quarta-feira, 29 de julho de 2020

DESAFIO 12 DIAS - D10: Espiritualidade não Serve ao Ego

Na Prática | SUPERAR GRANDES DIFICULDADES COM ZÉ PELINTRA

DESAFIO 12 DIAS - D09: Animismo e Incorporação

Bater Cabeça por que para quem, como, quando e onde? Por Alexandre Cumino

|   TEXTO |

Bater cabeça
Por que, para quem, como,
quando e onde.

Por Alexandre Cumino e Maria de Fátima Gonçalves
"Não sabia fazer, expliquei que não sabia. O Dirigente se irritou profundamente. Como “exemplo”, ele chamou uma garotinha de 7 anos de idade, mandando que ela pedisse a bênção. 

A menina fez direitinho. Mas para me “punir”, o Sacerdote determinou que ela batesse cabeça pra ele, deixando-a esticada no chão até ao final da gira, por mais de hora, dizendo que ali ele mandava... Saí dali, achei absurdo. "

Alguns elementos da liturgia de Umbanda nos confundem e nem sempre encontramos resposta ou orientação. É o caso do procedimento ritualístico de “Bater Cabeça”, termo que usamos para designar o ato de saudar de forma reverente encostando a cabeça no chão. É comum na Umbanda observar que nem sempre o que se adota em uma casa (terreiro, templo, tenda...) tem valia em outra casa, podendo até ser interpretado como desrespeito ou ignorância.

Saudação, Reverência, Respeito, Entrega, Amor, Devoção e Religiosidade são algumas das atitudes relacionadas com o ato de bater cabeça. Na maioria dos terreiros batemos cabeça diante do altar; saudando Deus, os Orixás e Guias que conduzem o templo. Em algumas casas também se bate cabeça para o dirigente espiritual (sacerdote ou sacerdotisa); noutras poucas se bate cabeça também para a tronqueira.

Bater Cabeça diante do Altar é um dos atos mais importantes dentro do ritual de Umbanda, pois é o limiar da entrega do médium que vai trabalhar, estamos nos entregando em uma forma de submissão consentida, por que queremos servir e ser obedientes à orientação e guia que vem do astral. 

Estamos “dando” nossa cabeça, o mistério da vida, o que há de mais precioso, nosso mental e nossa coroa em prol do trabalho espiritual que vai se realizar. Só batemos cabeça para quem confiamos e amamos, pois neste momento estamos nos doando por inteiro, simbolicamente, por meio de um gesto ritualístico. Mesmo que ninguém nunca nos explique o que significa este ato de bater cabeça, intuitivamente já subentendemos seu significado, o gesto é muito forte e estar prostrado mexe com nosso psiquismo emocional, racional, consciente, subconsciente e inconsciente. O simples ato de sermos submissos a algo ou alguém que nos seja superior e claro de total confiança, quando feito de peito aberto, de coração nos torna também mais tolerantes e pacientes, com as relações humanas. Desperta um ambiente de respeito às diversas limitações e ao comando que vem do alto para baixo e não o contrário. Há milênios rituais religiosos adotaram este gesto de saudação como símbolo de respeito, hierarquia, adoração e devoção para manter a estrutura sacerdotal e o ambiente fraterno.

O que causa confusão e as vezes até frustração são alguns detalhes de como deve ser o gestual, deitado ou ajoelhado, com as mãos para frente ou para trás, quantas vezes toco o chão com minha testa e até o que devo falar ou pensar neste momento. Para exemplificar estas dificuldades coloco abaixo um texto de nossa irmã Maria de Fátima Gonçalves, feito durante a Turma 11 do Curso Virtual de Teologia de Umbanda Sagrada:

Há uma diversidade muito grande dentro da Umbanda, a gente encontra rituais muito variados, inclusive quanto ao bate-cabeça. 

