sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Instituto Cultural Sete Porteiras 




Instituto Cultural Sete Porteiras do Brasil
Av. Tiradentes, 1290 - próximo ao metrô Armênia
central@seteporteiras.org.br
(11) 3313-5253 - (11) 2089-0327

domingo  29/11  13h às 20h
*Investimento: R$ 10,00 (a renda será revertida ao Médico Sem Fronteiras)
 

Nascente Artes

Você já se programou com a sua família para assistir a apresentação do Grupo Nascente Artes neste final de semana no I7?
Domingo, abertura espiritual às 14h30.
13h00: ensaios;
13h30: triagem psicografia/tratamento;
15h00: abertura dos trabalhos ao público;
15h10: abertura do mediúnico;
17h30: finalização da psicofonia;
18h00: leilão das obras do trabalho;
20h00: encerramento;
A arrecadação de entrada (R$ 10.00 dez reais) não é obrigatória e será revertida integralmente para os Médicos Sem Fronteiras.
Haverá um leilão das obras produzidas. Venha conhecer este trabalho intenso e feito com muito amor.
Uma palinha da última apresentação no I7:















ORIXÁ REGENTE 2016.

                              ORIXÁ REGENTE 2016.

UMBANDA: a limpeza do terreiro.

Mensagem de São Vicente de Paula por Rubens Saraceni

Projeto “CRIANÇAS NA UMBANDA”
Pais e Mães de Umbanda, adotem esta ideia!
Mensagem de São Vicente de Paula
Irmãos do Ritual de Umbanda Sagrada, que bênçãos recaiam do alto do Altíssimo sobre suas corôas!
Pudesse eu falar a vocês em viva voz, e estou que meu médium psicógrafo fixou no papel, falando agora eu estaria.
Aceitem o que eu tenha a dizer como um alerta, e recebam como um advertência que tem como o único objetivo despertá-los para uma lacuna imperdoável existente dentro de tão luminosos ritual.
Inquiro-os: irmãos amados, o que vocês, os pensadores encarnados da Umbanda Sagrada têm feito no sentido de doutrinar os filhos de seus filhos de fé? Onde estão as crianças encarnadas da Umbanda? É linda a corrente espiritual da umbanda, mas temos viso muito poucas crianças encarnadas dentro dos templos.
Não lhes ocorreu ainda que não devem deixar que a Lei Maior somente conduza fiéis adeptos ás suas tendas quando estão carentes ou necessitados mas sim criar uma linha doutrinaria voltada para a educação religiosa fundamentada no culto aos Sagrados Orixás, que se encantados são, também encantarão os filhos de seus filhos, que em futuros pais vocês poderão transformar se atentarem para meu alerta?
Afinal, uma das reclamações dos pais e mães da Umbanda refere-se á dificuldade em relação aos seus corpos de médiuns. Mas não atentaram para um detalhe: onde estão as crianças da Umbanda? O que têm feito para despertá-las para a religiosidade que emanam os Orixás Sagrados?
Não lhes ocorreu que as crianças de hoje serão os pais e mães de amanhã, e que é seu dever como sacerdotes dar-lhes uma formação religiosa quando ainda estão livres dos escolhos religiosos e dos preconceitos semeados no seus da sociedade pluri-religiosa?
VEJACurso Umbanda para Crianças – Novo curso Umbanda EAD
Não lhes ocorreu que esta lacuna tem subtraído de sua religião a mais sólida base que uma religião pode constituir a partir da doutrinação religiosa dos filhos dos seus filhos de fé?
Não lhes ocorreu que quando partirem e lhes for perguntado o que fizeram para perpetuar sua religião, não poderão dizer: “Eu preparei a geração futura que me substituirá!”
Infelizmente, não tem sido dado o devido valor às suas crianças, e só as festejam numa única data, quando deveriam festeja-las em todas as engiras, mas não às crianças espirituais, entendam isto.
Voltem sua atenção às crianças e criem uma cartilha voltada para o ensino dos Orixás Sagrados ao nível da compreensão delas. Criem uma doutrina que as oriente, que lhes incuta em seu íntimo as belezas e encantos naturais dos sagrados Pais e Mães de sua religião.

