MEDIUNIDADE - ESTUDO 11
Mediunidade e Animismo - O Espírito do médium
introduzindo suas idéias nas mensagens de que se faz instrumento.
Em nosso
estudo de número 8 - O Papel do Médium nas Comunicações (fev/02), percebemos que
ao médium cabe o papel de "intérprete" do pensamento do Espírito. Se não
compreender o alcance desse pensamento, não o poderá fazer com fidelidade. Se
compreender o pensamento mas, por falta de simpatia ou outro motivo, não
for passivo (isto é, se misturar suas idéias próprias com as do Espírito
comunicante), deformará o pensamento comunicado, o que evidencia a grande
participação do Espírito do médium na comunicação que ocorre.
O
problema das interferências do médium na comunicação não passou despercebido a
Kardec que, ao questionar os Espíritos orientadores da Codificação, deles obteve
a confirmação do fato ( O Livro dos Médiuns, Cap. XIX O Papel dos Médiuns nas
Comunicações, Influência do Espírito do Médium item 223)
Assim,
no exercício mediúnico, o animismo se revela sob dois aspectos distintos:
O
Espírito do médium se comunicando - animismo clássico pesquisado por Aksakof,
Bozzano e outros, aspecto estudado em março/02, e,
2. Espírito do médium
introduzindo suas idéias nas mensagens de que se faz instrumento.
Ao estudarmos o item 2 , identificamos as manifestações mistas, ou parcialmente
anímicas, em que o médium, não conseguindo apassivar-se totalmente, introduz
inconscientemente suas próprias idéias, clichês mentais e automatismos da
personalidade, insistindo num tipo particular de manifestação, podendo ocorrer
na vidência, psicografia, psicofonia etc.
Uma das causa
principais deste problema é a falta de afinidade entre o médium e o Espírito, o
que se caracteriza, do ponto de vista vibratório, por divergências
constitucionais que dificultam as ligações fluídicas indispensáveis para que o
fenômeno se processe com naturalidade. (Ver OLM, Cap. XIX item 223, q. 7 e
8).
A simpatia de que falam os Espíritos não é um resultado
somente de afinidades psicológicas ou afetivas, mas de peculiaridades da
organização perispiritual que determinam a sintonia vibratória (capacidade de
afinização) responsável pelo ocorrência do fenômeno mediúnico.
Outras vezes o que se dá é um mecanismo de associação de idéias provocado por
ação telepática. O pensamento do desencarnado, mal sintonizado pelo médium,
apaga-se totalmente em sua mente, despertando idéias correlatas, parecidas ao
acervo de suas experiências.
No livro No Mundo Maior - F.C.
Xavier/André Luiz, cap. 9, André Luiz relata o momento em que um médico no plano
espiritual transmite ao médium escolhido, mensagem de estímulo a realização de
um trabalho de assistência à saúde, na Terra . Enquanto isso, outros médiuns
registram-lhe os pensamentos de forma indireta, decodificando-os,
interpretando-os de modo particular por meio de associações anímicas peculiares
às experiências de cada um. Um senhor recorda-se de comovente paisagem de
hospital, outro relembra o exemplo de uma enfermeira bondosa que conhecera, um
terceiro abrigou pensamentos de simpatia para com os doentes desamparados. Se
qualquer dessas pessoas, supondo estar mediunizada, externasse essas idéias como
se fossem comunicações, teríamos um exemplo peculiar de animismo por associação
de idéias.
As interferências anímicas podem ser provocadas ainda
por interrupções intermitentes de sintonia: o médium começa a dar a comunicação,
e de repente, perde a sintonia, e pode ceder à tentação de preencher as lacunas
com pensamentos próprios, num mecanismo inconsciente de preservação de sua
imagem. Algumas vezes, essas perdas de sintonia são provocadas pela ação de
obsessores que querem inviabilizar o trabalho do médium.
Para se
compreender corretamente o problema do animismo relembremos o papel dos médiuns
nas comunicações. Sabemos que ele é o intérprete da mensagem que chega. Ora,
quem interpreta, vivencia, e não apenas repete, absorvendo em seu mundo íntimo a
idéia, devolvendo-a com a vestimenta representada por seu estilo, vocabulário,
emoções e acervo cultural.
Quando o médium é limitado no
conhecimento e menos evoluído do que o Espírito comunicante, não pode transmitir
a mensagem, tal qual foi ideada, por falta de experiência vivencial e valor
interno para interpretação adequada. Nesse caso, não há propriamente uma
adulteração anímica, mas uma incapacidade técnica para a experiência. Estudemos
com André Luiz, no exemplo citado acima, a análise que o Instrutor Espiritual,
Calderaro, faz: "..."Nosso amigo médico não encontra na organização psicofísica
da médium os elementos afins perfeitos; nossa colaboradora não se liga a ele
através de todos os centros perispirituais; não é capaz de elevar-se à mesma
freqúência de vibração em que se acha o comunicante; não possui suficiente
espaço interior para comungar-lhe as idéias e conhecimentos; não lhe absorve o
entusiasmo total pela ciência... Eulália, a médium, manifesta, contudo, um
grande poder, o da boa-vontade criadora, sem o qual é impossível o início da
ascensão...".