A primeira Casa que freqüentei, fora do meu próprio trabalho, tinha como regra o médium bater cabeça sem o uso de toalha, deitado e tocando a testa no chão por alguns bons minutos, com as mãos ao lado da cabeça e as palmas voltadas pra baixo. Não usar toalha e colocar as palmas pra baixo era sinal de submissão e obediência. Usar toalha ou virar as mãos pra cima seria arrogância. Ali a regra era bater cabeça no Altar, na frente dos atabaques e para o Dirigente. E o Dirigente poderia exigir que o médium ficasse deitado na frente dele por mais de hora, dependendo do seu “humor” no momento.

Depois de bater cabeça, o médium tinha de pedir-lhe a bênção em yorubá, era uma saudação longa. Entrei ali com mais de vinte anos de trabalho, mas um trabalho simples, com poucos rituais, na verdade acendia 1 vela branca e pedia as bênçãos Divinas, e os médiuns se cumprimentavam inclinando a cabeça e com as mãos juntas na altura do coração (saudando o “Deus interno” do outro).  Não conhecia o costume de se tomar a bênção, muito menos naquela língua. Não sabia fazer, expliquei que não sabia. O Dirigente se irritou profundamente. Como “exemplo”, ele chamou uma garotinha de 7 anos de idade, mandando que ela pedisse a bênção. 

A menina fez direitinho. Mas para me “punir”, o Sacerdote determinou que ela batesse cabeça pra ele, deixando-a esticada no chão até ao final da gira, por mais de hora, dizendo que ali ele mandava... Saí dali, achei absurdo. 

Nunca me esqueço do rostinho dela, inocente, deitada num chão frio de cimento bruto, só pela vaidade daquele homem. Se eu pudesse voltar no tempo, mudaria aquilo, a minha ignorância puniu uma criança inocente. Estou aqui desabafando, me perdoem, mas isso me dói até hoje. 
Logo depois, estudando, estive numa Casa onde a toalha era essencial: o médium jamais deveria colocar o ori no chão, seria um “sacrilégio”, porque o coronário é o ponto mais sagrado do corpo e jamais deveria tocar o solo. 

Na minha “primeira vez”, fui bater cabeça sem a toalha e levei uma bronca exemplar... Sinceramente, acredito que o que vale é o coração, a intenção. Mas respeito às regras de cada casa e procuro aprender... Só não aceito o exagero do “quero porque quero”...

Acredito que este texto de nossa irmã ilustra bem a situação e a relação da diversidade ritualística de uma casa para a outra, bem como o fato de que muitas vezes o que é respeito para uns é desrespeito para outros. 

Assim independente de verdades absolutas e do que é o mais certo para um ou outro, vale compreender o que é valido dentro da casa que freqüenta e do contexto em que a mesma se insere. O mais importante é o significado do ato de saudar, entregar-se  e reverenciar tocando o solo com a testa. Os que tocam três vezes podem estar saudando “Olorum, Oxalá e Ifá” considerado a santa trindade na Umbanda ou mesmo saudando “Deus, Orixás e Guias” e há quem toque a cabeça de frente, depois para a direita e para a esquerda, saudando o “Alto, Direita e Esquerda”. 

Pode-se tocar a cabeça três vezes apenas pela força mística e “cabalística” que envolve o numero três; multiplicador e potencializador de todos os atos ritualísticos.  Alguns antes do gesto fazem o sinal da cruz no chão ou em si, que também é um ato de saudação e respeito. Batemos cabeça em nosso Altar e no Altar dos terreiros em que somos visita, em sinal de reconhecimento da energia e vibração daquela casa.

Quando batemos cabeça ao dirigente estamos reconhecendo sua hierarquia, sua investidura espiritual, outorga de trabalhos e declarando nossa entrega a seu trabalho, reconhecendo a importância do mesmo. 

Hoje muitos dirigentes não aceitam que lhe batam cabeça, eu mesmo tenho certa resistência, no entanto, é um ato ritualístico importante tanto para quem está sendo saudado quanto para quem está saudando. 

Neste momento o sacerdote pede a Deus e a seus Guias e Orixás que abençoem este filho que lhe presta homenagem, pois bater cabeça é também um pedido de benção. 

