domingo, 11 de dezembro de 2011


       Umbanda


Inicio da Umbanda, muitos não conhecem mas foi o Sr.Zélio Fernandino de Moraes quem iniciou a Umbanda no Brasil, ele nasceu no dia 10 de abril de 1891, no distrito de Neves, município de São Gonçalo - Rio de Janeiro.

Aos dezessete anos quando estava se preparando para servir as Forças Armadas através da Marinha aconteceu um fato curioso.


Estávamos no ano de 1908, nessa mesma época, o jovem havia terminado o curso propedêutico(atual ensino médio), contava com quase 17 anos de idade e sofria de um estranho mal á algum tempo.

Ás vezes, sem nenhuma razão aparente, ele começava a falar em línguas estranhas.

Ou então assumia outras personalidades totalmente diversas de sua própria.

Ás vezes se assemelhava a um preto velho, arcado, reumático; outras vezes em uma figura de andar felino, jovem e lépida, e como não podia deixar de ser, este estado anormal logo chamou a atenção de seus familiares.

Principalmente, porque este jovem, seguindo uma tradição familiar, estava se preparando para seguir carreira na marinha, como aluno oficial.

Esse estado foi se agravando e os chamados ataques, se repetindo cada vez mais freqüente.

A família contava, entre outros, com o nome de um medico famoso em sua época, o Dr. Epaminondas de Moraes, diretor do Hospício de Vargem Grande e tio do referido jovem que se chamava Zélio Fernandino de Moraes.

Por isso, sua família não titubeou em envia-lo ao tio.

Este após axamina-lo e observa-lo durante alguns dias, reencaminhou-o á sua família, dizendo que a loucura não se enquadrava em nada do que ele havia conhecido, ponderando a ainda, que o melhor seria encaminha-lo a um padre, pois o garoto mais parecia estar possuído.

Como acontecia com quase todas as famílias importantes da época, também havia na família um padre católico.

E através desse sacerdote foi realizado um exorcismo para livrá-lo daqueles incômodos ataques.

Todavia, nem esse, nem os dois exorcismos realizados posteriormente, inclusive com a participação de outros padres católicos, conseguiram dar a família Moraes o tão desejado sossego, pois as manifestações prosseguiam, apesar de tudo.

Tempos depois Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, para o qual os médicos não conseguiram encontrar a cura.

Passado algum tempo, num ato surpreendente Zélio ergueu-se do seu leito e declarou: "Amanhã estarei curado".

No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido.

Nenhum médico soube explicar como se deu a sua recuperação.

Sua mãe, D. Leonor de Moraes, levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região onde morava e que incorporava o espírito de um preto velho chamado Tio Antônio.

Tio Antônio recebeu o rapaz e fazendo as suas rezas lhe disse que possuía o fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar com a caridade.

O Pai de Zélio de Moraes Sr. Joaquim Fernandino Costa, apesar de não freqüentar nenhum centro espírita, já era um adepto do espiritismo, praticante do hábito da leitura de literatura espírita.

No dia 15 de novembro de 1908, por sugestão de um amigo de seu pai, Zélio foi levado a Federação Espírita de Niterói, município vizinho a São Gonçalo, onde residia a família Moraes.

A Federação era então presidida pelo Sr. José de Souza, também militar da marinha.

Estava num daqueles chamados ataques.

Que nada mais eram do que involuntárias incorporações de diferentes espíritos.

Lá chegando, o Sr. José de Souza, médium vidente, interpelou o espírito manifestado no jovem Zélio e houve o seguinte dialogo.

Sr. José de Souza – “Quem é você?”

O espírito - "Sou apenas um caboclo brasileiro"

Sr. José de Souza – “Você se identifica como um caboclo, Por que fala deste modo se está vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz?” O Espírito –

“O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior”. Fui frade, meu nome era Gabriel Malagrida e fui eu quem previu o terremoto em Lisboa em 1755. Mas em minha ultima existência física.
DEUS concedeu-me o privilegio de nascer como Caboclo Brasileiro.

