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segunda-feira, 8 de junho de 2015
OS MORTOS NOS FALAM
Padre
François Brune.
(Edicel, 1a
edição, 1991.)
Introdução
1.
O padre François Brune diz que é escandaloso o silêncio, o desdém e mesmo a
censura exercida pela Ciência e pela
Igreja, a respeito da descoberta mais extraordinária de nosso tempo: a
existência de vida após a vida e a possibilidade de comunicar-nos com os que
chamamos de mortos. (P. 15)
2.
Acompanhando e estudando as pesquisas mais recentes realizadas nesse campo,
Brune diz que suas conclusões ultrapassaram
o que havia previsto: não somente a credibilidade científica das
experiências com os mortos encontra-se confirmada e não pode mais ser posta em
dúvida, como a prodigiosa riqueza dessa literatura do Além reanimou nele o que
séculos de intelectualismo teológico haviam extinguido. (P. 15)
3.
A Igreja, diz ele, nutre a maior desconfiança em relação a esse tipo de
fenômenos e, embora pregando a eternidade, não aceita que se possa vivê-la e
entrar em comunicação com ela. Mas nem sempre foi assim. (P. 16)
4.
“A morte - afirma Brune - é apenas uma
passagem.” Nossa vida continua, sem qualquer interrupção, até o fim dos tempos
e levaremos conosco para o Além nossa personalidade, nossas lembranças, nosso
caráter. (P. 17)
Capítulo
I - Ninguém morre
5.
A primeira descoberta, e talvez a mais fantástica de todas, é a de que, enfim,
temos praticamente a prova de nossa sobrevivência após a morte -- eis a frase
que abre este capítulo. (P. 19)
6.
Para referendar essa assertiva, Brune cita:
I - as famosas E.F.M. (Experiências nas Fronteiras da Morte), que
envolvem pessoas tidas por mortas e retornadas à vida, reconhecidas sobretudo a
partir de 1970. Dr. Moody, em 1975, é o autor do primeiro estudo sobre o
assunto, que fez grande barulho na época;
II - a gravação direta das vozes dos defuntos em fitas magnéticas.
Friedrich Jürgenson, nascido em Odessa, mas radicado em Estocolmo, foi o
pioneiro desse trabalho, iniciado em 12 de junho de 1959 nas proximidades de
Estocolmo, Suécia. (P. 19)
7.
O histórico e os pormenores do trabalho de Jürgenson são relatados pelo padre
Brune. (PP. 19 a 22)
8.
Uma série de novos pesquisadores veio logo juntar-se a Jürgenson, a exemplo de
Hans Bender, diretor do Instituto de Parapsicologia da Universidade de
Friburgo, e de Konstantin Raudive, que descobriu graças ao chamado acaso a possibilidade de comunicar-se
com os mortos. (PP. 21 e 22)
9.
Um desses colaboradores foi o engenheiro Franz Seidl, da Viena, inventor de
numerosos aparelhos, que construiu para Raudive o psicofone e o positron,
com o objetivo de facilitar a gravação das vozes espirituais. (PP. 22 e 23)
10.
Na Suíça destacou-se o trabalho do padre Léo Schmid, autor de várias obras para
a juventude, que gravou todos os dias, até a sua morte, em 1976, mensagens
espirituais, havendo recebido, em pouco mais de cem sessões, cerca de 12.500
vozes. (P. 23)
11.
Nos Estados Unidos, o engenheiro George
Meek, membro da Academia de Ciências de Nova York, após aposentar-se aos
sessenta anos de idade, passou a dedicar-se inteiramente a esse gênero de experiências,
objetivando encontrar um meio de comunicação regular, confiável, com os
Espíritos, sem necessidade de médiuns. (PP. 24 e 25)
12.
A novidade com as gravações de vozes em fita magnética prende-se ao fato de que
todos podem ouvi-las sem precisar de dons particulares. Padre Brune e muitos
outros entendem que, ainda que os dons mediúnicos pareçam facilitar a gravação,
eles não são realmente necessários. “Bons aparelhos e muita paciência podem ser
suficientes”, afirma Brune. (N.R.:
Outros, como Divaldo P. Franco, discordam: é preciso que haja médiuns nesse
tipo de experiência.) (P. 26)
13.
Brune afirma que a gravação de vozes do Além comporta detalhes técnicos
impressionantes. Por exemplo, se a fita girasse por ocasião da gravação à
velocidade de 9,5 poder-se-ia, na hora da audição, perceber nos mesmos lugares
3 e até 4 vozes de defuntos diferentes: uma na velocidade de 9,5, outra na
velocidade acelerada de 19, outra na velocidade de 4,75 e, às vezes, uma quarta
voz, normal, girando-se a fita de trás para frente. (PP. 27 e 28)
14.
A hostilidade das pessoas da Igreja para com tais pesquisas é fato que não se
compreende, sobretudo porque em 1970 o Vaticano criou uma cátedra de
parapsicologia e a equipe que fez naquele ano -- durante o 3o
Congresso Internacional da Imago Mundi -- uma exposição sobre as vozes do Além,
foi oficialmente encorajada pelo Vaticano a prosseguir em suas pesquisas. (P.
28)
15.
Brune lembra que o sistema de fitas magnéticas funciona bem, mas não é fácil e
é, sobretudo, muito irregular. Às vezes a voz
é bastante límpida, bem timbrada e a pronúncia clara. Freqüentemente,
porém, não passa de débeis murmúrios. As técnicas têm sido, contudo, pouco a
pouco, melhoradas, e a senhora Schäfer chega a indicar dezenove métodos diferentes
para captar as vozes dos Espíritos, sendo conveniente, às vezes, provocar
certos barulhos no local onde se faz a gravação, barulhos esses que
desaparecem, total ou parcialmente, no momento da reprodução. (P. 29)
16.
Além das deficiências de gravação, padre Brune aponta uma outra razão para
explicar a indiferença geral pelo assunto: o conteúdo das mensagens, que é
muitas vezes decepcionante. (P. 29)
17.
Em 1984, a Rádio Luxemburgo convidou o professor Hans Otto König a fazer, em
público e ao vivo, uma demonstração do seu famoso aparelho “generator”, que trazia grande novidade para a época: as vozes recebidas por ele eram muito mais
claras na gravação e podiam ser ouvidas diretamente, através de alto-falante, enquanto
eram gravadas. (P. 31)
18.
Estava estabelecido um sistema que permitia verdadeiro diálogo com o Além, sem
precisar retornar a fita. Cada um pôde então fazer perguntas e as respostas
vinham, após curta espera, muito claras, como se a voz ressoasse diretamente na
sala. O sonho de George Meek (que, por sinal, estava presente à demonstração)
enfim se realizava. O sucesso foi considerável, sendo a audiência calculada em
dois milhões de ouvintes. (PP. 31 e 32)
19.
Um único senão havia na experiência de Luxemburgo: as respostas eram muito
curtas e não permitiam uma longa explicação, mas, desde então, as pesquisas têm
progredido muito, como Brune pôde constatar com seus amigos H.-F., na mesma
cidade da experiência ora relatada. (P. 32)
20.
A essa altura já havia desencarnado Konstantin Raudive, que, embora no Além,
não abandonou seu trabalho e persiste, com paciência, a sua obra, acreditando
que a comunicação com os mortos terminará por modificar os corações das
criaturas humanas e, por conseguinte, o mundo inteiro. (P. 32)
21.
Em 1987, evocado pelos amigos de Luxemburgo, Raudive falou através dos
aparelhos, valendo-se do francês, em homenagem ao padre Brune, ali
presente: “... um substrato imaterial,
qualquer que seja o nome que lhe dê, princípio,
alma, espírito, uma parcela da eternidade escapa da destruição... A
infelicidade é que, hoje em dia, as pessoas têm medo da morte. Ora, a morte não
é para ser temida, mas sim a enfermidade e o que precede a morte... A morte,
caros amigos, resulta em uma eternidade radiosa, uma liberação que põe termo às
vossas tragédias. A morte é uma outra vida”.
(P. 33)
22.
Brune diz que em Luxemburgo uma outra surpresa lhe estava reservada, pertinente
a fotografias de defuntos. Nos Estados Unidos, quando de uma sessão de gravação
de vozes, fotos foram tiradas aleatoriamente, sem que houvesse na sala qualquer
pessoa. Feita a revelação, seis fotos continham imagens de defuntos. (P. 35)
23.
