quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Mediunidade na Adolescência
No ano de 2003, com 14 anos, havia acabado de chegar dos Estados Unidos onde fui estudar, país onde estive por pouco menos de um ano morando com minha madrinha, que é também minha tia.
Ao contrário do que se possa imaginar, não foi tão legal assim. O motivo que me enviou para longe de casa, a saudade do Brasil, a solidão, estava tudo muito sofrido e por estas razões resolvi voltar para casa.
Chegando ao Brasil, em uma condição emocional bastante fragilizada, minha avó, querendo ajudar, me levou a um Centro de Umbanda.
Quando pequena era esse o lugar que mais gostava de ir com ela, era nosso grande passeio. Adorava porque os Centros eram sempre muito longe de casa e as horas dentro do ônibus só faziam aumentar a emoção da aventura.
Minha avó se dizia católica apostólica romana, mas na prática não era bem assim: vire e mexe visitava alguns Terreiros e ela mesma era médium; precisando, lançava mão deste dom, embora nunca tenha se vinculado nem frequentado com constância nenhuma Casa.
Mas daquela vez a coisa foi diferente. Apesar de me sentir feliz por estar naquele lugar, em dado momento da Gira comecei a me sentir mal, tudo escureceu e pedi a ela que me levasse embora porque não estava passando bem, mas não deu tempo e só me lembro do final do trabalho.
A dirigente da Casa me dizia: “Muito bonita a sua entidade, venha semana que vem e traga sua roupa branca.” Minha avó chegou em Casa contando a todos o que havia acontecido e eu, muito envergonhada, tinha vontade de cavar um buraco na terra e me esconder.

Não havia sido a primeira manifestação de capacidades mediúnicas; quando muito pequena, pude ver e ouvir espíritos, mas até aí, para mim era coisa de criança.

O ocorrido me incomodou muito, em um momento de desequilíbrio emocional, em plena adolescência; aquilo parecia um castigo, não conseguia acreditar que eu, uma pessoa que se sentia totalmente desajustada socialmente, poderia realizar um trabalho em prol de uma causa de cura e caridade.

O tempo foi passando e tudo ficou mais intenso, a sensibilidade, a incorporação, a pressão da famí- lia e dos sacerdotes umbandistas para que eu trabalhasse.

Passei por muitas casas buscando acolhimento e ajuda para este processo, mas nunca dava certo. Coisas estranhas aconteciam e junto a tudo isso tive de lidar com a opinião médica de alguns parentes e amigos que aconselhavam minha mãe a buscar um psiquiatra, dada a proporção que a coisa tomou.
O artigo continua na próxima edição do JUS. Para conferir as edições passadas basta clicar aqui.
Confira o relato da Veridiana Mataji na live do dia 06/11 com Alexandre Cumino.
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