"Após essas explicações, vimos que a médium, apesar de suas
limitações, conclui o seu trabalho, grafando o ditado psicográfico com razoável
nitidez e com a precisão que lhe era possível. No final da reunião, sob a
liderança do dirigente encarnado, os participantes se puseram a analisar a
mensagem, concluindo que o seu conteúdo, conquanto edificante na essência, não
apresentava índices evidentes de identificação do conhecido profissional da
medicina, dada a falta de uma linguagem mais adequada, técnica e com
características próprias de sua erudição. A tese animista foi ventilada sendo
aceita pela maioria como tábua de salvação. Enquanto isso, na Espiritualidade,
os Mentores lamentavam o erro crasso e a verbosidade intelectual daqueles
colaboradores humanos, alimentados apenas superficialmente de
ciência".
Seja o episódio a expressão de uma experiência normal
em que o médium simplesmente se desvela, a consequência de um trauma que eclode
ou a inserção de expressões adulteradoras da mensagem dos Espíritos, ele haverá
de ser um episódio esporádico e passageiro que cederá lugar ao exercício
mediúnico normal, na medida que o médium adquire experiência e se esforça por
superar as suas íntimas dificuldades.
É comum, no início da
educação mediúnica, quando os médiuns ainda não estão familiarizados com o
processo das comunicações, que eles façam o conflito sem saberem determinar
corretamente a fronteira entre o pensamento próprio e o dos comunicantes.
Ao
mesmo tempo que exercita a faculdade, deve o médium educar-se moralmente, a fim
de que os seus fatores de desajuste sejam superados antes que se convertam em
viciações alienantes e caminhos de acesso para as obsessões.
Para
os dirigentes, a tarefa de acompanhar o desempenho dos médiuns e compreendê-los,
requer apurado tato psicológico, um razoável conhecimento da natureza humana e
particularmente de cada indivíduo com quem atua. E esse conhecimento só é
possível quando o grupo convive, associam-se os seus membros para a tarefa do
Bem. Somente assim alcança-se o que Kardec chamou de familiaridade, uma das
condições evocadas por ele como indispensável ao processo do trabalho
mediúnico.
O animismo na mediunidade, como expressão de um
desajuste psicológico, não resistirá a um esforço consciente de crescimento
interior. Deverá constituir-se um capítulo inerente à inexperiência, uma sombra
que a luz da boa-vontade desvanecerá. A sua repetição prolongada, todavia, pode
refletir uma ferida mal drenada ou uma viciação mal conduzida, e o "médium", com
a mente assim coagulada, pode estar precisando muito mais de um terapeuta da
área do comportamento do que de exercício mediúnico.
A questão do
animismo na mediunidade não é, porém, obstáculo insuperável. É simplesmente um
processo a ser vivenciado e ultrapassado, nem antes nem depois do tempo. Não é
de responsabilidade exclusiva dos médiuns ostensivos, mas de toda a equipe, que
se deve ajustar no trabalho abraçado sob a égide da fraternidade. O problema se
dilui na cooperação e desaparece, quando a tarefa é executada com otimismo e
alegria, realçando a boa-vontade de quantos aspiram compreender
servindo.
Bibliografia
Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Cap. XIX, q.
223, de 1 a 8, FEESP . 2ª ed. São Paulo, 1989
Neves, J.; Azevedo, G.;
Calazans, N.; Ferraz, J. - "Vivência Mediúnica - Projeto Manoel P. de
Miranda", Cap. 1 - Fenômenos, Cap 11- Do Anímico ao Mediúnico, LEAL. 1ª edição.
Salvador/BA, 1994
Xavier, Francisco C. - pelo Espírito André Luiz, No Mundo
Maior. Cap. 9 - Mediunidade, FEB, 11ª ed.1983
Ex seminarista, com estudos, cursos diversos na amada UMBANDA incluindo o de teologia, praticante desde 1978; vi a necessidade de poder repassar o que aprendo todos dias, quer sejam textos, cursos, vídeos, e-books, aos que possam desejar, sem compromisso algum com quem quer que seja a não ser a DIVULGAÇÃO DE NOSSA AMADA UMBANDA. Se desejarem contato: acevangel@gmail.com
terça-feira, 31 de março de 2015
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Cristinatormena
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira. Leia no blog ou leitor Desrespeito e Preconceito. Por cristinatormena em 24 de novem...
Nenhum comentário:
Postar um comentário