“Sr. José de Souza – “ E qual é o seu nome?”

O Espírito – ‘"Se É PRECISO QUE EU TENHA UM NOME digam que sou o CABOCLO DAS SETE ENCRU­ZILHADAS, pois não haverá caminhos fecha­dos para mim.

 Venho “trazer a Umbanda, religião que harmonizará as famílias e que perdurará até o final dos séculos” ...

No desenrolar dessa conversa, entre muitas outras perguntas, O Sr. José de Souza teria perguntado se já não bastavam as religiões já existentes, e fez menção ao espiritismo então praticado e foram estas palavras do Caboclo das Setes Encruzilhadas.

O Espírito – “DEUS, em sua infinita misericórdia, estabeleceu na morte o grande nivelamento universal.

Ricos, poderosos ou humildes se tornam iguais na morte, mas vocês homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo alem da carreira da morte.

PORQUE NÃO PODEM NOS VISITAR ESSES HUMILDES TRABALHADORES DO ESPAÇO, SE APESAR DE NÃO HAVEREM SIDO PESSOAS IMPORTANTES, TAMBEM TRAZEM IMPORTANTES MENSAGENS DO ALEM? POR QUE O NÃO AOS CABOCLOS E PRETOS VELHOS.

ACASO NÃO FORAM ELES TAMBEM FILHOS DO MESMO DEUS?”
A seguir, fez uma serie de revelações sobre o que estava á espera da humanidade:

- “Este mundo de iniqüidades, mais uma vez será varrido pela dor, pela ambição do homem e pelo desrespeito ás leis de DEUS.

As mulheres perderão a honra e a vergonha.

A vil moeda comprará o caráter e o próprio homem se tornará afeminado.

Uma onda de sangue varrerá a Europa e quando todos acharem que o pior dos horrores já foi atingido, uma outra onda de sangue, muito maior do que a primeira voltará a envolver a humanidade, e um único engenho militar, será capaz de destruir em segundos, milhares de pessoas.

O homem será uma vitima de sua própria maquina de destruição. ”

Não nos esqueçamos que estávamos no ano de 1908 e que nem imaginavam as armas atômicas, e que o meio de transporte mais usado, ainda era o cavalo.

E prosseguindo, ainda ante o Sr. José de Souza, disse também o Caboclo das Setes Encruzilhadas:

O Espírito – “Amanhã, na casa em que meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e qualquer entidade que queira se manifestar,independentemente daquilo que haja sido em vida.

Todos serão ouvidos.
Nós aprenderemos com aque­les espíritos que souberem mais, ensi­na­remos os que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem dire­mos não, pois esta é à vontade do Pai.

" Sr. José de Souza – “Que nome darão a essa casa?”

O Espírito – “Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma que MARIA ampara nos braços o Filho, a tenda acolherá aos que a ela recorrerem nas horas de aflição!

No dia seguinte, na casa da Família Moraes, o Caboclo se manifesta fundando ali a Tenda Espírita Nossa Senhora da Pie­dade, porque assim como Nossa Senhora aco­lheu Jesus em seus bra­ços, a Umbanda ha­veria de acolher os filhos seus.

Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi
confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras: "-

Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá",

Após insistência dos presentes fala:"-

Num carece preocupá não.

Nêgo fica no toco que é lugá di nêgo".

Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade.

Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:

"- Minha caximba.,nêgo qué o pito que deixou no toco.

Manda mureque buscá".

Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião.

Foi Pai Antonio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de "Guia de Pai Antonio".

No outro dia formou-se verdadeira romaria em frente à casa da família Moraes.

Cegos, paralíticos e médiuns que eram dado como loucos foram curados.

A partir destes fatos fundou-se a Corrente Astral de Umbanda.

Após algum tempo manifestou-se um espírito com o nome de Orixá Malé, este responsável por desmanchar trabalhos de baixa magia, espírito que, quando em demanda era agitado e sábio destruindo as energias maléficas dos que lhe procuravam.