Vocês têm as generosas e amantíssimas Mães da Natureza, que não tenham dúvidas, envolverão os filhos dos seus filhos numa aura celestial de amor e fé ao Pai de todos os Pais Divinos, que é o senhor Oxalá.
Irmãos e irmãs em Oxalá yê, vocês são as cabeças que neste momento pontificam nas federações, nos agrupamentos e nos seus templos! Não deixem de doutrinar as crianças de hoje, pois assim, amanhã, uma nova consciência coletiva guiará sua religião.
LEIA: Sustentabilidade Religiosa e o dever de semear o respeito 
Doutrinar filhos que lhes chegam perturbados, é meritório e demonstra quão são capazes . Portando, não esperem mais. Criem dentro do Ritual de Umbanda Sagrada o amor por suas crianças, e despertem nelas, ainda na tenra idade, o amor pelos Orixás, e em pouco tempo toda a sociedade os olhará com profundo respeito e grande admiração.
Creiam em mim: não devem descuidar-se nem mais um dia de suas crianças, os filhos dos seus filhos!
Não foi por acaso que uma linha de crianças foi legada a vocês pelos Sagrados Orixás.
Meditem sobre este meu alerta e advertência, pois ainda que vocês não saibam, também fui um dos pensadores religiosos que auxiliou na idealização do Ritual Umbanda Sagrada e tenho lamentado a pouca atenção que têm dedicado a suas crianças.
Pudesse eu lhes falar em viva voz, não tenham dúvidas, eu estaria. Mas se isto não me é possível, no entanto todo pai e mãe de santoque tomar, dentro de seus tempos, um dia para doutrinarem suas crianças, lá estarei para, junto com minhas crianças, a inundá-los com eflúvios luminosos dos Sagrados e Divinos Pais e Mães da Umbanda Sagrada: os Divinos Orixás!
Espero que este meu alerta e advertência cale fundo nos íntimos e os desperte para esta imperdoável lacuna na Umbanda Sagrada.
Reunam-se, pensadores de Umbanda!
Unam sua religião de uma forma compreensível a elas, que compreendidos tais ensinos, por elas, as suas crianças, serão.
Ensinem sua religião de uma forma compreensível a elas, que compreendidos tais ensinos, por elas, as suas crianças, serão.
Não ensinem a elas coisas que só os adultos entendem, mas não deixem de ensinar-lhes aquilo que estiver ao alcance de sua compreensão.
Convidem seus fiéis a trazerem seus filhos aos templos; falem aos corações infantis de suas crianças e conquistem-nas para os mistérios da Luz com o encanto dos Orixás, e verão que encantadoras crianças da Umbanda, aos seus olhos, elas se mostrarão.
O Ritual de Umbanda Sagrada é tão rico nestes aspectos que conquistará em pouco tempo milhares incontáveis de mentes puras e corações amorosos, que também cantarão os encantadores cantos dos Orixás Divinos.
Eu só os alerto e advirto!
Mas os Sagrados Regentes da Umbanda esperam isso de vocês.
Que benções recaiam do alto da Umbanda esperam isso de vocês.
Que benção recaiam do alo do Altíssimo sobre todos vocês, meus irmãos em Oxalá e pensadores de Umbanda!
Se falar-lhes de viva voz eu pudesse, estaria falando. Mas, como não me é possível tal coisa, envio-lhes esta mensagem de alerta através de meu psicógrafo, que neste momento fala a vocês em meu nome: Vicente de Paula, vosso irmão em Oxalá e no amor a todos os Orixás Sagrados!

Trecho do livro: Sete Linhas de Umbanda - Rubens Saraceni 
Acesse a plataforma do Umbanda EAD e saiba como ensinar Umbanda a nossas crianças através do curso inédito, Umbanda para crianças. Elas são o futuro da religião!
Link de acessoPlataforma Umbanda EAD

107 anos de Umbanda!

