terça-feira, 20 de fevereiro de 2018


JUNTOS CAMINHAM E CHEGAM


exu


Axé a todos!!! Dia após dia tentamos decifrar as coisas e as pessoas, distinguir o certo do errado, conquistar mais e mais. Os médiuns umbandistas então, ainda tentam decifrar os mistérios, distinguir os espíritos e obviamente também desejam, embasados nos trabalhos caritativos que exercem, conquistar mais e mais.
EXU É A Expressão, Força, Movimento, Leveza, Quentura, Ardência, Espírito, Guardião e Orixá mais vivo, solicitado, cultuado, ativado e firmado nessas tentativas e comportamentos desejantes.
Porém, são tantos predicados, adjetivos, verbos e atribuições direcionados a Exu que muitos se perdem sob suas ações. São tantos estudos, falas e vivências atribuídas a Ele que, por vezes, confundem e mal orientam os ouvintes. São tantas verdades relatando seu aspecto mensageiro, primeiro, adivinhador, faiscador, revelador, refletor, punidor e especialmente dual que muitos não O percebem e assim, perdem grandes e especiais oportunidades.
Raramente os médiuns umbandistas entendem Exu como ardoroso amigo de Orunmilá – filho mais velho do Ser Supremo Olodumaré; o princípio da intuição e da premonição; e divindade primordial invocada no jogo de Ifá por conhecer os destinos (odus), cabeças (oris) e caminhos.
Raramente compreende-se que Orumilá transmite aos homens, com coquinhos do dedenzeiro, as intenções de Olodumaré e os significados dos destinos, enquanto Exu “rala” para mudar os significados das intenções pondo o homem em constante prova. Maravilhosamente Exu, a Lei e o Destino agem na vida, em todas as vidas e por toda a vida.
Mais raramente ainda se sabe que, mesmo Orunmilá sendo o possuidor de grande sabedoria, por vezes, fica na dependência do poder de Exu – o “Imprevisível Fiscalizador Universal”.
Pois é, Exu e Orunmilá – Divindade dotada de atribuições como a de movimentar-se livremente entre o Céu e a Terra; de conhecer o destino de todas as pessoas e de acompanhar a criação e ordenação da Terra – são amigos. Fortes amigos!!! E juntos, mesmo tão diferentes, caminham e almejam chegar.
Há vários mitos que descrevem essa amizade e fundamenta, creio eu, muuuita coisa. Aliás, vale ressaltar que os mitos para os yorubas, consequentemente para as pessoas e religiões de origem ou tradição africana – portanto para a Umbanda – são mensagens que explicam o sagrado, o sentido da vida e dos ritos; são menções que ditam regras, leis e comportamentos assim como ensinam e educam a sociedade e as pessoas, nesse contexto, são de grande importância e cultura valendo sua leitura e estudo. Doravante e na intenção de expandir essas colocações, segue a transcrição de um mito que menciona o início dessa amizade, espero que gostem e percebam a intensidade da “coisa”. Ou melhor, “das coisas”

 A AMIZADE DE ÈSÙ E ÒRÚNMÌLÀ 

  Retirado do livro: Mitos Yorubas escrito por José Beniste importante escritor, Historiador e pesquisador de Cultura Afro-Brasileira, Iniciado pela Sociedade Axé Opô Afonjá em 1984.