O que Jürgenson fez pela gravação de vozes, Klaus Schreiber conseguiu fazer
pelas imagens, em Aix-la Chapelle, no início dos anos 80. Em Milão, em junho de
1986, perante 2.200 participantes, Hans Otto König apresentou uma série de
diapositivos a partir dos trabalhos de Klaus Schreiber. Havia ali reproduções fotográficas
de pessoas da família de Schreiber e de artistas conhecidos como Romy
Schneider, Curd Jürgens, além de fotos de duas crianças cujas mães estavam
presentes no recinto. (P. 35)
24.
Eram as primeiras imagens do Além, que, conforme o método adotado por Ernest
Senkowski, aparecem em uma tela de televisão e podem ser gravadas em vídeo por
uma câmera. Brune descreve as imagens que ele viu, projetadas através desse
método, e acrescenta diversos detalhes relacionados com essas experiências.
(PP. 36 a 38)
25.
Com a ajuda de uma dezena de cientistas de alto nível, vindos de várias partes
do mundo, o padre Ernetti, titular de música arcaica na Universidade de Veneza,
vem buscando captar, com um aparelho chamado de cronovisor, imagens e vozes de defuntos, quando se encontravam
encarnados na Terra. Assim é que, pela metade dos anos 70, ter-se-ia captado o
som, bem como as imagens de uma tragédia antiga, encenada em Roma em 169 a.C. O
cronovisor recuperou o texto e seu
acompanhamento musical. (PP. 38 e 39)
26.
Padre Brune diz que em uma outra vez o aparelho transmitiu uma cena de mercado
em Roma, mas o mesmo pode se dar com relação a episódios mais recentes. Certo
dia, o padre Ernetti recebeu em seu aparelho os planos que acabavam de ser
elaborados para um assalto. Ele preveniu a polícia e conseguiu obstruir a
operação. (P. 39)
27. Pierre Monnier, um jovem oficial
francês morto em 1915, revelava do Além, em 1919, um fenômeno que poderia
explicar, ao menos parcialmente, o funcionamento do cronovisor. Indo,
posteriormente, aos lugares onde o filho tombara, sua mãe teve a estranha
impressão de ver e ouvir alguma coisa do horrível combate. Pierre explicou-lhe
que não era impressão, nem ilusão, nem imaginação, mas um fenômeno real, muito
generalizado, que poucos percebiam: “Permanece sempre uma imagem indelével dos
quadros do passado”, disse Pierre à sua mãe. (PP. 39 e 40)
28.
Ora, se o Universo está assim repleto de ondas do passado, que, em certas
circunstâncias, podem encontrar-se e ser reativadas, é plenamente possível
captá-las, como padre Ernetti parece fazer. (PP. 41 a 45)
29.
Além das vozes gravadas e das imagens de Espíritos e da paisagem espiritual, um
outro tipo de fenômeno foi detectado nos últimos anos: as chamadas telefônicas
a partir do Além, que Theo Locher, presidente da Associação Suíça de
Parapsicologia, analisa em dois números do
Parastimme, o boletim da Associação Alemã de Transcomunicação, de abril e
agosto de 1986. (PP. 46 a 48)
Capítulo II - A morte é um segundo nascimento
30.
A morte, portanto, não é a morte. Ela não é senão uma passagem para uma nova
forma de vida, como um novo nascimento. E podemos dizer: é maravilhoso morrer!
(P. 49)
31.
A existência do corpo espiritual está demonstrada por inúmeros testemunhos e o
padre Brune apresenta várias citações a respeito. (PP. 51 a 54)
32.
A grande passagem pode produzir-se sem que se perceba, como ocorre, com
freqüência, em casos de acidente. O corpo espiritual é, nesses casos, projetado
para fora de seu invólucro carnal, diz padre Brune, afirmando que existem
numerosas narrativas de pessoas que se viram a alguns metros de distância de
seus carros. (P. 55)
33.
De passagem, Brune cita alguns fatos relacionados com o transe da morte. (PP.
56 a 59)
34.
Um dos fatos de manifestação dos Espíritos mais duradoura é relatado pelo padre
Brune. Trata-se de Pierre Monnier, já citado linhas atrás, morto no front de Argonne em 8 de janeiro de
1915. De formação protestante, sua mãe nada tinha de fanática e foi através
dela, a partir de 1918, que Pierre comunicou-se com o mundo físico por quase
dezenove anos, até 1937. De início, suas mensagens eram diárias; depois, um pouco mais espaçadas,
formando no total sete grossos volumes, com cerca de 450
páginas cada um, grafadas pela mãe pelo método da escrita automática ou
psicográfica. (PP. 59 a 62)
35.
Belline, médium bem conhecido, contou num belo livro que, após a morte de seu
filho único, Michel, conseguiu comunicar-se com ele pelo pensamento. Michel, a
exemplo de outros Espíritos, disse ao pai que sua morte deveria acontecer de
qualquer maneira, porque a hora de seu retorno estava traçada. (PP. 63 e 64)
36.
Elisabeth Kübler-Ross, a grande iniciadora de todas as pesquisas modernas sobre
a morte, interessou-se particularmente pelas crianças em estágio terminal e
descobriu que as crianças sabem, quase sempre, por antecipação, que vão morrer,
qualquer que seja a causa da morte. (P.
64)
37.
Padre Brune transcreve a propósito um dos exemplos fornecidos pela dra. Kübler-Ross. (PP. 64 a 66)
Capítulo III - Nosso novo corpo na outra
vida
38.
Todos os cemitérios estão vazios, ou seja, os túmulos não contêm mais do que
velhas vestimentas em processo de decomposição. Sob aquelas lajes não jaz
ninguém, não descansa ninguém. (P. 69)
39.
Requiescat in pace (Descanse em paz),
diz sempre o padre quando do sepultamento de alguém. A paz em questão não é,
porém, um repouso. A vida continua sem prazos. Daí as preces pelos mortos. Daí
as preces aos santos para que nos assistam agora. A teoria do desaparecimento
completo do ser após a morte e de uma reconstituição ou recriação por Deus, no
fim dos tempos, é apenas uma invenção muito recente de certos meios protestantes.
(P. 69)
40.
A alma era concebida como absolutamente imaterial, segundo a filosofia grega. A
teologia ensinava a possibilidade de esta alma imortal não somente continuar a
existir, mas purificar-se ou fruir a contemplação de Deus, considerada como a
recompensa eterna dos justos, sem o seu corpo. (P. 70)
41.
O indivíduo ressuscitaria, mesmo assim, no último dia, no fim do mundo. O
problema era, pois, o seguinte: se as almas já estavam plenamente felizes sem o
corpo, para que ressuscitar? (P. 70)
42.
A verdade, porém, é que o corpo ressuscitado, o corpo de glória, é o corpo
espiritual. Nossas velhas roupas poderão decompor-se tranqüilamente, em paz,
nos cemitérios, porque não desceremos jamais com elas ao túmulo. (P. 71)
43.
Quando se fala de “corpo espiritual”, segundo a expressão de São Paulo, e se
explica que esse corpo tem uma consistência correspondente àquela do mundo onde
irá viver, muitos entram totalmente em pânico. (P. 71)
44.
O corpo espiritual assemelha-se ao carnal: no meio espiritual, as crianças
continuam a crescer até chegarem à idade adulta e os anciãos rejuvenescem. A
maioria dos mensageiros do Além dá-nos como referencial, na vida espiritual, a
idade média de trinta anos. (P. 72)
45.
Padre Brune disserta então sobre as percepções do corpo espiritual e cita
comunicações em que os mortos a si mesmos se referem como tendo uma aparência
humana. (PP. 72 a 79)
46.
Cabe a nós, diz Brune, já nesta vida terrestre, através de nossa vida
espiritual, fazer com que esse corpo glorioso, esta cópia, evolua em direção a
um esplendor maior. Roland de Jouvenel, um dos grandes místicos do Além, já o
repetia sem cessar à sua mãe. (P. 79)
47.
Roland falou à sua mãe a respeito do corpo espiritual, que ele chamava de cópia
de nós mesmos, afirmando que esse corpo irradia permanentemente em torno de si.
É o que chamamos de “aura”, afirmou-lhe o rapaz. (PP. 80 e 81)
48.