Hoje também filhos não pedem mais a benção a seus pais, pois desconhecemos o mistério e a força de tal gesto quando realizado com respeito e amor. Nem tudo que os “antigos” faziam desde nossos ancestrais tem explicação, mas é certo que dentro do que diz respeito a ritualística e espiritualidade há gestos e símbolos que aprendemos a recorrer por força dos resultados e da tradição que se inserem. 

A ritualística também ajuda a criar uma egrégora afim e colocar todos dentro de uma mesma sintonia desejada. Bater Cabeça é algo extremamente simbólico e agregador de sentido para nossa religião e nossas vidas, que cada um de nós tenha orgulho de Bater Cabeça para e na UMBANDA.

Um abraço,
Colégio Pena Branca

O domínio das trevas – COVID-19 (Parte 2)

O domínio das trevas – COVID-19 (Parte 2): Conforme tinha combinado com o João da porteira, fui aguardá-lo na sombra da mangueira, fiquei sentado esperando que ele chegasse. O entardecer no interior é muito lindo, faz a...

Gira Online #05 - Caboclo - ICA

DESAFIO 12 DIAS - D08: Por Que Me Sinto Perdendo a Fé?

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Um Médium de Umbanda pode se divertir? por Cristinatormena.

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Um médium de Umbanda pode se divertir?

by cristinatormena
Um médium de Umbanda pode se divertir?
Claro. Temos nossa vida social, nossa família e amigos.
Mas não trocamos nossa Fé, nosso propósito, nossa missão, por um copo de cerveja.
Nossa prioridade não pertence a esse mundo.
Então caro amigo, nos perdoe, pode ser que aquele churras, aquela festinha não vai rolar, vai ter que ficar para outra hora.
Porque quando a missão bate a porta.
O soldado levanta e vai.
O Orixá lhe chama e ele segue.
Cristina Alves - uma soldado de Umbanda

Ser um Soldado na UMBANDA por Cristinatormena

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Ser um soldado de Umbanda.

by cristinatormena
"Ser um soldado é sinônimo de coragem, força, determinação, seriedade, compromisso, disciplina".
Agora imagina ser um soldado de Oxalá?
Não é para qualquer um.
Não temos facilidades, temos missão, propósito.
Umbanda não é segunda opção, para nós é prioridade.
Não está preparado não tem problema.
Pode ficar onde está.
Seja feliz do seu modo.
Só deixa a gente passar…
Não nos atrapalhe.
O tempo é curto.
Temos muito o que fazer.
Estamos matando a sede e a fome de amor de muitos.
Cristina Alves - uma soldado de Umbanda.