Em uma certa ocasião, Òrúnmìlà retornava de uma viagem ao lado de outros companheiros, mas todos ainda estavam a alguma distância de suas casas. Enquanto seus companheiros nada traziam nas mãos, Òrúnmìlà vinha com a sua sacola – àpò Ifá –, na qual se encontravam os elementos utilizados em sua prática divinatória: a bandeja do jogo – opón Ifá -, a sineta para invocação – ìróké -, e os 16 coquinhos para a prática do jogo – ikin.
Esses elementos da prática do jogo de Ifá estavam sendo cobiçados pelos demais companheiros de viagem de Òrúnmìlà, na tentativa de conhecer-lhes o segredo de sua sabedoria. Um de seus companheiros, então, lhe disse: “Òrúnmìlà, você deve estar cansado. Deixe que eu carrego a sua sacola de adivinhação.” Um outro replicou: “Não, por favor; ao contrário, sou eu quem deve carregar a sacola.” E todos iam argumentando sobre quem deveria carregá-la. Por último, Òrúnmìlà falou: “Não, não se preocupem. Deixem eu terminar a minha jornada. Não estou cansado e, por isso, é natural que somente eu deva carregar a minha sacola de Ifá.”
Quando Òrúnmìlà chegou em casa, pensou seriamente no incidente, ficando na dúvida se os seus companheiros eram de fato amigos verdadeiros. E traçou um plano para tirar a sua dúvida. Distribuiu mensagens por toda a parte, anunciando que tinha morrido. Depois, ficou escondido dentro de sua casa, de forma que, sem ser visto, pudesse observar todas as pessoas que chegassem. E assim esperou.
Passado algum tempo, um de seus companheiros veio de outra cidade expressar sua tristeza. E perguntou a Yébìírú, mulher de Òrúnmìlà: “onde está o corpo de meu bom amigo?” Ela respondeu de forma como havia sido instruída por Òrúnmìlà:  ”o meu bom esposo já está enterrado.” E o homem continuou: “Sim, sua morte é dolorosa para mim, pois éramos amigos muito próximos. Várias vezes eu lhe dei dinheiro, que ele rejeitava para evitar retribuir-me. Contudo, disse que, quando morresse, deixaria sua sacola com os segredos de Ifá para mim.”
“Isto indica que você era, na verdade, um de seus melhores amigos” disse Yébìírú. “Mas, que desgraça, pois a sacola dele, com todos os elementos de Ifá, desapareceu”. Ao ouvir isso, o homem ficou desapontado e aborrecido, e se retirou da casa.
Outro homem veio chegando e chorando alto: “Òrúnmìlà, meu melhor amigo, por que você morreu? Estou desesperado, mas, conforme lhe prometi, vou tomar conta de sua sacola e de todos os conhecimentos de sua arte de adivinhação.”
A esposa de Òrúnmìlà respondeu: “seria bom se você pudesse tomar conta e cuidar das coisas de meu marido. Porém, aconteceu uma desgraça. As coisas de Ifá que estavam dentro de sua sacola desapareceram. O que dizem é que ele vinha sentindo a morte se aproximar e enviou suas coisas para Olórun, o Ser Supremo, de quem recebeu o poder da adivinhação.” O homem se surpreendeu e saiu revoltado sem falar mais nada.
Outro mais veio chegando e dizendo que Òrúnmìlà lhe havia prometido dar todos os elementos de que se utilizavam para as consultas sobre a verdade da vida. E assim, um a um, vinham chegando pessoas interessadas em receber os conhecimentos dos poderes de Òrúnmìlà. E as respostas eram sempre as mesmas. Até que chegou Èsù.
Lamentando-se do ocorrido, disse: “que conforto existe para uma pessoa que perdeu um amigo? Eu ando sobre o caminho de Òrúnmìlà, eu entro em sua casa, mas Òrúnmìlà não está aqui. E eu sei que não o verei outra vez. Para você, que é sua esposa, a tristeza é, certamente, imensa. Em cada dia da vida de Òrúnmìlà, você preparava a comida dele e dizia para você mesma: ‘esta é a comida de Òrúnmìlà.’ E, agora, o que você pode dizer? Somente isto, uma vez eu tive a honra de cozinhar a comida de Òrúnmìlà, mas agora ele se foi.”
A esposa de Òrúnmìlà respondeu:” Sim, a tristeza é imensa, mas você, que era companheiro dele em vida, eu gostaria de saber se ele lhe devia alguma dinheiro ou prometeu deixar a você alguma herança? Se prometeu, eu pagarei por ele.”
“Não, ele não me devia nada e não me prometeu nada.  Pelo contrário, era eu quem lhe devia dinheiro. Depois de retornar para casa eu lhe enviarei o dinheiro, ainda que seja muito tarde para que ele o receba em suas próprias mãos.”
Mas Yébìírú insistiu: “Eu entendo, mas, certamente, ele deve ter prometido deixar algo para você. Talvez seus instrumentos de adivinhação, através dos quais os desejos de Olórun podem ser revelados.”
“Não”, disse Èsù. “Para ele era muito conveniente fazer tal coisa. A grande verdade é que o segredo da vida não está nos seus instrumentos de adivinhação, mas na mente do próprio Òrúnmìlà.
Ouvindo isto, Òrúnmìlà, que estava o tempo todo observando, deixou o lugar onde estava escondido e entrou na sala, dizendo: “Você, Èsù, é, de fato, o meu verdadeiro amigo.”
Deste modo, passou a se dizer em todas as terras yorubá que “Não há amigos mais próximos um do outro do que Òrúnmìlà e Èsù.”
Pois bem, nas decifrações, distinções, conquistas e nas incessantes buscas, tentativas e desejos de todos os Homens, fico com a certeza de que não bastar querer, ter, herdar, adquirir, possuir… Precisa mesmo, é ter respeito, verdade, talento e competência!!! Mais ainda, é preciso estar disposto a CAMINHAR JUNTO, mesmo sob aparentes diferenças.
Por fim, fico obviamente com as colocações finais de Exu: a grande verdade é que o segredo da vida não está nos instrumentos, mas na mente
por Mãe Mônica Caraccio

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