Venho compartilhando as
reflexões sobre a Mediunidade na Umbanda, seu exercício e sua especificidade.
Ainda é tudo muito mais difícil para a Umbanda qualquer tentativa de
compreensões fora da "caixinha" e constatamos isso como força estimuladora para
não parar.
Minha terceira filha, a Ísis está com 8 meses e faço sempre um
paralelo com a dor que é crescer para a Umbanda que vive uma dor para se
compreender. É isso mesmo, minha filha sofreu com cólicas, agora sofrerá com
nascimento dos dentes e tantas outras experiência do crescimento, crescer dói e
posterior permite vida plena. Da mesma maneira, expandir a consciência, esvaziar
o copo é realmente dolorido, difícil e tormentoso, mas garanto, vale a pena a
superação!
Esta é a última chamada para o curso
MEDIUNIDADE NA
UMBANDA, seguidamente deste mail vou apenas enviar o programa de aulas,
ok?
No entanto, dando andamento na série de textos enviados, segue o
texto SEXTO SENTIDO SENSORIAL, onde proponho uma postura mais madura e natural e
menos missionária e/ou kármica com a Mediunidade, você topa ler? Pode doer, mas
nem tanto, pode também curar feridas da consciência, enfim, só depende de você
mesmo!
O Sexto Sentido Sensorial
Reflexões acerca da mediunidade e sua real
natureza
Todo aquele que
nasce num corpo sadio traz consigo cinco sentidos sensoriais que chamamos de
básicos: audição, visão, tato, olfato e paladar. É natural ao ser humano muitas
vezes não dar tanta atenção à complexidade desses sensores, talvez porque sejam
comuns a todos e são estimulados e vivenciados desde que nascemos.
A criança
Aos pais mais atentos, é possível perceber o
processo de maturação destes sensores no indivíduo. A criança nasce com a visão
muito turva, que vai "clareando" ou "amadurecendo" num prazo de até seis meses,
após este período é que a criança realmente enxerga o mundo a sua volta. O tato
é mais sensível pela boca, por isso é que a criança até seus dois anos terá o
hábito de levar tudo à boca, pois é a partir da sensibilidade oral que a criança
percebe, diferencia e processa texturas, formatos, consistências, bem como o
paladar.
O adulto
Bem, para nós já adultos, andar e correr é algo
"automático", não precisamos de esforços e cálculos, entretanto, observe uma
criança no início da aprendizagem, há medo, calcula-se bem um ou dois passos, é
preciso ter algumas certezas, algo a se apegar para não cair, dar três ou quatro
passos, por algum período é um desafio incrível, e a sensação de satisfação e
superação ao atingir o objetivo, que normalmente é sair do braço da mãe e andar
quatro passos aos braços do pai, é impagável.
O assunto
Toda esta introdução é para que possamos refletir
sobre a mediunidade como mais um sentido sensorial com o qual todos nascem,
reservando suas particularidades e especificidades, a mediunidade está para
todos e é um sensor como os acima citados, porém este "sexto sentido" vem à luz
do indivíduo mais tardiamente, comumente na adolescência, sem regras; pode
acontecer já na maturidade bem como em tenra infância.
Já superamos o período histórico em que a
mediunidade fora tratada como histeria, loucura ou possessão demoníaca.
Quando a mediunidade se apresenta num meio
familiar em que o ambiente é de espiritualistas, tudo será mais fácil,
entretanto, cabem algumas considerações em todas as circunstâncias.
Vemos a mediunidade ser tratada ao longo dos
tempos como um "dom supremo", coisa de gente "superdotada espiritualmente",
fantástico, seres superiores e coisa do tipo, há também aqueles que tratam a
mediunidade como um castigo, uma penitência, um karma, uma dívida...
A fantasia...
Respeito a credulidade alheia, mas desculpe...
Mediunidade não é nenhuma das opções acima, tampouco se trata de coisa de
mutantes, X-men, super herói, nada disso. Todavia, justamente por estas
proposições acerca da mediunidade é que quando ela desabrocha num ambiente sem
estudo e condução coerente acaba por dar vazão a uma fértil criatividade
ilusória perigosa para a vida social e espiritual do indivíduo. É assim que
vemos "incorporações" do cavalo de Ogum relinchando no meio do terreiro, vemos o
corcunda de notre dame na linha de exus, caboclo cego, preto velho paralítico e
tantas outras aberrações comportamentais...
Mediunidade enfim...
Retomando a ideia da mediunidade como um sentido
sensorial como os demais básicos, a mediunidade deve ser observada com seriedade
e bom senso.
Desenvolver a mediunidade é um processo natural,
importante e necessário a todos. Entenda o sentido de desenvolver a mediunidade
como um processo de conhecimento, aceitação, exercício e maturação do
sentido.
Ilustrando o conceito...
Sempre costumo comparar o seguinte: eu tenho
minha audição em perfeito funcionamento, também tenho um paladar funcionando
etc. Mas meu ouvido não é como o de um músico estudioso, treinado e
disciplinado. Quando ouço uma música, simplesmente ouço o conjunto dos
instrumentos que embalam minha audição, entretanto, um músico percebe as notas
musicais, os vários instrumentos e até pode indicar o que está ou não afinado ou
no compasso ideal. Eu não sei tocar instrumento algum e, portanto, jamais, nesta
condição, poderei escutar uma música e reproduzi-la em qualquer instrumento.
Posso mudar isso, estudando música e instrumento, me dedicando, exercitando e
praticando muito, daqui alguns anos poderei estar apto a isso, mas já que me
coloquei como exemplo, neste caso me falta também talento (risos).
O que quero dizer é que audição todos temos,
porém alguns exercitam mais este sentido, apuram a capacidade de ouvir e lidar
com os sons.
Nem melhor, nem pior...
Por isso não existe mediunidade melhor ou pior,
superior ou inferior. Existe sim a mediunidade no indivíduo, este pode ou não
amadurecê-la, pode ou não entendê-la e pode ou não praticá-la
conscientemente.
Tirar a mediunidade do foco da sobrenaturalidade
penso que seja o principal caminho para iniciar um relacionamento maduro com
este sentido, que precisa de cuidados importantes. Faz parte do nosso
organismo.
Exercite...
Se os músculos não forem exercitados, poderão
atrofiar e gerar graves doenças e limitações ao corpo. Com a mediunidade também,
se não for exercitada, no mínimo se mantém estacionada.
Há quem diga "Faz trinta anos que sou médium, no
entanto faz vinte anos que não pratico”!?!
Trinta anos de mediunidade mal praticada não
valem cinco anos de uma mediunidade ativa, praticada com estudo e bom senso.
O tempo determina muita coisa na mediunidade,
como o músculo, você não define um músculo indo à academia uma vez por mês por
meia hora. Se não houver disciplina, rotina e cuidados, esqueça braços,
peitorais e abdômen definidos. De modo que a vivência disciplinada e o exercício
rotineiro da mediunidade permitem que a cada dia de prática mediúnica este
sentido se fortaleça, amadureça, amplie e alinhe. É com o tempo também que o
médium vai criando estabilidade vibratória, confiança e autonomia mediúnica.
Afinal de contas...
A mediunidade é algo mais natural do que
pensamos, são muitos os tipos de mediunidade, você não terá a mediunidade que
quer, mas a que te pertence, então procure conhecê-la e faça dela o melhor uso
possível.
Pense nisso:
Mediunidade não é angelical e nem maligna, o uso que
você fará dela é que determinará sua utilidade!
Grande abraço!
Rodrigo Queirós
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