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07 Feb 2012 04:48 PM PST
Venerado pela igreja, adorado
pelos feiticeiros, respeitado pelos magos…
São Cipriano, bispo de Antioquia,
passou para a história como um mártir e ganhou a fama como o mago mais
conhecido do mundo.
Nascido no século III d.C.,
segundo a lenda, ele logo entrou para a irmandade dos magos depois de uma
estadia entre os persas.
Na sagrada terra do culto do
fogo, ele aprendeu as artes adivinhatórias e invocatórias.
Os ancestrais espíritos e gênios
eram conhecidos por Cipriano, que mantinha contato freqüente com o Mundo
Invisível.
Voltando para sua cidade natal,
Cipriano começou exercer sua rentável profissão.
Logo adquiriu fama e era
procurado por nobres, comerciantes e guerreiros.Certo dia um cavalheiro
apaixonado pediu um feitiço amoroso, um “filtrum”, como chamamos em magia
natural.
O alvo era a bela e jovem
Justina, nobre virgem cobiçada por muitos ricos senhores.
Justina havia sido recentemente
convertida a uma nova e estranha religião…
Seus seguidores adoravam um judeu
crucificado da Palestina que tinha feito muitas curas e
profecias.
Aos olhos dos antioquenos isso
era até engraçado.
Por que adorar um homem, se
existiam tantos deuses e gênios?
Cipriano preparou um filtrum e
nada aconteceu.
O cavalheiro apaixonado
reclamou e exigiu o dinheiro de volta.
Nosso mago, muito contrariado e
não acostumado a falhar, refez a poção e adicionou um conjuro
especial.
Nada!
Agora a coisa era para
valer!
O Mestre Cipriano convocou o Rei
dos Gênios em pessoa.
Dentro do círculo mágico ele
ordenou e o terrível Jinn se fez presente.
O gênio explicou que Justina era
serva de uma entidade de maior magnitude e nada poderia fazer…
Dito e feito.
Movido pela curiosidade Cipriano
vai até Justina.
Estabelece uma rica conversa com
ela e percebe na garota uma luz especial.
Dias depois, o poderoso Cipriano
se convertia ao Cristianismo primitivo,
que nesta época era uma religião
cheia de magia, sabedoria e simplicidade.
Afinal, o Cristianismo nascente
era o herdeiro da religião dos velhos magos da Pérsia.
Não estavam os três grandes
magos persas diante do menino Jesus na noite de Natal?
Cipriano e Justina morrem juntos
durante a perseguição aos cristãos.
Séculos depois, curandeiros e
benzedores europeus vão pedir a Cipriano, que virou santo, favores e
saberes.
O culto de São Cipriano chegou ao
Brasil com os degredados portugueses perseguidos pela
Inquisição.
Na memória eles traziam as
fórmulas, orações e magias ciprianas.
Bem mais tarde os primeiros
“livros de São Cipriano” chegaram aqui.
Com a chegada dos negros
escravos, os Mulojis (xamãs) bantus tomaram conhecimento da tradição do mago de
Antioquia.
Boa coisa!
Na Kimbanda Cipriano era
considerado um Makungu (ancestral divinizado) e digno de
culto.
Em Angola os Mulojis já
cultuavam Santo Antonio, que se encarnou numa profetisa bantu chamada Kimpa
Vita.
Por isso, dentro do culto de
Cipriano os xamãs botaram muitas mirongas e mandingas.
O tempo passou e a Kimbanda virou
Quimbanda.
Elementos da feitiçaria
ocultista e mesmo da magia negra penetraram nos ensinamentos dos sábios Tios e
Tias africanos.
São Cipriano entrou nos mistérios
da noite.
O respeito virou medo e
assombro.
O santo ganhou Ponto Cantado,
Riscado e Dançado.
Pulou do altar para o chão de
terra, virou chefe de Linha e Falange, vestiu toga negra e até adquiriu um gato
preto!
Na Lua Cheia de agosto ele tem
festa à meia-noite, junto com a Comadre Salomé e os Compadres Bode Preto e
Ferrabrás.
Até uma Fraternidade Mágica ele
ganhou, quando Dom Fausto, um curandeiro,
encontrou um frade agonizando
perto de um local desértico.