DESAFIO 12 DIAS - D07 Terreiro Bom e Terreiro Ruim

LIVE | Pontos Cantados de Umbanda entre amigos

Pandemia e Umbanda por CristinaTormena

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Pandemia e Umbanda

by cristinatormena
Deus Todo-Poderoso diz: “O Deus encarnado é chamado de Cristo e Cristo é a carne vestida pelo Espírito de Deus. Essa carne é diferente de qualquer homem que é da carne. Essa diferença existe porque Cristo não é de carne e sangue, mas é a encarnação do Espírito. Ele tem tanto uma humanidade normal como uma divindade completa.”#obediência_a_Deus #Fé_em_Deus #fazer_a_vontade_de_Deus #Reflexão_cristã #relacionamento_com_deus #temor_a_deus #essencia_de_deus #a_vontade_de_deus #Conhecendo_deus #Deus
Tudo começou tão rápido... que nem percebemos o mal que estava vindo sobre nós.
Muitos já se pegaram refletindo sobre isso.
Mas na realidade não foi tão rápido assim, o homem vem agredindo a natureza de forma cruel e devastadora, inúmeras guerras e violências, e tudo isso teve consequências, a ganância, a vaidade, a ânsia pelo poder. Uns chamam de castigo de Deus, eu prefiro dizer ALERTA, CAUSA E EFEITO.
É chegado o momento da reforma, da mudança.
Observo muitos médiuns dizendo que saudade do meu terreiro, que saudade do cheiro da defumação, do abraço do caboclo, da palavra amorosa do Preto Velho, que saudades dos nossos guias.
Mas muitos desses mesmos médiuns quando tinham a liberdade de ir e vir, de estar no terreiro, de serem participativos, quantos desses mesmos, não deixavam suas missões por coisas fúteis, sem importância?
Quantos desses mesmos médiuns tinha sempre uma desculpa esfarrapada, para ajudar na casa?
Outros simplesmente abandonaram seus guias e Orixás, e hoje nas dificuldades que essa pandemia trouxe, sentem falta da família espiritual que sempre estava ali, firme e forte para dar um apoio uma palavra de conforto.
Muitos desses hoje sentem um vazio no coração. Um arrependimento.
As vezes só damos valor quando perdemos.
Infelizmente uma realidade.
Quantos desses, deixavam suas obrigações e deveres para com o terreiro e com os guias e Orixás em segundo plano. Sempre havia algo mais importante.
Como eram importantes esses momentos de Fé.
Em algumas cidades, alguns terreiros já estão com suas funções, mas estão com número de atendimentos reduzidos e cuidados primorosos. Em outras cidades ainda não foram liberados. Essa é nossa realidade que estamos tendo que enfrentar.
Alguns médiuns estão contornando bem a situação, mas outros estão em desespero, muitos dos nossos se foram por causa do Covid, outros sobreviveram, mais ficaram com sequelas, as sequelas que muitos nem tocam no assunto, e os que não se infectaram com o vírus, sofrem com a depressão, com o desemprego, com o pânico que para muitos é um terror assustador de perder o provimento familiar. E é nesses momentos que esse filho, vê a ausência e a falta que faz aquelas humildes horas passadas em seus terreiros, juntos a nossos amados guias.
Porque na hora que muitos abandonam, eles sempre estão ali.
E como dizer a esses mesmos filhos diante de tantas dificuldades e sofrimento, ter fé e coragem?
Como dizer para que tenham calma?
Porque muitos ditos amigos, mesmo ditos irmãos na fé, nessas horas simplesmente desaparecerem, é cada um por si, se esquecendo completamente dos ensinamentos dos amparadores e da máxima da sagrada Umbanda - Fé, Amor e Caridade.
Muitos pais e mães de família, até jovens estão se suicidando, não porque querem morrer, mas porque querem se libertar da dor, do sofrimento.
Muitos desses nossos irmãos as vezes precisavam apenas, de uma boa palavra, de encorajamento, do abraço amigo, daquela frase: Tudo vai passar... tenha Fé, Deus e os Orixás não vão te abandonar.
A palavra mestre é FÉ E ENCORAJAMENTO.
Essas pessoas precisam se sentir amadas, queridas, necessárias, importantes.
A gente só derrota o medo, com Fé. A Fé da coragem, mesmo quando achamos que não temos mais um suspiro de ar para continuar.
