Jesus, o Libertador
Recebida em 6 de setembro de 2004
no Centro Espírita Caminho da Redenção
Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco
Havia uma grande
expectativa em Israel, que aguardava ansiosamente o Messias anunciado.
A voz dos
profetas, que ficara silenciosa fazia alguns séculos, não alterara as notícias
de que Jeová enviaria o libertador do Seu povo no momento adequado.
A presunção
exagerada, que havia elegido como filhos de Deus somente os judeus, continuava
na conduta arrogante daqueles que aguardavam receber o privilégio dos Céus em
detrimento de toda a humanidade.
Descrevia-se a
Sua chegada como o momento máximo da sua história de nação muitas vezes
escravizada por outras mais poderosas, que então se curvariam humilhadas ante a
grandeza da raça escolhida pela sua fidelidade e devotamento aos divinos
códigos.
Antevia-se o
momento da libertação, especialmente naqueles dias em que o Império Romano
escarnecia das suas tradições e da sua liberdade, esmagando os seus ideais de
independência.
Sentia-se mesmo
que aquele era o momento, e que, em qualquer instante, os sinais de
identificação apontariam o Escolhido.
Os sofrimentos
vividos na Babilônia, no Egito e em outros lugares cruéis, no passado, não
haviam sido esquecidos. Embora a coação prosseguisse e a miséria rondasse as
suas vidas, estremunhando-as e dizimando-as, porque lhes retiravam tudo quanto
possuíam, inclusive os parcos recursos, em razão dos impostos exorbitantes, não
conseguiam, porém, tomar-lhes a esperança que teimava em permanecer nos seus
corações.
Aguardava-se,
portanto, que Ele chegaria em triunfo mundano, cercado de poder militar e de
despotismo, de forma que vingasse as humilhações e dores que os Seus haviam
experimentado através dos tempos.
Sentando-se no
trono e governando com insolência e perversidade, somente àqueles que Lhe
pertenciam concederia compaixão e bondade, ternura e amor, oferecendo-lhes os
reinos da Terra, a fim de que pudessem fruir o poder e a glória anelados.
Esqueciam-se,
porém, da transitoriedade da vida física e do impositivo da morte, que a todos
arrebata, transferindo-os para a dimensão da imortalidade.
Por mais longos e
prazenteiros fossem os dias de efusão e de orgulho, que esperavam viver, a
fatalidade biológica os conduziria à velhice, ao desgaste, à consumpção do
corpo e ao enfrentamento com a Vida Eterna.
Mas Israel e seus
filhos estavam interessados no mundo, nos negócios da ilusão, nas conquistas
terrenas.
A mágoa e o
desejo de desforço acalentados por séculos demorados, conseguiram diluir na
vacuidade o discernimento em torno dos valores reais da existência humaria.
Somente eram
considerados o gozo e a supremacia sobre os demais povos, submetendo-os ao
talante das suas desordenadas ambições.
A cegueira do
orgulho envilecera os sentimentos do povo, não havendo lugar para a reflexão
nem para o amor fraternal.
* * *
Ele veio e não O
aceitaram.
Aguardavam um
vingador que esmagasse os inimigos, enquanto Ele chegara para conquistar aqueles
que se haviam transformado em adversários.
Esperavam que
fosse portador de soberba, arbitrário e superior em crueldade àqueles que se
fizeram odiados, mas Ele vivenciou o amor em todas as suas expressões,
demonstrando que o Filho de Deus é lição viva de compaixão e misericórdia.
Em face das suas
necessidades materiais, não poderiam receber o Embaixador do Reino de Deus, que
vinha colocar os Seus alicerces na Terra, para erguer o templo da legítima
fraternidade que deve viger entre todas as criaturas.
De início, antes
da ira contra a Sua pessoa, desejaram arrastá-lO para as suas tricas farisaicas
e para os seus domínios insensatos. E porque não conseguiram, voltaram-se contra
Ele e Sua mensagem, perseguindo-O com insistência e ameaçando-O sem
clemência.
Ele, porém,
permaneceu integérrimo. A Sua tranqüilidade desconcertava-os, fazendo que
arremetessem furibundos contra os ensinamentos de que se fazia portador e
procurando um meio de envolvê-lO em algum conceito que O pudesse criminar, a
fim de O matarem.
Encharcados de
presunção, o único sentido para a vida centrava-se na busca do poder, do prazer,
no vingar-se dos inimigos reais e imaginários.
Não é de
estranhar que Jesus não lhes representasse o cumprimento das profecias.
Embora o Seu
fosse o maior poder que a Terra jamais conheceu, os ambiciosos que desejavam o
mundo não estavam interessados na Sua força incomparável, que se fazia soberana
ante os ventos, as ondas do mar durante a tempestade, ou diante dos distúrbios
da mente, da emoção e do corpo das criaturas que O buscavam.
Invejosos, não
podendo negar-Lhe a grandeza, acusavam-nO de ser emissário do Mal, veículo
satânico.
Jesus
compadecia-se deles e exortava-os à liberdade espiritual, que é a verdadeira,
conclamando-os ao despertamento para a realidade.
Mas os tóxicos do
ódio haviam-nos envenenado desde há muito, não havendo espaço mental nem
emocional para o refrigério da compreensão nem para a bênção da paz.
* * *
Ainda hoje Israel
não O entendeu. Prossegue esperando o seu Messias dominador, banhando-se de
sangue e sacrificando-se, enquanto os seus filhos estorcegam em reencarnações
purificadoras e aflitivas através dos evos.
O amor, que é a
solução para todos os problemas humanos e os conflitos que se abatem sobre a
erra, ainda não é reconhecido como o único recurso capaz de gerar felicidade
nos corações.
Passaram aqueles
dias tormentosos e outros muitos, enquanto Jesus permanece como o libertador de
consciências, conduzindo-as no rumo da plenitude.
* * *
Neste Natal,
recorda-te dEle e entrega-te a Ele sem qualquer relutância.
Ele te conduzirá
com segurança pelo vale da morte e pela noite escura das paixões, apontando-te o
amanhecer luminífero por onde seguirás no rumo da felicidade.