sexta-feira, 7 de setembro de 2012


OS TRÊS ASPECTOS DO ESPIRITISMO


Fábio José Lourenço Bezerra
O Espiritismo desdobra-se em três aspectos: Ciência, Filosofia e Religião.
Ele nasceu do estudo de fenômenos que não se encaixam nas leis naturais conhecidas pela ciência oficial. Destes fenômenos temos como exemplos os tiptológicos, isto é, pancadas de origem desconhecida em móveis, paredes, teto, etc., (este foi o primeiro fenômeno estudado), e logo em seguida o das "mesas girantes", objetos (em sua grande maioria, como o nome sugere, mesas) que levitavam, giravam e davam pancadas no chão sem que ninguém, nem nada conhecido, os movesse.

Os fenômenos supracitados chamaram a atenção de muitos cientistas e pesquisadores (como ocorreu com Allan Kardec) que, curiosos em relação às causas dos mesmos, resolveram empregar métodos que pudessem ligá-los a causas naturais ou à fraude. Verificaram, com assombro, que além de não possuírem nenhuma explicação, eles eram provocados por uma inteligência, dotada de vontade própria, de conhecimentos, em muitos casos, muito superior aos do médium e dos assistentes (Ver o texto "O Início do Espiritismo Parte 2 – A Codificação", neste blog).
As próprias inteligências comunicantes deram instruções para melhorar os métodos de comunicação, que foi continuamente aperfeiçoado (hoje em dia eles se comunicam até pelo computador). Eles próprios disseram, antes que alguém sequer pensasse nessa hipótese, e mesmo em meios avessos a essa idéia, que eram Espíritos, almas de homens que um dia viveram na Terra ou em outros mundos. Deram, em muitas ocasiões, várias provas de sua identidade, como por exemplo seu nome completo e os de seus parentes, endereço quando vivo, até a localização de objetos, documentos, que só eles sabiam onde estavam, e estes foram encontrados tal qual disseram as inteligências comunicantes. Falaram e escreveram, em alguns casos, em línguas desconhecidas de todos os presentes na experiência. Materializaram-se em muitas ocasiões, adquirindo consistência sólida e peso, assumindo toda a aparência de quando vivos (como nas experiências de Cesare Lombroso, quando sua mãe se materializou em sua presença e até o abraçou, e que foi fotografado nas experiências de William Crookes).
Diante das fortíssimas evidências, chegou-se à conclusão de que estas inteligências eram exatamente o que afirmavam ser, consciências sobreviventes à morte do corpo físico, ainda dotadas de emoções, raciocínio, memória e vontade própria. Eles revelaram, dessa forma, leis naturais até então desconhecidas da ciência humana.
É, portanto, embasado em fatos o Espiritismo. Dotado de métodos, conceitos e terminologia própria, modelo teórico de realidade (paradigma), e passível de ser verificado experimentalmente (muitos cientistas o fizeram no passado, e até os dias atuais o fazem, porém de forma independente), desde que respeitadas as condições experimentais necessárias. O Espiritismo assume, dessa forma, o seu aspecto de Ciência (Ver o texto "Por que Ser Espírita?", neste blog).
Os Espíritos revelaram muitos detalhes da vida além-túmulo: como vivem; como influenciam os encarnados e são influenciados por eles; as sensações que experimentaram logo após a morte; a existência de Deus - inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas - e seus atributos (único, eterno, imutável, onipotente, soberanamente justo e bom) através dos quais podemos deduzir consequências e, assim, termos uma idéia do destino reservado a suas criaturas; a existência da reencarnação e sua importância para explicar porque a existência dos sofrimentos e das desigualdades entre os homens não contradizem a idéia da existência de um Deus soberanamente justo e bom. Estas informações nos permitem criar uma visão de mundo que nos dá uma explicação coerente acerca de onde viemos, para onde vamos e qual o sentido da vida; A importância da busca pela sabedoria e do amor ao próximo como caminhos para a felicidade suprema. É quando o Espiritismo apresenta o seu aspecto de Filosofia (Ver o texto "Os Princípios Básicos do Espiritismo", neste blog).
A palavra religião significa religar, a religação com o Criador. O Espiritismo nos apresenta a reforma moral, íntima (que consiste na eliminação do ódio, do egoísmo, do orgulho, da vaidade e do apego aos bens materiais, desenvolvendo a humildade, a tolerância, a compreensão e o amor ao seu semelhante, através da prática da caridade), bem como o desenvolvimento da inteligência e a ampliação do conhecimento, como os caminhos da perfeição espiritual, através de várias existências corpóreas, para a perfeita sintonia e união com Deus. Assim, o Espiritismo assume o seu aspecto de Religião (Ver os textos "Valores de Vida Eterna" e "Por que devemos fazer o bem?", neste blog).
Nada sintetiza mais estes três aspectos do que a frase do codificador do Espiritismo, Allan Kardec: "Não há fé inabalável, senão aquela que pode encarar a razão face a face em todas as épocas da humanidade"


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 ANDRADE, Hernani Guimarães. Parapsicologia: uma visão panorâmica. São Paulo: FE, 2002.

2 CROOKES, William. Fatos espíritas. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1991].

3 DOYLE, Arthur Conan (Sir). História do espiritismo. São Paulo: Pensamento, [1999].

4 KARDEC, Allan (pseudônimo). O livro dos médiuns: ou guia dos médiuns e evocadores: espiritismo experimental. Rio de Janeiro: FEB, [1997].

5 _______________. O livro dos espíritos: princípios da doutrina espírita. 76. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1995].

6 LOMBROSO, Césare. Hipnotismo e mediunidade. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, [1990

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