A Fé é aquela amiga que nunca podemos perder, porque é ela que nos joga da cama todos os dias.
A Fé é uma força que vem do alto, é uma Esperança de dias melhores.
É sufocar as lágrimas, orando, clamando a Deus a divina providência.
E mesmo depois de noites em claro, depois de tanto orar a Deus e aos Orixás, um dia você dorme em paz, e uma sensação te toma, e uma voz que soa diz: Estamos aqui, não te abandonamos, e vamos trazer ajuda, você é nosso filho e pais não abandonam filhos. E ai você sente aquela energia que corre no seu corpo, e tem certeza que seus guias e Orixás te ouviram.
E quantos bons soldados de Umbanda estão guardando seus medos e preocupações no bolso, para ajudar um outro irmão. Seguidores da máxima do Cristo.
Gente nossa, gente valorosa, gente de raça, de fibra, gente minha na fé.
Mas mesmo com tanto sofrimento, algumas pessoas ainda não entenderam a necessidade da mudança, da reforma.
Todos os dias ainda nos deparamos com pessoas abusivas, agressivas, violentas, simplesmente irascíveis. Brigas que começam nas redes sociais, no dia a dia do nada, por motivos fúteis, simplesmente pela necessidade de impor suas verdades, chocar, ou se sentirem fortes em humilhar ou tripudiar sobre o outro.
Puxa vida, tanta coisa a fazer, porque perder tanta energia? Vão fazer a caridade, vão ajudar uma família necessitada, vão dar uma boa palavra, vão ser uteis.
E fico a refletir será que irá ser necessário algo ainda pior? para que essas pessoas se modifiquem? Pessoas com necessidades doentias, simplesmente de intoxicar os outros com seus endurecimentos, como se outras pessoas não tivessem sofrimento o suficiente. Por favor, sejam luz, levem palavras de paz, de amor. Sejam o instrumento da paz na vida de outras pessoas. Infelizmente algumas pessoas parecem não querer essa mudança. Ainda não descobriram o espírito Crístico.
Esses dias eu ouvi um irmão num grupo dizer: Estou desesperado, nem uma vela tenho para acender e oferecer ao meu Orixá.
Precisa de vela? para falar com o Orixá? Não. Só coração e Fé. O Orixá, nossos guias sabem de nossas necessidades.
O mais triste é aqueles que ainda tentam tirar dinheiro e proveito desses médiuns e pessoas necessitadas. Falsos profetas.
Muitos de nós já tivemos momentos difíceis, ao ponto das nossas lágrimas sufocarem nossa voz. Momentos que as lágrimas sufocam as preces. Se você meu irmão estiver nessa situação lhe deixo um ensinamento do meu mestre boiadeiro, meu amigo Chico Mineiro que disse:
<img src="https://i.pinimg.com/564x/d3/b7/74/d3b77471ad3387fb935189d1542a076a.jpg&quot; alt="Praying
"Filhos nunca percam a Fé, nunca percam o Amor pelos vossos guias e Orixás. Nunca percam a Fé em Deus e em nosso mestre Jesus. Porque tenham certeza, que mesmo que sua dor seja grande, e suas lágrimas emudeçam suas orações, mesmo que a força de suas pernas lhes falte para que prostrem seus joelhos para Deus. Pois saibam, que seus guias nesse dia, estarão do lado de vocês, fazendo as orações que vocês não estão tendo forças. Nós seremos a sua força. Um verdadeiro soldado de Umbanda, nunca estará sozinho".
E completou: mesmo aqueles irmãos nossos na penúria da vida, caminhantes das ruas, mesmo eles, quando oram a Deus. Deus envia o pão e a água. Porque ninguém que clamou com fé a Jesus deixou de ser ouvido.
Quando tudo isso passar, que a cura chegar, porque ela está vindo. Porque Deus é bom e justo, e estiverem em vossos terreiros novamente, olhem bem, cada detalhe, e olhem para o nosso Pai Oxalá no altar e digam:
Obrigado meu pai, pela coragem e por ter me carregado no colo quando minhas pernas fraquejaram.
Gratidão por mais uma lição e aprendizado.
E se as lágrimas escorrerem, deixem cair.
São lágrimas de Amor.
(Que Jesus abençoe grandemente vossas vidas e saúdes. Cuidem-se)
Cristina Alves - Uma soldado de Umbanda.
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira.