Comentando o assunto, padre Brune diz que a tradição cristã reporta-se à luz
branca, com reflexos ligeiramente dourados, que seria irradiada por entidades
de grande evolução espiritual. Essa luz, diz ele, é mencionada em quase todas
as narrativas da vida dos santos e é também referida no Antigo e no Novo
Testamento. Neste, sua mais alta manifestação continua sendo a que aparece na
descrição da transfiguração do Cristo no Monte Tabor. (PP. 81 e 82)
49.
Brune lembra a propósito desse fenômeno que os apóstolos, além de verem Jesus
transfigurado, viram Moisés e Elias, revestidos de seu corpo de glória, em
longa conversa com o Cristo. (P. 82)
50.
Quando Santa Teresa de Ávila, ou Santa Bernadete, em Londres, vêem essa mesma
luz, notando que ela é mais fulgurante do que o Sol, e todavia não fere os
olhos, parece que se dá o mesmo fenômeno, percebido pelos olhos da cópia, do
corpo espiritual, através de seus corpos de carne. (P. 82)
51.
Padre Brune explica com os poderes do corpo espiritual o fenômeno da levitação
e, citando vários fatos, defende a tese de que o corpo espiritual progride com
o tempo, como afirmam Roland de Jouvenel
e Pierre Monnier. (PP. 83 a 89)
52.
Rosemary Brown, a conhecida médium inglesa, é focalizada também pelo autor, que
mostra como se deu o primeiro contato dela com Franz Liszt. Rosemary tinha na
época apenas sete anos de idade. (P. 89)
53.
Liszt conversava freqüentemente com a médium a respeito da vida no Além e lhe
disse coisas importantes sobre a reencarnação e a evolução dos Espíritos. Ele
informou também que em seu mundo havia diferentes esferas ou níveis de
consciência. No último estágio, a alma não se interessa pela aparência, mas
pelo ser. (P. 90)
54.
Como Liszt lhe explicou que, nesses estágios mais avançados, as almas não
precisam ter uma forma externa, Rosemary indagou como eles poderiam ser, assim,
reconhecidos. “Há uma espécie de percepção da alma”, informou o compositor
desencarnado. “Quando uma alma está perto de outra, reconhece-a ao perceber sua
presença e pode identificar a atmosfera de uma pessoa.” (P. 90)
55.
Após ler esses textos, diz Brune, compreende-se melhor a manifestação de Santa
Teresa de Lisieux a Theresa Neumann, que só viu uma luz, ouviu uma voz e sentiu
alguma coisa que a pegava pela mão. Brune imagina que fenômeno semelhante foi o
que ficou conhecido como a “estrela de Belém” que guiou os reis magos até à
manjedoura. Graças às descobertas arqueológicas realizadas no Oriente, sabe-se
hoje que os primeiros cristãos jamais representavam os anjos como homens
alados, mas os associavam às estrelas. (P. 91)
56.
Numerosos textos antigos, em grego, siríaco e armênio, dizem que a estrela de
Belém que guiou os magos era, na realidade, um “anjo”, ou seja, um mensageiro
de Deus, um mensageiro do Além. (P. 91)
57.
Essa bola de luz é encontrada na vida de Santa Ana-Maria Taigi, morta em 1837.
Durante 47 anos, dia e noite, Taigi via uma bola de luz que lhe mostrava todos
os acontecimentos do mundo, até os que ocorriam nos países mais longínquos e
nos lugares mais secretos. (P. 91)
Capítulo
IV - Nas fronteiras da morte
58.
No momento da morte, veremos surgir à nossa frente, vindos do outro mundo,
alguns seres que nos são caros e que fizeram sua passagem antes de nós. Os
testemunhos são incontáveis, sobretudo depois que as famosas E.F.M. (Experiências
nas Fronteiras da Morte) se multiplicaram. (PP. 95 a 97)
59.
Citando experiências da dra. Elisabeth Kübler-Ross e uma conhecida obra de
Ernesto Bozzano, Padre Brune afirma que essas visões de falecidos no momento da
morte acontecem em todos os países, qualquer que seja a raça, a cultura ou a
religião do moribundo. Pesquisa levada a efeito nos Estados Unidos e na Índia
constatou que esse fenômeno parece realmente ser universal. (P. 98)
60.
O autor relata também alguns fatos em que a pessoa declara ter visto uma luz,
ou um ser revestido de intensa luminosidade, seguindo-se o desdobramento de uma
espécie de filme de sua vida, fenômeno bastante comum que se produz às vezes
até sem que o indivíduo tenha deixado o corpo, sob o efeito de um choque violento.
(PP. 99 a 103)
61.
A visão da vida dos outros é fato conhecido há muito tempo. O cura d’ Ars, por
exemplo, conseguia ver a vida de seus penitentes, em seus mínimos detalhes e de
modo praticamente instantâneo. Nas pesquisas em torno da E.F.M. o fenômeno
aparece constantemente, com pequenas variações entre um caso e outro. Brune relata
a propósito vários casos. (PP. 104 a 111)
62.
Existe uma espécie de transição, de zona intermediária, entre a morte e a
desencarnação. Raymond Moody fala-nos em sua primeira obra a respeito de um
túnel, que ele situa no momento da desincorporação. Entretanto, em seu segundo
livro, relata ele vários casos em que o túnel
se encontra claramente depois da desincorporação. O corpo espiritual
flutua no espaço, acima do corpo carnal, e é então que o moribundo se sente
aspirado para dentro desse túnel. (P. 112)
63.
Estudos posteriores, sobretudo os de Sabon e Ring, parecem confirmar essa
informação. O túnel corresponderia, então, não à saída do corpo, mas à passagem
deste plano para outro plano. Quando o doente apenas sai do corpo, permanece no
mesmo plano que nós: flutua junto ao teto do quarto, vê a todos, pode
atravessar paredes, portas, tetos, mas só pode enxergar o nosso mundo. O túnel
marcaria o seu acesso ao outro mundo. (P. 112)
64.
As palavras que o descrevem são quase sempre as mesmas: longo corredor sombrio;
algo semelhante a um tubo de esgoto; um vazio na completa escuridão; cilindro
sem ar; profundo e obscuro vale; espécie de tubo condutor estreito e muito
sombrio; túnel formado por círculos concêntricos. É geralmente no fim desse
túnel que se encontra o ser de luz e, com freqüência, um jardim maravilhoso, e
muitas vezes os seres que amamos. Mas, quanto a isto, não há regra geral,
porque muitos moribundos viram chegar até eles seus queridos mortos sem haverem
passado pelo túnel. (PP. 112 e 113)
65.
Brune cita diversos fatos relacionados com o assunto. (PP. 113 a 115)
66.
Seria esse túnel uma passagem obrigatória entre os dois mundos? A qual espaço
corresponderia? O padre Brune lembra, ao colocar essas questões, que alguns
moribundos disseram ter tido a impressão de passar por ele em grande velocidade
e, muitas vezes, em movimento ascendente. Não se deve, porém, tomar essas descrições
ao pé da letra, porque quando alguém diz “entrar” nesse túnel, espaço e tempo
são diferentes. (P. 115)
67.
Padre Brune, respondendo à indagação formulada, diz que existe pelo menos uma
outra forma de acesso aos mundos superiores, ou de travessia desse túnel:
através do sono. É o que têm dito muitos Espíritos. (PP. 115 a 118)
68.
Há, contudo, uma outra espécie de sono: aquele que se costuma chamar,
comumente, de o sono da morte. Dizem
então: “dormir o último sono”. Mas os mortos nem sempre dormem. A experiência
do sono não é absolutamente universal. Entretanto, parece ser habitual. É o que
nos informam os Espíritos já desencarnados. (PP. 118 e 119)
69.
Brune relata a propósito alguns fatos em que os Espíritos se reportam à
experiência do sono reparador, definido por Pierre Monnier como uma espécie de
gestação “que precede o novo nascimento da alma”. (PP. 119 e 120)
70.
Mesmo após a nossa morte teremos muito a progredir, porque a evolução
espiritual continua no Além. A grande lei que resulta de todos os testemunhos
vindos do Além é a do respeito absoluto à nossa liberdade. Nossa evolução e sua
rapidez de realização, etapa por etapa, de mundo para mundo, dependerão da boa
vontade de cada um. (PP. 122 e 123)
71.
