo dia 15 de novembro, dia em que se comemora a oficialização da Umbanda que aconteceu em 1908 com a Tenda Nossa Senhora da Piedade. Sei que eventos aconteceram, festejos específicos e giras especiais ocorreram, mas gostaria que aproveitássemos esse período para também refletir sobre a Umbanda e as palavras daquele que, como muitos conhecem, corajosamente transformou o movimento espírita e espiritual da época refletindo até os dias atuais com a Umbanda mais perto de nós manifestando todas suas funções, doutrina e missão.
Falo das palavras ditas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas que, ao ser questionado por José de Souza, membro da Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, explica a razão de ser, a função de existir e o porquê da Umbanda ao manifestar-se pela primeira vez no médium Zélio Fernandino de Moraes, um jovem de apenas 17 anos.
Falo das sábias e inspiradoras palavras ditas por aquele que até hoje luta e trabalha pela estruturação da Umbanda, pela boa conduta espiritual e pela moral religiosa – o generoso Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Falo das palavras transcritas abaixo, que penso, devem ser lidas com atenção para que se perceba a grandiosidade de cada frase e, consequentemente, da Umbanda:
Deus, em sua infinita bondade, estabeleceu na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos tornam-se iguais na morte, mas vocês homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar estas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte.
Por que não podem nos visitar estes humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além?
Porque o não aos caboclos e pretos-velhos? Acaso não foram eles também filhos do mesmo Deus?
…Amanhã, na casa onde meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e qualquer entidade que queira ou precise se manifestar, independente daquilo que haja sido em vida, todos serão ouvidos, nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas a nenhum diremos não, pois esta é à vontade do Pai.
Inspirador, não?!!! Inspirador saber que essas frases formam o prisma de nossa religião Umbanda que tem a função de irradiar igualdade, respeito, humildade e a capacidade de ensinar, aprender e compartilhar.
Inspirador pensar que o Caboclo, há mais de cem anos atrás, já fazia seu discurso contra o preconceito com essa bela reflexão social e já afirmava a importância do falar, do ouvir e de se comunicar para o bem estar emocional. Ações que vemos hoje em todos os terreiros de Umbanda quando os consulentes expressam suas dores, desejos e necessidades diante daquele “simples” Preto-velho, “corajoso” Caboclo ou “irreverente” Exu.
Inspirador pensar que na Umbanda todos podem “entrar”, que todos são recebidos, todos são atendidos diante de seus merecimentos, independente do que são ou do que foram. Um belíssimo aprendizado sobre Amor, Compaixão e Esperança, um grandioso exemplo para todos nós umbandistas, não é mesmo?
É, são palavras tão intensas que deveriam estar registradas no íntimo de todos nós, umbandistas ou não umbandistas, afinal é um clamor de Paz, uma súplica por Humildade e um brado pela Igualdade. São palavras que deveriam ser lembradas a cada abertura de gira, a cada bater cabeça e a cada reza.
Palavras ditas por quem sabe o que é Umbanda, por quem sabe qual é caminho, por quem sabe o que é coragem, persistência e Fé, ditas há 103 anos por um índio, caboclo e espírito que garante: Não existirão caminhos fechados para mim, sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas e venho trazer a“Umbanda”  uma religião que harmonizará as famílias e que há de perdurar até o final dos séculos.
Que possamos, todos nós umbandistas, não apenas festejar, comemorar ou girar em comemoração à Umbanda, mas refletir sobre o que é Umbanda e toda sua capacidade espiritual, social, humana, emocional e moral.
Que possamos compreender nossa responsabilidade em “colocar” a Umbanda no seu devido lugar, que possamos compreender que precisamos “levar” à Umbanda a sua “verdadeira essência”, que possamos compreender que precisamos fazer mais por aquela que tanto faz por nós, a Umbanda.
Com essa esperança latejando meu coração, lembro de um pedido feito pelo Caboclo “Se vocês derem uma gota do oceano de bênçãos que recebem, se vocês derem apenas uma gota para a Umbanda, eu já ficarei feliz”.
Enfim, que possamos honrar o Pai, o Chefe, o Corajoso, Amoroso e Generoso Caboclo das Sete encruzilhadas que transformou nossa história, que transforma nossa vida, que nos acolhe como seus falangeiros e que ainda, diante de tanta imperfeição e maldade, diz: “Obrigado meu filho, muito obrigado!”

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