O QUE TEM HAVER IOGA COM UMBANDA?

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Texto de Rubens Saraceni sobre O príncipe das Trevas> Organizado por Alexandre Cumino.

|   TEXTO |

O Príncipe das Trevas na Obra de Rubens Saraceni 

- organizado e comentado por Alexandre Cumino -
"portanto que cada um fique com os “demônios” que criaram para si e para suas religiões"


Lúcifer, Satanás, Capeta, Demônio, Belzebu, Tinhoso, Chifrudo, Coisa Ruim, etc... O que seria isto dentro da Umbanda?
A Umbanda não crê em demônio, da forma como foi idealizado no Cristianismo, no entanto muitas vezes nos deparamos com mistérios negativos assentados nas trevas e nos questionamos acerca de nossa ignorância sobre os mesmos. 
Lendo a obra psicografada por Rubens Saraceni nos deparamos muitas vezes com estes mistérios da criação. Em A Evolução dos Espíritos tomamos conhecimento de um Avatar, um Demiurgo, que em uma era desconhecida para nós, talvez a mítica Atlântida, que encarnou e chamou a si todos os filhos de Deus negativados para recolherem-se com ele nas faixas negativas do astral. 
Esta seria uma forma de entender o mítico Lúcifer-yê, um mistério assentado nas Trevas para recolher os que ficam pelo caminho.
No Cavaleiro da Estrela Guia nos deparamos com “O Próprio Ser Infernal” que invade a “Assembléia Sinistra” com o objetivo específico de levar consigo o Cavaleiro, que mergulha na dor e nas trevas.

Nas palavras do Cavaleiro:
O que me aconteceu? O horror, o pavor, o medo, a angústia, a aflição, o desespero, a loucura, o remorso, a tentação, a luxúria, o desejo, e muitos outros mistérios das trevas da ignorância se fizeram vivos no meu mental: tanto superior quanto inferior. Todo o meu ser imortal foi violado e violentado. O horror de me ver sendo levado pelo próprio senhor dos horrores. O medo do que me aconteceria. A angustia por não saber se voltaria à Luz. A aflição por meu estado enérgico que se enfraquecia a cada instante. O desespero pelas dores horríveis que sentia ao ser torturado cruelmente. A loucura pelas visões horrendas que tive. O remorso ao ter, diante de meus olhos, todos os meus fracassos diante da lei na execução de determinadas tarefas. A tentação, ao ter meu mental inferior ativado ao máximo por aquele que tem a chave de acesso a ele. A luxúria ao dar vazão a tentação, ampliada em muito na sua intensidade. O desejo ao ver, ainda que ilusório, o ser dos meus encantos e desejos. 
A tudo eu ouvia, via ou reagia com uma observação apenas: eu sou você e você é parte de mim...

[...] Então, em um último esforço, criei em meu mental o vazio absoluto...
A voz do silêncio... eu tornei a ouvi-la, no meu vazio absoluto, dizendo: “Se você morrer por mim, eu, o seu Criador, irei revivê-lo em mim, pois só eu sou a Vida, o resto é apenas um meio de vida  da Vida. Eu sou a Vida, e quem vive em mim, por mim e para mim, jamais morrerá...
[...] Minha prova havia terminado. Um dia meu ancestral místico me havia dito: “Um dia eu testarei seu amor por mim”. Este havia sido o dia... E foi este amor que me resgatou da queda nas trevas do mental inferior...

No Guardião da Meia Noite a mesma história se passa por outro prisma, no qual é ressaltado o compromisso que todos os guardiões assumem, após a queda do Cavaleiro e sua posterior reencarnação. 
No título Guardiões dos Sete Portais, Lúcifer-yê aparece muitas vezes como o mistério da ilusão, aquele que abençoa amaldiçoando e que amaldiçoa abençoando, pois se apresenta invertido na criação. Acompanhamos uma luta milenar travada entre o Cavaleiro da Estrela da Guia junto aos Guardiões, contra Lúcifer-yê e os caídos nas trevas humanas. Fica claro, no entanto, que tem uma importância maior a presença de Lúcifer-yê e seu mistério nas faixas negativas.
No Guardião das Sete Encruzilhadas podemos ler as palavras de Lúcifer-yê, em desabafo dirigido ao Criador, a quem ele diz amar, adorar e venerar. Abaixo coloco apenas uma parte de seu “desabafo” de forma editada:
-Por que, meu Senhor? Por que tinhas de me enviar até este abismo da perdição humana? 
Por que logo eu, que tanto vos amo, adoro e venero, tinha de ser o escolhido para ser o catalizador, absorvedor e acumulador das energias geradas por todos os espíritos humanos viciados? Por que, meu Senhor? Não vedes que eles, os humanos nunca vão aprender...
[...] Senhor meu, eu vos amo, respeito, adoro e venero, e, no entanto sou tão incompreendido pelos servos do meu irmão do alto! Eles não entendem que se sou como sou é porque assim são os semelhantes deles que não vos amam, veneram, adoram e respeitam, e que por vós são enviados ao meu reino sem luz com todos os vícios humanos, os quais tornam meus domínios depósitos da escória humana. Eles não sabem que só odeio quem vos despreza; só persigo quem se afasta de voz...
[...] Por que vosso servo do alto não diz a eles como realmente sou, quem eu sou e por que sou como sou?