Brune cita passagens de Albert Pauchard e Marie-Louise Morton em que ambos
falam do mecanismo interno dessa evolução. Só trocamos de plano, de nível ou de
esfera -- dizem eles -- quando começamos a ficar cansados do plano em que nos
encontramos. Então, nosso corpo passa para um novo estado, em harmonia com o
novo mundo que alcançamos. (PP. 123 e 124)
72.
“Ajudar alguém é desenvolver a si mesmo.”
Essa frase, captada pela Sra. Morton, mostra que podemos ajudar na
evolução dos outros, mas não podemos forçá-los. Pode-se ajudá-los, e esse é o
papel do Cristo e dos santos, mas o processo envolve a nossa liberdade. (P.
124)
73.
Dizendo isto, padre Brune diz que nós, seres humanos, sempre temos a tentação
de acreditar em varinhas de condão. Os teólogos cristãos sempre foram tentados
a interpretar desta forma os sacramentos. É o que chamavam de “objetividade”
dos sacramentos, em oposição às disposições interiores do sujeito, ditas
“subjetivas”. “Sempre combati esta concepção dos sacramentos”, assevera Brune.
“E tudo que descobri, ao ler estes testemunhos, não me levou -- de forma alguma
-- a rever os princípios de minha teologia.” (PP. 124 e 125)
74.
Isto explica o valor e o papel do chamamento à perfeição, existente além das
exigências da boa moral comum. Se ficarmos apegados apenas aos interesses
materiais, continuaremos longe dessa perfeição, como, aliás, dizia Santa Catarina
de Siena: “Deus faz-nos falta, precisamos d’Ele, somos privados d’Ele, na
medida em que ficamos presos a nós mesmos”. (P. 125)
75.
Padre Brune comenta: Não há mal nenhum em assistir a um bom jogo de futebol ou
em ir a um concerto. Mas, enquanto preferirmos assistir ao jogo ou ir ao
concerto a mergulhar na contemplação de Deus, não poderemos sonhar em ser
aspirados em Deus. Ou, em outras palavras: enquanto você preferir fazer uma boa
refeição, deixando seu próximo na miséria, não estará totalmente amadurecido
para dividir plenamente a vida de Deus. (P. 125)
76.
Roland de Jouvenel retrata bem essa verdade em suas mensagens, mostrando que no
Além cada um atingirá o nível correspondente ao grau de espiritualidade que
tiver pessoalmente alcançado. Veremos então que as diferenças existentes entre
os indivíduos podem ser enormes. Enquanto alguns dispararão “como balas de canhão”,
retomando a expressão do Cura d’ Ars, a quem foi perguntado como se deveria
chegar a Deus, outros arrastar-se-ão como caracóis. (PP. 125 e 126)
Capítulo
V - Os primeiros passos no Além
77.
Ao iniciar este capítulo, padre Brune adverte que no material fornecido
exclusivamente pelos mortos, transmitido por via mediúnica, não encontraremos
mais a formidável unanimidade que até este ponto se observara nos depoimentos
até aqui transcritos. É que a diversidade evolutiva existente no meio
espiritual é enorme. (P. 127)
78.
Georges Morranier, por exemplo, que se matou aos 29 anos de idade, após uma
crise depressiva, revela encontrar-se atualmente na quinta esfera, de um total
de sete que circundam a Terra, excluindo a Crosta. Para um ex-suicida, a
revelação de Georges é, no mínimo, estranha. (P. 128)
79.
Como essa, Brune transcreve uma série de comunicações. (N.R.: A falta de critério realmente científico na organização dessas
mensagens, em que há de tudo, desde a que atesta a divindade do Cristo até a
que é atribuída a um extraterrestre, tira a esse capítulo o rigor que seria de
esperar do autor deste livro.) (PP. 128 a 134)
80.
Brune menciona o trabalho de Frederico Myers, morto em 1901, um dos fundadores
da Sociedade de Pesquisa Psíquica de Londres e autor da obra intitulada: A
personalidade do homem e sua sobrevivência após a morte do corpo,
esclarecendo que após sua morte Myers iniciou uma obra ainda mais importante.
(P. 134)
81.
Com outros companheiros da Sociedade londrina, também falecidos, ele passou a
transmitir a diversos médiuns mensagens fragmentadas, ou seja, trechos de
mensagens sem nenhum sentido, quando tomados isoladamente, cujo encadeamento só
surgia após agrupados segundo um código preciso. (PP. 134 e 135)
82.
O objetivo de Myers era, evidentemente, provar aos homens de boa vontade que
todos nós sobrevivemos após nossa morte. Não aparecia, contudo, nas referidas
mensagens nenhuma descrição do Além, o que se deu apenas vinte anos depois de
se encontrar no Além. (P. 135)
83.
Myers começou então, geralmente por
intermédio de uma jovem irlandesa de Cork, Geraldine Cummins, a descrever
os novos mundos. A moça procedia de forma bastante estranha: sentada à mesa,
cobria os olhos com a mão esquerda e entrava, logo, em uma espécie de
sonolência. Sua mão direita punha-se, então, a escrever em velocidade inacreditável,
que chegava a produzir até 2.000 palavras em pouco mais de uma hora. (P. 135)
84.
Na descrição dos diferentes níveis do Além, muitos Espíritos têm-se referido a
sete planos ou esferas. (P. 137)
85.
Frederico Myers também distingue sete planos. Para ele, o nível 1 corresponde
ao instante da morte; o nível 2 corresponde a um estado de transição; o nível
3, que ele chama de “região da ilusão”, é o do mundo existente após a morte. (N.R.: Heigorina Cunha em seu livro Cidade no Além, cap. IV,
informa que o campo magnético da Terra se divide em sete esferas. A primeira,
segundo ela, comportaria o Umbral “grosso”, mais materializado. A terceira
seria o Umbral superior, onde se localiza a colônia Nosso Lar.) (P. 138)
86.
Nesses mundos, diz padre Brune, o espaço certamente não é o mesmo. Trata-se,
antes de mais nada, de níveis de consciência. Quanto a isso, há unanimidade,
afirma Brune. Cada um desses níveis corresponderia a um nível espiritual, a
certo grau de evolução interior. Se na Terra vivemos todos um ao lado do outro,
submetidos às mesmas leis da gravidade e às mesmas condições físicas, no meio
espiritual cada um atinge o nível correspondente ao seu grau evolutivo. A cada
nível de evolução da consciência corresponde, pois, um mundo onde a matéria, o
tempo, o espaço e o próprio corpo encontram-se em harmonia com esse nível. (P.
139)
87.
Há mensageiros espirituais que dizem que esses mundos estão entre nós mesmos,
ou em torno do globo terráqueo. Outros afirmam que os diferentes mundos
correspondem aos diferentes planetas do sistema solar. Se não detectamos
qualquer vida neles é porque em cada um desses planetas existem formas de vida
e de civilização que nos são invisíveis, indetectáveis. O padre Brune insiste
em dizer que se trata, na verdade, de um outro espaço. (P. 139)
88. Brune entende que o mundo em que
vivemos é a resultante de nossa consciência e, por isso, insiste a respeito da
harmonia existente entre o que somos, o nível espiritual que atingimos e o
mundo que nos cerca, começando por nosso próprio corpo. (P. 140)
89.
Diversas comunicações, referidas pelo padre Brune, inclusive a do célebre
William Stead, morto no naufrágio do Titanic,
em 1912, confirmam essa idéia, que é aplicável também às moradas espirituais.
(PP. 140 a 147)
90.
Tratando do tema viagem astral, padre Brune afirma que, freqüentemente, tais
viagens assemelham-se mais a uma bilocação que a uma verdadeira viagem. E cita
as experiências feitas por Robert Monroe, grande viajante do astral, fundador e
diretor do Instituto Monroe, especializado no estudo dos efeitos das ondas
sonoras sobre o comportamento humano. (P. 148)
91.
Uma das características das narrativas de Robert Monroe é sua preocupação em
observar rigorosa e objetivamente cada detalhe, para depois confrontá-lo com as
pessoas com quem havia se encontrado. O padre Brune relata alguns episódios da
experiência de Monroe. (PP. 149 a 153)
92.
Na seqüência, padre Brune disserta sobre os primeiros níveis do Além e menciona
novamente William Stead, que, após o naufrágio do Titanic, diz ter sido levado,
com seus companheiros, em uma espécie de gigantesco elevador, rumo a um país
maravilhoso ao qual chamou “ilha azul”, e que não é, no fundo, nada mais que um
tipo de estação orbital de recepção para os recém-chegados. (P. 154)
93.
