terça-feira, 31 de janeiro de 2012


Por Deus Nosso Senhor

Oláaa…. Estou aqui invadindo o blog momentaneamente, com a permissão da minha mãe carnal/espiritual, para falar do novo cd de Chico 
Buarque
chamado ‘Chico’ que volta após cinco anos de sua última turnê com o show de seu lançamento e a convite, eu levarei meu pai carnal/espiritual no dia de seu aniversário!
Na verdade, não quero falar do cd do Chico, mas de uma música em especial que emocionou muito a todos nós
e principalmente a minha mãe…

E falando de mim e minhas emoções, é difícil querer passar em palavras as sensações e sentimentos que tive ao ouvi-la, tão forte em expressão e sentido, fazendo referência a um passado tão presente em nossas vidas… O uso abusivo do poder, a guerra entre crenças, a intolerância, a agressividade e tantos outros temas dentro de uma única música…. Uma música que faz de si, a voz de tantos… Uma música que alegra e entristece na mesma proporção…. Uma música que fala por assobios… uma música… A Música….
A Música que chora em yoruba.
A Música que não precisa de traduções ou explicações.
A Música que se resume em ouvir e sentir… e refletir.

A música que somos nós… Nosso passado, nosso presente e nosso futuro… Nós como poderosos, intolerantes e agressivos herdeiros sararás…
… Nós como sofredores, abusados e retalhados…
Nós com ares de senhores e verdadeiros Gabriela Caraccio



Chico Buarque – Sinhá 


Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem

Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
Por que me faz tão mal
Com olhos tão azuis
Me benzo com o sinal
Da santa cruz

Eu só cheguei no açude
Atrás da sabiá
Olhava o arvoredo
Eu não olhei Sinhá
Se a dona se despiu
Eu já andava além
Estava na moenda
Estava para Xerém

Por que talhar meu corpo
Eu não olhei Sinhá
Para que que vosmincê
Meus olhos vai furar
Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus
Para que que vassuncê
Me tira a luz

E assim vai se encerrar
O conto de um cantor
Com voz do pelourinho
E ares de senhor
Cantor atormentado
Herdeiro sarará
Do nome e do renome
De um feroz senhor de engenho
E das mandingas de um escravo
Que no engenho enfeitiçou Sinhá


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