E agora, quase dez anos depois, com a publicação do recém lançado Cavaleiro do Arco Íris, temos uma conclusão com relação a este mistério na criação, que se revela num diálogo travado entre o Cavaleiro e o Príncipe das Trevas, como vemos abaixo:

- Descobriu quem sou eu, Mago da Vida?
- Se não estou enganado, é aquele que chamo de Príncipe das Trevas. Estou certo?
- É assim que me concebe, mago da Vida?
- É assim que o idealizo e concebo, já que reina absoluto nos domínios sóbrios da face escura do Senhor das Trevas.
- Não acha melhor uma concepção menos humana, Mago da Vida?
- Nem pense nisso, Príncipe das Trevas.
- Por que não? Uns me concebem e idealizam como um cão infernal, outros me imaginam como uma hidra ou um dragão, ambos assustadores. Já me idealizaram e conceberam de tantas formas que só a criativa imaginação humana é capaz de tanto, sabe?
- Sei, sim. Por isso o idealizo e o concebo como príncipe, Príncipe das Trevas!
- Tem certeza de que não me prefere como a tenebrosa, assustadora e maldita serpente das trevas , à qual você vinha combatendo desde que se humanizou e idealizou-me e concebeu-me como a traiçoeira e peçonhenta serpente das trevas?
- Nem pense nisso, príncipe! Já chega de combater serpentes.
- Mas foi você mesmo que semeou essa minha concepção no meio humano, Mago da Vida!
- Eu fiz isso?
- Fez, sim.
- Essa não! Deve ter sido por causa dos meus ancestrais irmãos venenosos e traiçoeiros, sabe?
- Eu sei?
- Não sabe?
- Eu deveria saber, Mago da Vida? Afinal, venenosos e traiçoeiros são seus asquerosos irmãos ancestrais, não eu, que só tenho recolhido-os em meus domínios e contido suas iras e fúrias com os tormentos que eles criaram para si mesmos.
- Essa não! Só agora você me revela isso, irmão Príncipe das Trevas?
- O que foi que eu revelei, irmão Mago da Vida?
- Que você assume a condição com a qual o distinguimos em nossa imaginação, e depois plasma o tormento que é em si mesmo, já segundo nossa concepção e idealização. E daí em diante se nos mostra tão tormentoso e assustador como imaginamos que deva ser, oras!
- Você não sabia que eu era, e sou assim?
- Agora sei, irmão Príncipe das Trevas.
- Que Mago da Vida estúpido que você era, não?
- Sem ofensas, príncipe. Não vamos baixar o nível de nossa conversa, certo?
- Tudo bem, Mago. Mas que você foi um estúpido em comparar-me aos seus venenosos e traiçoeiros irmãos ancestrais, isso foi, certo?
- Ponto para você, príncipe. Eu real-mente fui um estúpido quando acreditei que aqueles safados eram você. Mas ago-ra não me enganarão mais, sabe?
- Porque acha que eles não o enganarão, se são uns enganados enganadores?
- Bom, eu já o idealizei e concebi como o Príncipe das Trevas, que aos meus olhos só se mostrará como escuridão, nunca como uma aparência desumana. Portanto se alguma sombra mover-se no meio da escuridão, com certeza não será você porque é ela em si mesmo, e não o que se move dentro dela.
- Que sábia descoberta, Mago da Vida. Já estou deixando de vê-lo como um estúpido e achando-o um sábio.
- Eu, um sábio? Nem pense isso, príncipe. Sou só um modesto aprendiz dos vastos mistérios da Criação. Agora, você sim, é um sábio que tem muito o que me ensinar sobre seus domínios ocultos pela escuridão do seu mistério, que é você em si mesmo.
- Você está me idealizando como um sábio, Mago da Vida?