Examinando o doente, ele notou
que o religioso fora mordido por uma venenosa serpente e estava à beira da
morte.
Dom Fausto o carregou até sua
casa e o curou com a ajuda de preciosas ervas.
Como agradecimento, o frade
presenteou o curandeiro com uma velha cruz de madeira.
Noites depois, na pobre casinha
de Dom Fausto, ocorreu um fato sobrenatural.
Uma estranha e misteriosa luz
emanou da cruz, preenchendo todo o ambiente.
O curandeiro acordou e viu, ao
lado da cruz iluminada, a figura de um velhinho barbado com mitra na
cabeça.
O personagem que segurava um
cajado, sorriu para ele e disse:
-“ Venho até você e
peço…
Crie uma fraternidade de bons
homens e mulheres, façam a caridade e curem em nome de Deus.”
O curandeiro, admirado,
perguntou:
- “Quem é você?”
O espírito
respondeu:
- “Sou
Cipriano!”
Dias depois, Dom Fausto reuniu
seus tios, alguns primos e contou o ocorrido.
Nasceu assim uma Fraternidade de
cura sob a proteção de São Cipriano.
Isto aconteceu no século XVIII,
em Dezembro de 1771.
Durante algum tempo o piedoso
grupo só admitiu parentes.
Porém, segundo orientações
espirituais, foram sendo convidadas pessoas de boa índole de outras famílias e
procedências.
Por tradição uma cidade mágica
era escolhida para sediar a Fraternidade.
O critério da escolha sempre foi
motivado por estranhas leis estudadas na Radiestesia.
Paraty (RJ) foi a cidade
escolhida, pois, além das condições telúricas excelentes,
ela é toda construída com sólido
simbolismo maçônico.
Coincidentemente, a região
também tinha forte presença kimbandeira e quimbandeira,
que com o tempo chegou até a
receber os místicos cultos da Cabula e da Linha das Almas.
Hoje a cidade não fica por
menos, já que conhecemos algumas irmandades de iniciados
cabalistas,
templários e yogues que se
estabeleceram por lá.
Na Quimbanda os espíritos de
alguns pretos velhos de origem bantu se filiam na Linha de São
Cipriano.
Estas são almas de antigos
mandingueiros, feiticeiros (aqui com o sentido de xamã) e
kalungueiros.
Todos mestres nas artes da cura e
da magia.
Muitos até adotam o nome do
Patrono:
Pai Cipriano das Almas, Pai
Cipriano Quimbandeiro, Pai Cipriano de Angola…
Estas entidades recebem
oferendas na kalunga pequena, perto do Cruzeiro.
Também são ofertadas nas portas
das igrejas e capelas.
Oferendas: Velas brancas ou
brancas e pretas, marafo, café preto e tabaco.
Uma Linha pouco conhecida, mas
também ligada a São Cipriano, se chama Linha dos Protetores.
Neste grupo trabalham espíritos
de velhos magos europeus, ciganos curandeiros e misteriosas entidades do fundo
do mar.
São Cipriano está vivo e é do
bem.
As receitas exóticas dos Livros
de São Cipriano
(Capa de Aço, Capa Preta, Capa
Vermelha, etc…)
jamais foram praticadas ou
escritas por ele.
Elas são uma triste
contribuição da magia negra européia.
Os segredos de São Cipriano
passaram para os Mulojis da Kimbanda e
foram repartidos com alguns
adeptos da Quimbanda.
Contudo, ainda existe o
mistério.
Quais seriam estes
segredos?
Como
diz um velho Ponto Cantado de São Cipriano:
“Santo Antonio é
mandingueiro,
Santo Onofre é
mirongueiro.
Ai, ai, ai, meu São
Cipriano…
Negro que sabe fazer bom
feitiço,
Faz em silêncio, fala pouco e é
quimbandeiro!”
Que a Divina Luz esteja entre nós Emidio de Ogum |
Ex seminarista, com estudos, cursos diversos na amada UMBANDA incluindo o de teologia, praticante desde 1978; vi a necessidade de poder repassar o que aprendo todos dias, quer sejam textos, cursos, vídeos, e-books, aos que possam desejar, sem compromisso algum com quem quer que seja a não ser a DIVULGAÇÃO DE NOSSA AMADA UMBANDA. Se desejarem contato: acevangel@gmail.com
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
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