As Orixás femininas na Umbanda Sagrada


Oiá – Tempo
Como o já nome diz, Oiá é a Orixá do tempo. A ela atribui-se a atuação no campo religioso. É a onda divina ativa, de irradiação cristalina e de fator desmagnetizador ou temporal.
Atua nos seres apatizados ou emocionados, ou seja, em seu campo age sob os descrentes, os que usam de suas práticas religiosas para enganar e explorar a fé alheia e os fanáticos.
À esses, Oiá age esgotando seu estímulo a religiosidade que vem sendo aplicada de forma negativa.
As filhas de Oiá, apreciam as coisas religiosas, o estudo, a música suave ou romântica, um pouco de isolamento, conversas construtivas, a companhia de pessoas discretas e de homens maduros, reservados e amorosos.
Oxum
É a orixá do amor agregador e da concepção da vida. Por esse motivo também é conhecida por reger as relações matrimoniais e o amor que se funde formando a vida. Deste modo, Oxum tem ligação com a sexualidade, pois é por meio da sexualidade que se obtém a vida em carne.
Seu fator agregador está presente em todas as ligações do universo, tudo que se agrega, se funde e se soma tem influência de Mamãe Oxum.
As filhas de Oxum não apreciam solidão, homens autoritários ou agressivos, reuniões monótonas, estudo de ciências exatas, políticas, lugares tristes ou monótonos, homens ciumentos e mulheres egoístas.
Obá
A Orixá traz consigo a onda geradora vegetal (magnetismo negativo), da qual rege o fator concentrador dos seres, que pode estimular o raciocínio ou se necessário, absorve-los.
Obá age absorvendo as ondas mentais dos seres, quando esses, fazem mal uso de suas faculdades.
Ela também é conhecida como a “Orixá da Verdade”, pois sua qualidade concentradora atua conjuntamente com essa característica. Percebendo que só o que é verdadeiro, eterniza-se, no tempo e na mente do ser.
As filhas de Obá não apreciam pessoas soberbas, lugares ou reuniões agitadas, conversas chulas, pessoas vaidosas ou rompantes.
Iansã
A Orixá faz parte da linha da Lei Maior, onde age direcionando a vida de todos os seres que se encontram trilhando um caminho dissoluto, a fim de que este evolua.
O fator oposto/negativo da divindade está na imobilidade que ela pode trazer. Pois, no campo dos elementos Iansã responde ao vento, ventania ou vendaval e quando retira o elemento eólico dos seres acaba que por tornando-os apáticos.
A irradiação divina advinda de Iansã é ativa. A ondas que a compõe, são curvas e alternadas, e como já dito anteriormente seu campo magnético direciona os seres que assim carecem.
Como a energia que emana de Iansã também é movimentadora, suas filhas carregam na personalidade esse perfil, de característica forte.
As filhas de Iansã são emotivas e se não se impõem, revoltam-se e abandonam quem não se submete a elas, e logo estão estabelecendo novas ligações, em que se imporão.
Egunitá
Orixá cósmica, ativa e absorvente, que atua na onda geradora ígnea. Egunitá é em si o Fogo da Purificação, que atua consumindo os vícios e os desequilíbrios dos seres.
Desta forma, onde manifestar um desequilíbrio o próprio ser que está nessa situação começará atrair esse fogo – pelo magnetismo negativo – que em sua incandescência o esgotará.
Esse fogo cósmico está em tudo e em todos, só que diluído. Então no momento em que o ser se desvirtua é Mãe Egunitá que começa atuar, mesmo que ele não tenha “pedido” por essa ação.
A Orixá também está ligada a representação da deusa hindu, Kali.
As filhas de Egunitá apreciam as conversas reservadas, os espetáculos emotivos, as reuniões direcionadas, tais como as de estudo, de orações, políticas e etc. Apreciam a companhia de pessoas passivas e a de homens que as encantem; gostam de passear, pois não suportam o isolamento do lar.
Nanã
Da irradiação da onda divina da evolução, surgem dois Orixás, Obaluaiê e Nanã Buruquê. Nanã, domina o fator decantador, atuando na dissolução de vícios e excessos.
Enquanto Obaluaiê estabiliza os seres, Nanã traz maleabilidade a quem está “petrificado”, recolocando o ser no caminho da evolução e livrando-o de todo negativismo.
Por esse motivo Nanã é conhecida como a orixá que auxilia os seres que irão reencarnar, pois é nesse mistério que o ser diluí todos os seus sentimentos, mágoas e memórias.
E por decantar essas memórias, Nanã é associada a velhice, pois é nesse estágio da vida que o esquecimento bate a porta. Então, é ela quem adormece o mental do seres, para que esse não interfira em sua próxima encarnação.
As filhas de Nanã apreciam a boa mesa, as companhias falantes e alegres, reuniões familiares e religiosas, pessoas que lhe dediquem afeto e respeito e vestes multicoloridas.
Iemanjá
Uma das qualidades de Olorum, irradia a criatividade e a geração, e é nela que Mãe Iemanjá está presente. O amparo à vida, o estímulo a maternidade e a criatividade partem dessa orixá.
Portanto, Iemanjá é a “Mãe da Vida” aquela que gera e estimula o amor pela hereditariedade dos seres.
Já em a sua criatividade, trabalha auxiliando-os na adaptação aos meios e ambientes diversos a sua realidade.
As filhas de Iemanjá apreciam a vida doméstica, o trabalho produtivo, o respeito, a fidelidade, a religiosidade firme, o estudo, vestes sóbrias e elegantes, a companhia de homens firmes nas decisões e de natureza forte.

Orixá Pombagira
Pombagira se classifica enquanto um dos mistérios de Deus se difere de Pombagira entidade, que trabalha incorporando médiuns à esquerda da Umbanda.
Pai Rubens Saraceni diz que enquanto orixá o nome Pombagira nunca foi revelado na teogonia nagô e que ela se encontra oculta entre os mais de 200 Orixás que também permanecem desconhecidos e diz sobre sua nomenclatura na Umbanda “Mas, como ela se revelou na Umbanda com esse nome e já deu provas e mais provas sobre sua importância, seu poder e suas funções, compete a nós, os umbandistas fundamentá-las em Deus, entre os Orixás, na Criação, na Natureza e em nós mesmos, elevando-a à condição de Orixá.”
Para tanto Rubens também explica, que as entidades manifestadas nos terreiros denominadas Pombagiras fizeram-se presente por meio da manifestação desse mistério divino e que mesmo não sendo revelado no culto africano ou de matriz africana e ainda cercada de enigmas a é uma realidade que se mostra na Umbanda.
E trazendo essas concepções Alexandre Cumino pontua “assim como para a entidade Exu tomamos emprestado o nome do Orixá Exu, para Pombagira por recomendação de Pai Benedito de Aruanda, temos a oportunidade de fazermos o contrário, pegar o nome Pombagira emprestado para identificar a divindade doadora do Mistério, puro e simplesmente isso.



Texto: Júlia Pereira
Fontes de Pesquisa:
Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada: a religião dos mistérios um hino de amor a vida/ Rubens Saraceni. – São Paulo: Madras, 2007.
Orixás Ancestrais: a hereditariedade divina dos seres/ Rubens Saraceni. – São Paulo: Madras, 2001.