Em 15 de Novembro de 1908 manifestou-se na Federação Espírita de Niterói o espírito que anunciou  a religião de Umbanda.
Pelo intermédio de Zélio Fernandino de Moraes este espírito se postou e logo declarou-se como Caboclo brasileiro. Neste diálogo várias questões são abordadas, inclusive sobre a forma com o que o índio estaria se vestindo.
Pai Ronaldo Linhares, foi uma das pessoas mais próximas de Zélio, e a quem ele teria dado a missão de disseminar a história do dia em que aUmbanda foi proclamada. Nesta época a Federação Espírita era presidida por José de Souza e este questionou sobre as vestes clericais, que faziam referência a integrantes da igreja católica que o Caboclo vestido na ocasião.
Respondendo com firmeza, declarou “O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre, meu nome era Gabriel Malagrida, e acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da inquisição por haver previsto o terremoto que destruiu Lisboa em 1755. Mas, em minha última existência física Deus concedeu-me o privilégio de nascer como um Caboclo brasileiro.”
Mas, o que poucos sabem é que Gabriel Malagrida também viveu no Brasil. Padre, missionário, pregador assíduo de seus dogmas, nasceu em Milão e peregrinou por entre suas missões no Brasil e Portugal.
Em solo brasileiro, aprendeu dialetos indígenas, e viveu com diversas tribos. Acabou tendo contato com os principais xamãs e com os problemas que assolavam e muitas vezes dizimavam algumas populações indígenas. Mesmo, correndo risco de vida e enfrentando a resistência de alguns componentes das tribos, efetuou grandes trabalhos levando sempre a sua espiritualidade a quem necessitava.
Fundou diversas instituições no norte do país até que em 1750 resolve partir para Lisboa em busca de subsídios para possibilitar dar continuidade aos trabalhos realizados.
Em suas iniciativas, tinha como objetivo dar autonomia espiritual, material e mental aos indígenas. Suas ações não agradaram muito a alguns representantes políticos, e logo o padre começou a ser perseguido.
Foi acusado de regicídio, exilado e por fim entregue a Inquisição. Gabriel Malagrida morreu em 21 de Setembro de 1761, condenado a fogueira em um auto-de-fé.
Há 107 anos o espírito manifestado como Caboclo da Sete Encruzilhadas trouxe consigo a mensagem que uma nova religião estava nascendo. Religião esta que seria composta pelas mais variadas formas de ser, sentir e se relacionar.
Consciente de sua missão indagou que a Umbanda seria a manifestação de todos os espíritos que tinham consigo uma grande sabedoria e ancestralidade, porém, não lhe eram permitido espaço dentro das religiões existentes. Em outras crenças o que era valorizado eram espíritos ditos como mais evoluídos pelo o que foram em terra.
Caboclo da Sete Encruzilhadas em seu discurso questiona “Por que não podem nos visitar humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além? “
Para tal, o que realmente importava era o trabalho realizado, a caridade, o amor e o respeito ao sagrado. Tanto o caboclo brasileiro como padre católico carregam consigo a mesma mensagem. O Brasil é um dos países mais miscigenados que existe e nesse cenário a Umbanda surge para possibilitar que essas pluralidades possam ser vividas, ouvidas e ensinadas em terra.
Texto: Júlia Pereira