Harold Sherman diz, em seu último livro, que A.J. Plimpton obteve mensagens de
sua falecida esposa, que lhe referiu que a Terra era efetivamente circundada
por uma série de estações orbitais de recepção para os falecidos das diferentes
partes do planeta. Elas eram, contudo, apenas locais de trânsito -- afirmou a
mulher. (P. 154)
94.
O meio espiritual é, como sabemos, modelado pela força criadora do pensamento,
mas tais criações mentais não são assim tão ilusórias. Os mortos, diz padre
Brune, podem realmente comer ou beber os alimentos que mencionam. Os palácios
que criam são efetivamente habitados por eles. Tais realidades correspondem simplesmente
ao corpo que possuem naquele momento. (P. 158)
95.
A respeito desse assunto, Pierre Monnier explicou à sua mãe: “Falei-lhe muito pouco das condições de vida
no Céu: elas são infinitas e difíceis de serem contadas, pois variam para cada
espírito. As ocupações (tanto as de distração quanto as de estudo), as coisas
que nos cercam, tudo tendo-se tornado espiritual, desloca-se ou transforma-se
sob o efeito de nosso pensamento... Pensa-se em um palácio: ele se constrói; em
um templo: e nele pode-se rezar; em um oceano: e nele é possível navegar. Isto
faz com que, quando se pergunta aos amigos a respeito dos planos que sucedem ao
da terra, as respostas, às vezes, sejam muito diferentes...” (PP. 160 e 161)
96.
Albert Pauchard confirma essas informações, acrescentando que, nas regiões
astrais mais próximas da terra, a vida continua amplamente como antes --
comparativamente --, com escolas, igrejas, cidades inteiras, até mesmo
hospitais e edifícios públicos; mas, à medida que se progride, tais coisas
desaparecem. (P. 163)
97.
William Stead, já referido aqui, conta que, para comunicar-se telepaticamente
com a Terra, há um prédio especial com pequenas cabines e monitores muito
amáveis que ensinam como proceder para estabelecer o contato. Numa das imagens
do Além vistas pelo padre Brune em Luxemburgo havia uma paisagem urbana, com um
grande edifício, mais alto que os demais. Os Espíritos disseram que era daquele
prédio que se enviavam ditas imagens em direção à Terra. (P. 163)
98.
Padre Brune transcreve trechos de diversas mensagens que se reportam a esse
assunto. (PP. 164 a 168)
Capítulo
VI - No coração do bem e do mal
99.
Padre Brune abre este capítulo asseverando que nosso pensamento constrói o
nosso destino, mesmo que não o queiramos, ou seja, à nossa revelia. Deus não
tem, pois, nada a ver com as provações que nos atingem, porque somos nós mesmos
que a criamos. É o que Roland de Jouvenel afirma ao advertir que uma parte da humanidade,
perdendo o gosto de viver, cria sem saber, na estrutura cósmica, o embrião que
pode precipitar o seu destino. (PP. 169 e 170)
100.
A força do pensamento é tal que há casos de pessoas que, julgando-se
perseguidas pelo diabo, viam efetivamente seres horríveis como o diabo, a persegui-las
e arranhá-las. Mas isso só existia na imaginação delas. Ora, o que se produz na
vida terrena, produz-se também, constantemente, no além-túmulo. (P. 172)
101.
Falando dos sonhos, Brune entende que a maior parte deles corresponde a um
mecanismo complexo. São todos os nossos problemas, todas as nossas preocupações
que entram em cena, freqüentemente com indicações quanto a uma possível
solução. Mas surgem aí também nossas aspirações profundas, nossas alegrias. “Cada
noite, em média, oferecemos a nós mesmos uma hora e meia de cinema”, afirma o
padre Brune. (P. 174)
102.
O padre lembra, porém, que Hélène Renard vê com interesse e simpatia a hipótese
formulada pelo biólogo Lyall Watson, segundo a qual os sonhos seriam obra de
uma espécie de segundo corpo, ou seja, o corpo que sobrevive à nossa morte
física: o perispírito ou corpo espiritual. (P. 176)
103.
As diferenças havidas na interpretação dos sonhos dão-se também na questão das
visões. E, para embasar seus argumentos, Brune menciona o caso Tereza Neumann,
falecida em 1962, a qual teria visto e vivido a Paixão de Cristo aproximadamente
setecentas vezes! E alude também às experiências de Swedenborg, que dizia ter
visto o próprio Cristo, que o teria encarregado de uma tarefa: enxergar o mundo
espiritual e desvendar os seus mistérios. Swedenborg viveu antes de Kardec, no
período de 1688 a 1772. (PP. 179 a 182)
104.
Com o pensamento, como já foi dito, podemos criar no Além tudo aquilo que
queremos e até mesmo sem querer. Os pensamentos seriam, desse modo, energias
vivas, como Pierre Monnier afirmou à sua mãe: “Eu disse a você que seus
pensamentos prolongam-se em ondas vibrantes e animadas; ora, esses eflúvios têm
uma composição análoga à da matéria, esta também vibrante e animada. Eles agem
e comportam-se do mesmo modo, contêm vida imanente. Disto resulta que os
pensamentos vivem e produzem vida”. E acrescentou: “O mesmo ocorre, eu já
disse, com o olhar... com o raio emitido pelos seus olhos... este raio é vivo,
fisiologicamente vivo, se assim posso dizer”. (P. 183)
105.
Desmitificando a figura de Satanás, Pierre Monnier asseverou: “Satã não pode
ser uma pessoa, mas sim uma acumulação de energia do mal dotada de consciência.
É um centro de desagregação, de destruição, um ventre inteligente”. Mais
adiante, após afirmar que os homens o criam, que ele não tem vida concreta,
Pierre acrescenta: “Somente Deus vive. Satã tem vida efêmera que os homens
podem aniquilar em um instante, desde que queiram pensar no pensamento de Deus.
O mal não durará para sempre, enquanto Deus existirá eternamente...” (PP. 184 e
185)
106.
Padre Brune defende, estranhamente, a idéia de que existem anjos caídos, ou
seja, seres espirituais que nunca encarnaram, nem na Terra, nem em outro
planeta e que, valendo-se de sua liberdade, escolheram a revolta contra Deus,
isto é, a recusa do amor. (N.R.: Essa
tese é repelida formalmente pela Doutrina ensinada pelos Espíritos Superiores.)
(P. 185)
107.
Paqui Lamarque, morta em Arcachon, em 1925, escreveu por intermédio da Sra.
Yvonne Godefroy seis mil páginas de comunicações diversas em que, entre outros
temas, confirma a importância do pensamento em nossa vida. Diz ela: “Todos
os pensamentos, bons ou maus, formam
ondas que vão soltas pelo espaço. Segundo sua natureza, elas se encontram,
unem-se e constituem legiões que se enfrentam umas às outras. Como em todas as
batalhas, o fim do confronto depende do mais forte. Se o elemento mau triunfa
sobre o elemento bom, é o mal que recai sobre a terra. Ao contrário, se é a
força benfazeja, a felicidade e a paz descem sobre os homens”. (PP. 186 e 187)
108.
Examinando a questão do inferno e do paraíso, padre Brune diz que toda uma
grande tradição, na Bíblia e também em teólogos do Oriente, em místicos do
Ocidente e, por fim, em vários teólogos contemporâneos, interpreta o Inferno, o
Purgatório e o Paraíso como sendo, em última análise, o modo como cada um sentiria
Deus, tendo antes recusado ou aceitado amar como Deus, que seria, ao mesmo
tempo, Inferno, Purgatório ou Paraíso para cada um, segundo o nível espiritual
que tivesse atingido. (P. 189)
109.
Numerosos são hoje os físicos que acreditam que uma certa forma de consciência
e mesmo de liberdade está presente já
nos níveis mais ínfimos da matéria, e um bom número de cientistas começa a
conceber que, sob os fenômenos físicos ou psíquicos, encontra-se uma espécie de
campo de forças não diferenciado, de onde surgem -- numa espécie de interação
íntima -- formas e consciências. (P. 189)
110.