Dez anos depois, em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebendo ordens do astral fundou sete tendas para a propagação da Umbanda, sendo elas as seguintes:

Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição;
Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro;Tenda Espírita Oxalá;
Tenda Espírita São Jorge; Tenda Espírita São Jerônimo.

As sete linhas que foram ditadas para a formação da

Umbanda são: Oxalá, Iemanjá, Ogum,Iansã, Xangô, Oxossi e Exu.

Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000 tendas a partir das acima mencionadas.

Zélio nunca usou como profissão a mediunidade, sempre trabalhou para sustentar sua família e muitas vezes manter os templos que o Caboclo fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo o que dizem parecia um albergue.

Nunca aceitara ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele.

O ritual sempre foi simples.

Nunca foi permitido sacrifícios de animais.

Não utilizavam atabaques ou qualquer outros objetos e adereços.

Os atabaques começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas pelo
Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da Piedade não utiliza em seu ritual até hoje.

As guias usadas eram apenas as determinadas pelas entidades que se manifestavam.

A preparação dos médiuns era feita através de banhos de ervas e do ritual do amaci, isto é, a lavagem de cabeça onde os filhos de Umbanda afinizam a ligação com a vibração dos seus guias.

Após 55 anos de atividade, entregou a direção dos trabalhos da Tenda Nossa Senhora da Piedade a suas filhas Zélia e Zilméia.

Mais tarde junto com sua esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa da Tenda e aparelho do Caboclo Roxo fundaram a Cabana de Pai Antonio no distrito de Boca do Mato, município de Cachoeira do Macacú – RJ.

Eles dirigiram os trabalhos enquanto a saúde de Zélio permitiu.

Faleceu aos 84 anos no dia 03 de outubro de 1975.

Durante os seus 67 anos de tra­balho voltado para a Umbanda, Zélio fun­dou dezenas de Tendas e ajudou a fundar centenas delas.

Das tendas fun­dadas por ele, que se mantinham sob seu comando indireto, continua ati­va ainda a Tenda Espírita São Jorge, sob o comando do Sr. Pedro Mi­randa, tam­bém presidente da União Espírita de Umbanda do Brasil, que já se chamou Federação Espírita de Um­banda do Brasil, a primeira Federação da nossa religião fundada em 1939 por orien­tação do Caboclo das Sete encruzilhadas.
Zélio de Moraes era homem de um coração e bondade que pouco se vê, comparado apenas aos grandes Mes­tres Iluminados que já passaram por esta Terra.

Zélio deixou um legado para seus descendentes:

A mais antiga tenda de Umbanda existe e funciona até os dias de hoje na Travessa Zélio de Moraes em Boca do Mato, no município de Ca­choeiras de Macacu, onde funciona tam­bém a Cabana de Pai Antônio.

À frente dos trabalhos hoje está a neta carnal de Zélio de Moraes a Sra. Lygia Cunha. Mãe Zilméia de Moraes Cunha (Mãe carnal de Lygia) se encontra na flor dos seus 93 anos de idade com uma lucidez de
impressionar qualquer pessoa.

Mãe Zilméia é uma senhora de uma grande simpatia e muita simplicidade no modo de viver.

A forma como ex­pressa seus sentimentos a caracterizam como a pessoa mais amorosa que este simples escrevente teve o prazer de conhecer.

Pai Antônio sempre a cha­mou de carnei­rinho, por suas madeixas douradas e seu jeito doce de lidar com as pessoas.

Mãe Zilméia se emociona ao lembrar de tantos anos ao lado de seu Pai na lida espiritual e sempre que relata alguns dos casos e histórias que envolvem sua vida espiritual costuma dizer:

"Não me arre­pendo de nada, fa­ria tudo outra vez;"

"Nasci para ser espírita!"
"Papai sempre dizia..." Não há quem não se sinta ao lado de uma Mãe ou de uma Avó muito querida, quando tem a oportunidade de trocar algumas palavras com esta querida, de todos nós mãe, Zilméia, fi­lha carnal de Zélio de Moraes.

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