Para não se esquecer            de benzer

Para algumas tradições normalmente as mais antigas, é algo que vem carregado de restrições quanto a seu ensino, entendendo isso como uma maneira de protegê-la. Já em outras tem-se a concepção da necessidade de fazer o resgate cultural e passar adiante seus conhecimentos. Conheça a história de pessoas que lutam para manter a prática do benzimento viva. 
Dado o devido respeito as duas formas de se pensar sobre a benzedura, lembremos nesse momento o primeiro contato com essa prática. A forma acolhedora e empenhada com que os benzedeiros abençoam a quem carece, pode ser a receita do sucesso do benzimento.
Parteiras, rezadeiras, benzedeiros, curandeiros ou seja qual for o nome dado a quem a pouco tempo era a única forma de cura de males para muitas pessoas, estão cada vez menores em quantidade.
As detentoras (es) de sabedorias e conhecimentos com a reza e manejo de ervas estão se tornando personagem raros no cenário atual. Um dos fatores que contribuem para a desvalorização dessa prática é a recriminação de algumas instituições religiosas, que apontam o curandeirismo como pecado. O medo de ser autuado em prática ilegal da medicina também colabora para que a tradição seja abafada e por vezes esquecidas.
Em Rebouças e São João do Triunfo cidades do interior do Paraná, foi instituído o Movimento de Saberes Tradicionais (MASA). O movimento conta com os detentores de práticas tradicionais que se organizaram, mapearam e transformaram em número a presença dos benzedeiros (as) nas cidades.
A partir disso, foi cobrado da prefeitura a regularização da situação destes perante a sociedade, já que diversas dessas pessoas já teriam corrido risco de serem presas por praticar o benzimento.
O resultado desta união, foi a Lei 1401/2010 que dispõe sobre o processo de reconhecimento de ofícios tradicionais de saúde popular em suas distintas modalidades: benzedeiros (a), curadores, costureiros (a) de rendidura ou machucaduras e regulamenta o livre acesso à coleta de plantas medicinais ativas no município de Rebouças. A lei também estabelece que cada uma dessas benzedeiras (os) receberão após constatado seu trabalho, uma carteirinha regulamentando o ofício.
RESGATE DAS TRADIÇÕES BENZEDEIRAS
A importância da presença dessas pessoas no cenário atual não está apenas na riqueza da cultura que isso representa, mas também em como elas podem auxiliar no conhecimento das ervas e no cultivo destas. E para quem acha que o benzimento não tem propriedade de cura real, a prefeitura de Rebouças também incrementou em um dos parágrafos da lei, que os serviços prestados pelos Detentores de Ofícios Tradicionais deverão ser inclusos no sistema de saúde municipal, como instrumentos complementares de terapia na saúde pública do município.
DOCUMENTÁRIO BENZEDEIRAS – OFÍCIO TRADICIONAL
Hoje é perceptível a dificuldade de se encontrar alguém que benze. Iniciativas como as das benzedeiras do interior do Paraná precisam ser reconhecidas, registradas e disseminadas. E é o que a cineasta e pesquisadora Lia Marchi fez. O documentário Benzedeiras – Ofício Tradicional foi lançado no início deste mês e conta um pouco da história de resistência das mulheres de Rebouças e São João do Turvo. No trabalho é apresentado um pouco do dia-a-dia das benzedeiras, suas rezas e práticas. Clicando no link (nome do documentário) você pode assistir o material que está disponível no youtube.
CURSO BENZIMENTO – VIA PLATAFORMA EAD
Com uma filosofia sobre o benzimento diferente da normal, em que os mais antigos pregavam que o conhecimento só poderia ser repassado mediante autorização ou a pessoas designadas a isso. A tradição da benzedura encontra formas de se estabelecer novamente na cultura moderna e urbana através do Curso Benzimento, ministrado pelo sacerdote Jorge Scritori, na plataforma Umbanda EAD.
O curso tem o intuito de ensinar as práticas que estavam se perdendo, dado a realidade de que algumas delas realmente já foram extintas e trazê-las para o conhecimento da população. As aulas ministradas via plataforma on line, tem duração de 2 meses e não há nenhum pré-requisito para ingressar. O curso que é voltado para todos os credos e não distingui a quem ensinar, tem suas inscrições encerradas hoje (19/11). Quer conhecer essa cultura? Clique no link com o nome do curso e matricule-se!
Texto: Júlia Pereira