O Deus da Bíblia -- afirma padre Brune --, já no Antigo Testamento e depois no
Novo, e em toda a tradição cristã oriental, ou nos místicos do Ocidente, é
essencialmente dinâmico. Ele lança, sem parar, energias que produzem e mantêm
este campo de forças. Nossa consciência, reagindo neste campo de forças,
molda-o segundo suas angústias, seus desejos, seus ódios. Aquele que se fecha
para o amor, fonte de todas as energias, encontra-se nas trevas, entregue a
seus pesadelos. Aquele que se abre para o Amor encontra-se na luz,
transfigurado por estas energias. (PP. 189 e 190)
111.
Jesus afirmou: “O Reino de Deus está dentro de vós”. Os chamamentos à conversão
não são, portanto, uma forma de pregar a moral, mas servem para tornar-nos
atentos às leis da evolução. Os caminhos de purificação que não tiverem sido
percorridos aqui na Terra, serão percorridos na vida futura. É o que afirma Roland
de Jouvenel. (P. 190)
Capítulo
VII - O exílio nos mundos da infelicidade
112.
No Além, ensina padre Brune, existem vários níveis de consciência.
Inicialmente, há o nível daqueles que sequer vêem a luz. Perdendo-a, parecem
perder contato com os outros homens. Quem se afasta de Deus afasta-se de seus irmãos.
(P. 193)
113.
De acordo com a lei natural, segundo a qual cada um cria, por projeção, seu
próprio ambiente, quem não crê em nada, quem só crê no nada, encontra-se no
nada. Entregues a si mesmos, deixados no nível espiritual que lhes é próprio,
encontram-se esses seres na escuridão e na solidão, incapazes até mesmo de
perceberem a presença de mortos que os amaram e que vêm ajudá-los. Brune cita,
a propósito disso, vários exemplos. (PP. 194 a 196)
114.
A influência negativa dos falecidos infelizes foi demonstrada, entre outros,
pelo dr. Carl Wickland, médico psiquiatra americano, morto em 1937, o qual
comprovou a possibilidade de comunicação entre nós e os Espíritos e, ainda, que
os Espíritos infelizes podem apossar-se de nós sem qualquer má intenção e mesmo
sem perceber. (PP. 196 e 197)
115.
Dr. Wickland adquiriu, através de uma longa experiência, a convicção de que a
maioria das doenças mentais são devidas, na realidade, a uma possessão. Como
sua esposa era médium, a operação consistia no seguinte: fazer com que o
Espírito retardatário deixasse o corpo do doente mental e, com a ajuda de
Espíritos evoluídos, se incorporasse no corpo de sua mulher. O diálogo direto
tornava-se então possível entre o dr. Wickland e o Espírito. Várias sessões
eram, às vezes, necessárias. O médico observou logo que os Espíritos que
obsidiam sentem, bem mais que nós, as dores de nosso corpo. Ele montou, então,
um aparelho simples que enviava ao doente mental pequenas descargas elétricas,
totalmente inofensivas e indolores para o encarnado, porém intoleráveis para o
Espírito perturbador que o possuía. (P. 198)
116.
Numa obra ainda inédita, que, segundo padre Brune, não foi publicada devido ao
obscurantismo científico que impera em nosso mundo, o professor W. Schiebeler
conta como utiliza um método bastante semelhante em um grupo de oração formado
por vários médiuns, embora não utilize o aparelho do dr. Wickland. “Mais uma
vez -- diz Brune -- verificamos que eram, pelo menos em parte, as pessoas da
Idade Média, os feiticeiros da África, que tinham razão.” Tanto o dr. Wickland
como o professor Schiebeler ensinam que é insuficiente -- como no ritual
católico dos exorcismos -- expulsar os maus Espíritos, os demônios, porque
esses maus Espíritos vão, em seguida, procurar uma outra vítima na qual
investir. É preciso iluminá-los e convertê-los, devolver-lhes a esperança na
misericórdia, no Amor de Deus; convencê-los de que, mesmo para eles, tudo ainda
é possível. (PP. 198 e 199)
117.
Schiebeler assinala em sua obra dois casos em que esses “maus Espíritos”
voltaram para dizer que haviam, enfim, compreendido e que mudaram de campo,
passando agora a lutar pela libertação dos homens, mortos e vivos, pelos
Espíritos retardatários e por suas infelizes vítimas. (P. 199)
118.
Um fato comprobatório da influência negativa dos Espíritos sobre nós, citado
pelo padre Brune, passou-se com George Ritchie, um soldado americano,
desincorporado após forte ataque de febre, que teria sido levado em uma espécie
de “viagem fantástica” de iniciação por um Ser de luz que, para ele, era o
próprio Jesus. Numa das cidades da América, ele
entrou em um bar sórdido, onde
havia uma multidão de marinheiros bebendo,
coadjuvados por um certo número de
indivíduos incapazes de levar
a bebida aos lábios,
porque suas mãos passavam através
do balcão, através dos braços e corpos dos beberrões encarnados. Tratava-se,
na verdade, de alcoólatras desencarnados. (P. 200)
119.
Padre Brune atribui à incompreensão da Igreja a desertificação espiritual
assustadora que vivemos hoje no mundo. Diz ele que a hierarquia católica romana
conseguiu, entre os séculos XIII e XVII, pôr fim, pouco a pouco, às correntes
místicas da Europa do Norte, da Espanha e da França, culminando neste último
país com a condenação de Fénelon. Isto explica, segundo Brune, a eclosão dos
movimentos carismáticos, porque, quando Deus “não pode passar pela sua Igreja,
Ele a contorna!”. (P. 202)
120.
O papel da Igreja seria o de indicar o perigo dos desvios na busca de Deus,
fornecendo os critérios necessários para que as pessoas sinceras evitassem ser
desviadas. A Igreja tem feito isto com certa regularidade, mas a tentação de arrancar
todas as plantas para extirpar o joio sempre aparece -- e este não é o método
aconselhado pelo Evangelho. É o que acontece, por exemplo, com as comunicações
com o Além e, de modo geral, com o estudo dos fenômenos “paranormais” ou
“parapsicológicos”. (P. 202)
121.
Padre Brune lembra o perigo que existe nas experiências mediúnicas para as
pessoas despreparadas, ou movidas por simples e vã curiosidade, muito
superficiais ou demasiadamente interessadas. Mas, inversamente, diz ele, esses
fenômenos podem ser benéficos, sobretudo para aqueles que não tentam
provocá-los. (P. 202)
122.
Falando do fenômeno da escrita automática, Brune afirma que ela pode assumir
formas espetaculares: pode ser realizada totalmente ao contrário, ou invertendo
apenas uma palavra em cada duas; pode atingir velocidades inacreditáveis e há
médiuns que podem escrever até com as duas mãos, ao mesmo tempo, dois textos
diferentes. O mesmo ocorre na mesa ou tábua ouija, onde a tabuinha ou o copo podem indicar as letras mesmo
depois de largados. (P. 203)
123.
Há casos em que a escrita automática, como é mencionado por Jean Prieur, pode
levar à possessão. Padre Brune relata um caso desses, mas discorda dos que
afirmam que esse fato só se dá na TCM (transcomunicação por meio de médiuns) e
não na TCI (transcomunicação instrumental). (PP. 203 e 204)
124.
São excessivamente negativas em relação a esses fenômenos as obras de vários
especialistas eclesiásticos, como o Abade Schindelholz, que diz que, muitas
vezes, as possessões ocorrem depois de se ter freqüentado sessões espíritas ou
práticas de ocultismo. Brune discorda desses excessos e lembra que, ao
contrário, existem curandeiros, magnetizadores e radiestesistas que são pessoas
de Deus, homens e mulheres de bem. Um deles, o Reverendo Jean Jurion,
radiestesista e ao mesmo tempo padre católico, conta como foi levado com outros
padres radiestesistas, humildes ou renomados, a descobrir sua dupla vocação. E
cita todas as passagens das Escrituras onde o Cristo realiza curas, que era
feita também pelos apóstolos e seus sucessores. (P. 205)
125.
A conclusão de padre Brune é a seguinte:
é recomendável haja prudência e discernimento em tais assuntos, mas
jamais a recusa absoluta, como a manifestada pelo padre Jean Vernette a
respeito das comunicações contidas nas Cartas de Pierre e nas obras de Roland
de Jouvenel e Jean Prieur. A crítica nesses casos, diz padre Brune, não é
totalmente honesta. O padre Jean Vernette fala como se não fossem justas as
censuras feitas por Pierre à Igreja e chega a afirmar que ler tais mensagens e
autores afasta-nos pouco a pouco do Cristianismo. (P. 205)
126.