- Já o idealizei como sapientíssimo Príncipe das Trevas, que certamente me instruirá em como devo proceder com meus astutos, traiçoeiros e venenosos ir-mãos ancestrais que se ocultaram na sua escuridão. Com certeza de agora em diante eles não ficarão invisíveis aos meus olhos porque os diferenciarei de você mesmo, já que você é a escuridão e eles são as sombras ou as formas desumanas que vivem, habitam e se movem em seus domínios. Com certeza caso eu venha a ser confundido por eles, você imediata-mente me alertará e instruirá sobre como proceder em seus domínios e como anular as ações intentadas por eles.
- Essa não, Mago da Vida!!!
- Esse sim, Príncipe das Trevas...
[...] Você disse que me ama e estima, respeita e confia e até me tem na conta de um nobre príncipe!
-  É isso mesmo. Eu descobri sua razão de existir como parte do todo e encontro nobreza no seu modo de atuar, pois não atua de outro modo e forma que não a desejada por quem o idealiza, concebe e concretiza. Só um nobre é tão generoso, e só um concede o que dele desejam, ou estão aptos adquirirem, assumirem e sustentarem. Um nobre não nega algo se o que lhe foi pedido é justo, e não impõe nada a ninguém se for violentar sua natureza ou contraria seus desejos mais íntimos, sabe?
- Agora sei, Mago da Vida. Já estou me sentindo um nobre príncipe regente dos vastos domínios escuros do Senhor da Trevas. E, para ser sincero, até estou me sentindo melhor nessa sua nova idealização e concepção humana do que eu me senti na concepção anterior, quando você me idealizou como uma asquerosa e traiçoeira, venenosa e ardilosa serpente, sabe?
- Agora sei, Príncipe das Trevas!...
[...] - É isso, Mago esclarecido. Eu não tenho a iniciativa em nenhum campo. A mim compete unicamente a reação a todas as iniciativas incorretas. Se uma religião disser que um determinado procedimento é um pecado, quem proceder segundo ela indicou estará pecando e provocará uma reação de minha parte. E se a reação é ir para o purgatório, o pecador irá para o purgatório. Se indicar que deve ir para o inferno, então irá para o inferno. E assim por diante.
Eu sou um mistério que só adquiro existência a partir das ações contrárias à vida. Mas, quando cessam as ações e as causas delas, cessa minha atuação na vida de quem me ativou em sua existência.
- Acho isso tudo de uma lógica e grandeza única, nobre e esclarecedor Príncipe das Trevas.

Este desfecho para as aparições do Príncipe das Trevas na obra de Rubens Saraceni, revela algo muito especial no que diz respeito à compreensão dos mistérios, no caso deste em específico e de outros que seguem o mesmo modelo. Creio que algo semelhante se dá com o Mistério Exu, por exemplo, pois quando se concebe Exu como algo positivo ele se mostra de forma positiva, ao concebê-lo de forma negativa ele se mostra de forma negativa. Muitos crêem que Exu deve ser agressivo, falar impropérios e expor as pessoas ao ridículo, o resultado é que muitas entidades assumem esta carapaça para se enquadrar na expectativa de quem o evoca. É claro que nem sempre quem responde a este chamado são as entidades de Lei. 

Pelo que entendemos aqui o Príncipe das Trevas está muito longe da concepção e idealização do “demônio” católico ou evangélico, portanto que cada um fique com os “demônios” que criaram para si e para suas religiões. Pois o único e verdadeiro demônio em nossas vidas somos nós mesmos quando caminhamos movidos pelo Ego.

Religião x Dinheiro

Sabemos que muitos se  embrenham nas Religiões, parcialmente ou unicamente visando o interesse financeiro. Nestes longos anos de aprendizado...