Novembro Azul

Após o Outubro Rosa, a Campanha Novembro Azul chama a atenção para a saúde da população masculina. Mesmo com as diversas iniciativas de conscientização e alerta sobre os riscos de não se realizar o exame, o preconceito quanto ao método utilizado ainda dificulta a ida de homens ao médico.
Segundo o Instituto Lado a Lado Pela Vida, cerca de 50% dos brasileiros nunca foram ao urologista, e em 2014 estimava-se que 12 mil homens tivessem morrido em decorrência da descoberta da doença já no estágio avançado.
No Brasil o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, e tanto o seu rastreamento (diagnóstico) como o tratamento, ainda envolvem muitas discussões por parte dos órgãos de saúde.
Essas discussões pairam entre em quais casos os tratamentos são realmente efetivos e necessários bem como, qual idade é a mais indicada para se realizar os exames. Você pode encontrar mais dessas informações no site do Instituto Nacional do Câncer e Hospital Sírio-Libanês.
Em suma, a indicação para todos é que nunca deixe de se realizar as visitas periódicas ao urologista. Os exames como PSA (proteína do corpo na qual é feita a detecção da presença de câncer) e o de toque retalprecisam ser avaliados minuciosamente e estudados caso a caso. Isso só pode ser feito por um médico especialista, que levará em conta outros diversos fatores para chegar a um tratamento adequado.
Amanhã, 27 de Novembro, é Dia Nacional de Combate ao Câncer. O ano todo instituições promovem ações que visam alertar sobre riscos, informar sobre opções de tratamento, garantias de qualidade de vida, dentre, outros aspectos que auxiliam na prevenção e enfrentamento da doença.
O número de mortes (tanto de câncer de próstata como em outros tipos) em decorrência do diagnóstico tardio são expressivos e justificam a necessidade de mobilização e de políticas públicas que garantam o acesso a informações pertinentes, à sociedade.
Texto: Júlia Pereira