Jean Prieur, ao contrário disso, indicou numerosos eclesiásticos que não tinham
a mesma opinião. Padre Brune confessa, então, que seria mais através dos textos
de Santo Agostinho ou de São Tomás de Aquino, sem falar de um grande número de
teólogos contemporâneos, que ele teria podido perder a fé. (P. 205)
127.
Numerosos santos reconhecidos pela Igreja realizaram curas, predisseram o
futuro, como Santa Anna-Maria Taigi, morta em 1837, que curava atuando, por
vezes, com a imposição das mãos, e na maioria das vezes indicava a verdadeira
causa do mal e o remédio a ser tomado. Os poderes dessa mulher eram tão grandes
que o clero de Roma, Papa e cardeais à frente, sem contar numerosos santos da
época, não tinha qualquer escrúpulo em consultá-la. (PP. 205 e 206)
128.
É equivocada, diz padre Brune, a idéia de que manifestações “satânicas” na vida
de um curandeiro ou de um vidente estejam a indicar que tais práticas são
contrárias à vontade de Deus. Esses ataques podem ser, ao contrário, o sinal de
que eles agem a favor do Reino de Deus, como assinala o padre René Chénesseau,
padre católico que também praticava o exorcismo: entre as pessoas atacadas
pelas forças do mal, muitos são homens e mulheres de fé, às vezes profundamente
dedicados a Deus, quase místicos. É que a santidade atrai as forças do mal, e
as vocações religiosas são, para elas, uma verdadeira provocação. (P. 206)
129.
Georges Ritchie, na viagem fantástica que teria feito, foi conduzido a várias
casas, onde falecidos seguiam os vivos, de cômodo em cômodo, repetindo sempre a
mesma frase, sem que ninguém os ouvisse: “Sinto muito, Papai”, ou “Sinto muito,
Nancy...” “Eu não sabia o mal que aquilo
iria causar a Mamãe.” Eram suicidas, agrilhoados
a cada conseqüência do ato cometido. (P. 207)
130.
Ritchie descreve suas impressões do meio espiritual, onde viu indivíduos em
lutas descomunais, impelidos pelo ódio puro, e até abusos de natureza sexual
perpetrados naquele meio, onde o sofrimento imperava, fato confirmado por Robert
Monroe e Albert Pauchard. Isso não modifica a idéia, presente nas informações
dadas pelos Espíritos, de que é possível o progresso para todos eles. (PP. 207
a 209)
131.
Neste ponto, assevera padre Brune, abandonamos o ensinamento habitual dos
catecismos católicos romanos: “Ninguém está definitivamente preso pela morte,
contra ou a favor de Deus. Após a morte, tudo ainda é possível”. Abandonamos os
catecismos, mas reencontramos as Escrituras. São Pedro, por exemplo, diz que
Cristo, após sua morte, foi pregar até aos espíritos em prisão, aos que foram
incrédulos outrora. Ora, se o Cristo foi pregar aos mortos que eram incrédulos
no momento de sua morte, sua pregação não teria qualquer sentido se não pudesse
ter eficácia. (P. 210)
132.
Descer aos Infernos é diferente de descer ao Inferno. O termo “Infernos” não
tem qualquer conotação de danação;
trata-se simplesmente de “lugares
inferiores”. Pierre Monnier
confirma a validade da pregação de Jesus nos lugares inferiores, ao dizer à sua
mãe: “Nos ‘Infernos’, ainda há tempo de
se converter e escapar do Inferno (neste caso, no sentido de danação). Até
depois da morte, o Evangelho é pregado aos culpados para arrancá-los do império
do Mal, do Inferno”. Mais adiante, Pierre é ainda mais explícito: “Quando
Pedro, o apóstolo, fala da missão de seu Mestre espiritual na morada dos mortos, não se trata de um mito, como argumentam
alguns teólogos -- argumentação gratuita que confunde a fé. Trata-se da visão
gloriosa da Misericórdia de Deus para com os pecadores. Como Jesus despido da
carne, nós também -- seus missionários celestes -- vamos até nossos irmãos
desolados ou culpados para ensinar-lhes o Evangelho...” (P. 210)
Capítulo
VIII - A reencarnação: última provação da alma infeliz
133.
Que acontece, então, aos falecidos que mais recusaram o Amor? Pierre Monnier
afirma que Deus lhes concede uma segunda oportunidade e permite-lhes voltar à
Terra. É a reencarnação. Muitos outros mensageiros afirmam a mesma coisa e
padre Brune concorda com essa informação. (P. 213)
134.
Segundo Pierre Monnier, a reencarnação ocorre, às vezes, com muito menor
freqüência do que alguns imaginam. Ela é muitas vezes aconselhada como sendo o
meio mais rápido de realização da evolução espiritual, obrigatória para que se
atinja a felicidade para a qual tendemos todos, e que só conheceremos na fusão
com Deus. A reencarnação seria, no entanto, por assim dizer, sempre
facultativa. Isto, na concepção do Espírito de Pierre Monnier. (P. 213)
135.
A reencarnação ocorre, às vezes, em famílias inteiras, ou quase. Pais que
arrastaram seus filhos em sua infelicidade, pedem para reparar a falha dando à
luz, novamente, os mesmos filhos. (PP. 214 e 214)
136.
A posição de François Brune -- favorável à doutrina da reencarnação -- é, no
entanto, bastante curiosa: 1) ele não crê que, em relação às criaturas humanas,
a reencarnação constitua uma regra. Ela seria, antes, uma medida adotada em
caráter excepcional para casos determinados;
2) embora acredite nessa tese, não
está convencido de que já tenhamos obtido provas absolutas da existência do
fenômeno; 3) ele diz que, ao contrário
do que sempre se fala, a doutrina da reencarnação era completamente
desconhecida no Egito antigo, na Suméria, na Assíria, em Babilônia, entre os
Vedas e os hebreus; 4) não considera
argumentos válidos pró-reencarnação os episódios do Evangelho a respeito do
cego de nascença e da vinda de Elias; 5)
admite porém que no tempo do Cristo a doutrina começava a nascer, porquanto,
segundo Flávio Josefo, os Fariseus acreditavam em suplícios eternos, destinados
aos maus, e na reencarnação destinada aos bons, e, mais tarde, na Cabala,
tal doutrina ocuparia um lugar
importante; 6) ele afirma que, ao contrário do que alguns dizem, a Igreja
jamais pregou a reencarnação, embora também nunca a tenha formalmente
condenado. (PP. 214 a 216)
137.
Quanto às vozes do Além, recebidas em fitas magnéticas, elas longe estão de
solucionar o caso, porque, segundo a senhora Schäfer, têm sido recebidos por
esse meio todos os tipos de opinião, desde: “claro, a reencarnação existe,
todos passam por ela”, até: “mas é um absurdo, isto não existe!”, passando por:
“não sei de nada”. (P. 217)
138.
Padre Brune, depois de reconhecer que Albert Pauchard continua, mesmo no Além, cada
vez mais convencido da realidade dessa doutrina, elabora uma série de
considerações de natureza filosófica tendentes a mostrar que a reencarnação não
seria, como alguns pensam, indispensável à compreensão das aparentes injustiças
da existência e da lei do Karma. Aos que afirmam que uma só existência não
basta para nossa evolução, padre Brune responde que os que dizem isto não
compreendem que a vida continua no Além, onde também se pode perfeitamente
progredir. (PP. 218 a 226)
139.
Na seqüência, ele disserta sobre o que significa efetivamente a reencarnação
nas concepções do Ocidente e do Oriente. E afirma não considerar como prova da
reencarnação a chamada memória extracerebral, em que crianças descrevem
lugares, pessoas e fatos relacionados com uma vida anterior. “Tais lembranças
são autênticas, eu admito”, diz padre Brune. “E também referem-se a vidas
anteriores. Mas nada me obriga a crer que se trate da mesma pessoa.” (PP. 227 a
231)
140.
Brune tende a resolver pela influência de Espíritos o que, na verdade, seriam
reminiscências do passado, e procede do mesmo modo com relação aos gênios
precoces, como Mozart e outros. (PP. 231 a 236. Ver também p. 239)
Capítulo
IX - O retorno aos mundos da felicidade
141.