Umbanda, a religião brasileira que chegou à Alemanha

O coração segue caminhos misteriosos e foi por um desses mistérios que a terapeuta alemã Gabriele Hilgers se casou com o Brasil. O casamento foi selado através da umbanda, a religião brasileira que ela conheceu há dez anos e pela qual se apaixonou de tal forma que a levou para a sua terra natal.
Gabriele se tornou a primeira mãe no santo alemã, status das sacerdotisas desta prática religiosa, depois de ser coroada em 2006 por um pai no santo brasileiro. Dois anos depois inaugurou o primeiro terreiro de umbanda da Alemanha. A dança alegre, o som dos atabaques e a linguagem simples para aflorar o amor ao próximo “têm quebrado paradigmas dos alemães que frequentam esta casa”, comenta mãe Gabrielle.
A religião brasileira, que acaba de completar 107 anos no último dia 15, nasceu sob influência dos negros trazidos da África para cá na época da escravidão. Ela trabalha a espiritualidade sob a inspiração de espíritos antigos e um panteão de orixás, as divindades cantadas em verso e prosa no Brasil. De Vinícius de Moraes (era adepto da religião), a Gilberto Gil, de Chico Buarque a Gal Costa, todos já renderam homenagem às figuras de Iemanjá, a rainha do mar, Oxum, que mora nas cachoeiras, ou pai Xangô, que vive na pedreira… Hoje os alemães também ‘batem cabeça’ – expressão usada para discriminar a saudação aos guias espirituais na umbanda – a todo o panteão de divindades desta religião, que lembra, em alguns aspectos, a mitologia grega.
Dezenas de alemães vestidos de branco se reúnem semanalmente na Casa de Irradiações Espirituais de São Miguel, o centro de umbanda de Gabriele, que funciona atualmente em Viehl, mas está de mudança para Colônia, a quarta maior cidade alemã, onde será reinaugurada em janeiro.
Pele branquinha, olhos azuis e cabelos negros, Gabrielle é natural de Düsseldorf. Chegou à umbanda quando pesquisava novas religiões pelo mundo. Era uma etapa em que se encontrava inquieta, disposta a aprofundar sua capacidade de cura, que até então estava restrita aos conhecimentos da psicologia pela física quântica, uma divisão da física tradicional que enfatiza o poder da energia do pensamento, positivo ou negativo, sobre as pessoas.
Ironicamente, foi durante uma imersão de meditações na Índia que ela sentiu o impulso de aprender português e vir ao Brasil, onde nunca havia pisado antes. “Foi assim. Tive vontade de aprender a língua portuguesa. Não sei por que tive essa vontade se nunca havia tido contato com o país”, lembra. Seguiu a intuição e pediu indicações de espaços que desenvolvessem a espiritualidade. Chegou a um centro que lhe foi recomendado, na zona sul de São Paulo. Ao ouvir o som do atabaque que acompanha os ritos de umbanda, e a atmosfera de dança e de entrega à incorporação, disse a si mesma: “Isto é pra mim!”. “Eu dancei o tempo todo, algo que nunca havia feito antes, e pensava internamente: ‘É uma loucura’. E me senti feliz, como sempre me sinto quando estou com a umbanda.”
Sair do controle para uma representante da cultura germânica foi, ao mesmo tempo, inesperado e libertador. “É uma chance para nós, alemães, de viver a nossa verdade pelo coração, numa religião que não tem dogmas, como é a umbanda”, afirma. Ao contrário do catolicismo, por exemplo, onde os referenciais de transcendência são santos tão bondosos que beiram à perfeição, os filhos da umbanda conhecem a luz e a sombra dos orixás que regem a sua vida. Na luz, as qualidades afloram. Na sombra, os defeitos. Oxum, por exemplo, tem infinita amorosidade pelo outro. Mas é ciumenta, e não gosta de ser contrariada. Ogum é guerreiro, forte e determinado. Mas também instável e impulsivo e por vezes arrogante.
A simplicidade com que são apresentados os torna mais próximos das pessoas, que se enxergam nesse espelho ao ver seu potencial, ao mesmo tempo em que se sentem mais à vontade ao reconhecer suas falhas quando percalços da vida coloca o equilíbrio em risco. Um bálsamo para seu seguidores no Brasil e para a rigidez alemã, assegura Gabriele. “Os alemães se sentem confortáveis com a umbanda porque podem ter um contato com Deus sem ter o peso de serem 100% corretos e perfeitos o tempo todo. Traz leveza para a sua realidade”, afirma. O erro se transforma numa fonte de aprendizado e não mais de penitência, compara.
A religião brasileira vive a crença de que os médiuns incorporam espíritos antigos de uma dezena de entidades, como o preto velho – espíritos de negros idosos, quase sempre escravos que morreram e guardam sabedoria para lidar com os problemas terrestres –, ou o caboclo (índios guerreiros), e com a inspiração desses ancestrais se comunicam com as pessoas que procuram o centro de umbanda para dividir suas preocupações ou tristezas, em busca de uma orientação ou apenas um ombro amigo. “Temos recebido gente da Alemanha inteira e também de outros países vizinhos”, contou Gabriele ao EL PAÍS em sua passagem por São Paulo. Como no Brasil, as pessoas que buscam um ‘atendimento’ na umbanda vão atrás da cura de todo tipo de dor. Mágoa, raiva, ansiedade, depressão, dívidas… aquele momento confuso em que não se vê nenhuma saída. Quase sempre a porta de entrada para as religiões. A umbanda, porém, parece mais descomplicada a seus fieis e trabalha com elementos muito familiares ao Brasil.
Os médiuns alemães atendem os seus invocando a energia das entidades conhecidas dos brasileiros, mas também trabalham com arquétipos da cultura local, como druidas e wikas, da mitologia celta. Hoje, centenas de alemães frequentam a Casa de Gabriele, que já vislumbra a coroação de três novos sacerdotes: duas mães no santo e um pai no santo, todos nascidos na terra da chanceler Angela Merkel. Quando questionada se os alemães não deveriam se sentir menos à vontade diante de um credo vindo de um país tão diferente, Gabriele responde certeira: “Os brasileiros são muito mais evoluídos espiritualmente que os alemães”, garante.
Mas, nem todos têm essa leitura e algumas provações começaram a aparecer no caminho desta mãe no santo. Depois de uma acolhida calorosa no início, com fieis seguidores e um público crescente, há um ano começou a sentir na pele o preconceito que a religião também desperta no Brasil. Os vizinhos do endereço atual onde se encontra o terreiro começaram a reclamar da movimentação no entorno, do barulho dos tambores, do canto e a estranhar as vestimentas do grupo. “Começaram a me chamar de ‘líder de seita’, a reclamar na prefeitura, a enviar cartas para os jornais locais”, conta. Nada, porém, a faz desanimar da sua missão. “Me aguardem, não vou desistir jamais”, afirma, que já sonha com novos espaços dentro em breve.

Religião x Dinheiro

Sabemos que muitos se  embrenham nas Religiões, parcialmente ou unicamente visando o interesse financeiro. Nestes longos anos de aprendizado...