Padre Brune abre este capítulo dizendo que o termo anjo tem sido mencionado por um grande número de mensageiros, para
designar os falecidos mais evoluídos em condições de nos ajudar. Essa palavra
não tem, pois, para eles, qualquer outro sentido; aliás, afirmam não terem
conhecido no Além “anjos”, no sentido comum da palavra. Há mensageiros que
dizem, no entanto, que existem seres espirituais que jamais viveram na Terra,
nem em qualquer outro planeta, ou seja, jamais “encarnaram” no nível em que se
situa nossa matéria, o que não implica dizer que não tenham um corpo. (N.R.: Esta última informação é rejeitada
frontalmente pela Doutrina ensinada pelos Espíritos Superiores, que atestam ser
a “encarnação” absolutamente
indispensável à evolução da alma.) (P. 237)
142.
Falando sobre o meio espiritual, Alain Tessier, morto em acidente de moto, diz
que os não-encarnados são muito mais numerosos do que os encarnados, ou seja,
há mais mortos do que vivos. E eles nos influenciam muito. A influência dos
“bons” equilibra a influência dos “maus”. (P. 238)
143.
Padre Brune lembra que alguns acreditam que só podemos realizar descobertas
científicas na Terra, quando as mesmas foram feitas no Além, o que explicaria o
fato de uma mesma descoberta ser realizada, quase que simultaneamente, por
equipes de pesquisadores completamente independentes. Essa ação se exerceria também
nas obras de arte e na literatura. Assim, as inúmeras representações de um anjo
soprando ao ouvido de um escritor inspirado não são tão ingênuas quanto
geralmente parecem. (PP. 238 e 239)
144.
Brune conclui, então: “Se esta assistência dos invisíveis já nos é garantida em
nossas pesquisas científicas ou em nossas criações artísticas, ela o
é ainda mais, evidentemente, em nossas
obras de caráter mais diretamente caritativo ou espiritual”. O padre
reporta-se, então, às curas e às cirurgias promovidas por médiuns incorporados
pelos Espíritos, relatando o extraordinário caso ocorrido com o jornalista J.
Bernard Hutton, curado e tratado pelo dr. William Lang, morto em 1937, que o
tratou em 1963, após incorporar o ex-bombeiro George Chapman. (PP. 240 a 243)
145.
Na seqüência, padre Brune disserta sobre os “anjos da guarda”, mencionando
mensagens que tratam do assunto, entremeadas com impressões de Robert Monroe em
suas “viagens astrais” e com a própria opinião do padre, sem fundamentação
científica, como a idéia de que o anjo da guarda talvez “seja uma parte de nós
mesmos, não encarnada”. (PP. 243 a 248)
146.
No rumo da alma à luz, Brune diz que os falecidos, além de ajudar-nos, são
também ajudados por outros Espíritos, mais avançados do que eles. Nesse
sentido, lembra a eficácia de qualquer oração pelos mortos, confirmada em mensagem
de Pierre Monnier, embora este tivesse origem protestante. (PP. 248 a 250)
147.
Um dos sinais da evolução do falecido será a transformação de suas relações com
os outros, sobretudo de suas relações de amor. Para os Espíritos que a
perversidade não retém nas zonas assustadoras vislumbradas por Georges Ritchie,
em sua viagem fora do corpo, a sexualidade desaparece, mas não o amor, que será
expresso então de modo bem diferente e mais profundo. Rosemary Brown confirma
essa idéia, dizendo que os seres desencarnados parecem não ter qualquer sentido
de sexualidade, nem qualquer interesse por este assunto. “O amor expressa-se --
diz Rosemary Brown -- de modo bem mais
completo e feliz, sob outras formas, tornando-se algo de grande beleza,
permitindo uma perfeita harmonia entre os seres que se amam.” (P. 251)
148.
No outro mundo, segundo Rosemary Brown, não há casamento tal como o conhecemos
aqui. Robert Monroe afirma que a união sexual, tal como a conhecemos neste
mundo, é uma pálida imitação, degenerada, daquilo que ele pôde conhecer quando
de suas experiências de desdobramento. Falando sobre essa “união”, diz ele: “Os
dois parceiros fundem-se verdadeiramente, não apenas em um nível superficial,
ou em um ou dois lugares específicos do corpo, mas em plano geral, átomo por
átomo, através do conjunto do Corpo Segundo. Uma rápida troca de elétrons entre
os parceiros ocorre neste momento. Você atinge, em um instante, um estado de
êxtase insuportável; e, no instante seguinte, você vive a tranqüilidade, a
plenitude perfeita. Depois, tudo está acabado”. (P. 251)
Capítulo
X - A união com Deus: última experiência da alma bem-aventurada
149.
Entende padre Brune que, desde o instante da passagem para o Além, o essencial
da felicidade sentida pelo falecido não reside nem no esplendor do novo cenário
de vida, nem na liberdade de ir e vir, nem na possibilidade de adquirir maiores
conhecimentos. Não! Tudo isso tem, certamente, importância, mas é apenas um complemento,
porque o essencial dessa felicidade é a experiência de Deus. (P. 253)
150.
A propósito do tema, eis algumas idéias colhidas neste capítulo: a) Deus é como
uma radiação de energias, vivificantes, benfazejas, através das quais Ele nos
regenera continuamente; b) O Deus cristão, que é dinâmico, nada tem a ver com o
Deus de São Tomás de Aquino e Aristóteles, o qual, para não sofrer qualquer
influência, teria (segundo São Tomás e
Aristóteles) decidido tudo a respeito de nossas relações com Ele; c) Deus,
como diz João Evangelista, é amor e luz; d) a prece é um puro arrebatamento de
fé e de amor para com Deus, o Criador;
e) a pessoa pode simplesmente dizer: “Meu Deus, o senhor está aí e eu o
amo”. Se todo o seu ser vibrar ao pronunciar esta frase, terá feito uma bela
prece, ao contrário do que ensina a quase totalidade dos tratados de oração que
encontramos nos seminários, que mantêm os “fiéis” presos a formas inferiores de
prece; f) Deus é puro espírito. (PP. 253
a 261)
151.
Discutindo, na seqüência, a questão da divindade do Cristo, o padre Brune
apresenta depoimentos pró e contra a tese esposada pela Igreja, tese essa que
ele pessoalmente defende. (PP. 260 e 261. Ver também pp. 265 a 275)
152.
Padre Brune cita também alguns relatos, inclusive de “viagens astrais”, que se
referem à vida de Jesus, dos doze aos trinta anos, em que, evidentemente, as
versões apresentam diversas contradições. Brune os menciona, mas não lhes dá
maior importância (PP. 261 a 264)
153.
No que se refere a esse tema, padre Brune diz que a verdade é que nosso mundo
não está em condições de compreender ainda os dezoito anos de silêncio do
Cristo em Nazaré. Desde o instante em que se pensa que ele não é Deus vindo à Terra,
é natural que se procurem professores e gurus, para explicar a superioridade
dos seus ensinamentos. Há, nos meios esotéricos, segundo Brune, um único
consenso em relação ao advento da era de Aquário: o desaparecimento das grandes
religiões tradicionais, que cederão lugar a novos Mestres. Mas o consenso acaba
aí. (PP. 264 e 265)
Conclusão
154.
Ao final da obra, padre Brune diz nutrir
a esperança de que a vida de seus leitores tenha mudado, porque seu desejo é
que o coração de todos nós se abra para a eternidade. E transcreve, então, dois
textos que devem, segundo ele, ser lidos como o relato da mais ardente das
experiências: a do Amor tornado fonte irradiante no fundo de nossos corações.
Eis o último deles, com que se fecha esta obra: “Uma noite, o Padre Lazare levantou-se para ir da cabana dos Santos
Apóstolos até Karies. Padre Modesto estava doente e era preciso ir. Era junho e
fazia muito calor. A noite estava banhada pela lua. Mal havia saído e dado
alguns passos quando avistou, à beira do caminho, um espetáculo único. Alguém
estava ajoelhado, mãos erguidas, no meio da calma infinita da noite e do
silêncio da natureza, e rezava. Era o Padre Isaac”. Brune diz que Padre
Isaac era um dos monges que viveu no monte Atos, no início deste século.
Londrina, 19/4/1998
Astolfo O. de Oliveira Filho
Pe-Brune.doc
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