quinta-feira, 22 de dezembro de 2016


                                         Saravá aos Pretos-Velhos
por Adriano Camargo

Preto Velho vem... vem de Aruanda... firma seu ponto com arruda e guiné... Em seu terreiro
ele não pede o seu nome... em seu Congá ele não perde a sua Fé... Saravá aos Pretos e Pretas
Velhas... Salve Vovós e Vovôs.

Atrelado à comemoração da libertação dos escravos no Brasil, no mês de Maio a maioria dos
terreiros de Umbanda saúda essa amada linha de trabalho que tanta Luz derrama em nossas vidas.

Ao vê-los arqueados em suas manifestações, sempre simples e humildes mas não por isso servientes, nãovemos a grandiosidade de seu campo de atuação: que é vastíssimo enquanto Manifestação Divina.

Formada por falanges inteiras de espíritos que de alguma forma estão ligados à Evolução pelos
Sentidos, trazem em sua força de trabalho a palavra amiga, o consolo, a tranquilidade característica
dos que trabalham pela evolução da humanidade.

Chamada de Linha das Almas por muitos, não deixa de ser verdade.

Vemos muitos Vovôs e Vovós que respondem por nomes simbólicos de suas falanges ligadas ao Cruzeiro, por exemplo: Vovó Joana do Cruzeiro... Cruzeiro é um mistério ligado ao Trono da Evolução, Pai Obaluaê.

Mas também ligado pelo símbolo da cruz ao Trono da Fé, Pai Oxalá... mas isso não impede que haja manifestação de entidades ligadas a outras irradiações. Há ainda dentro da Umbanda a resistência de alguns médiuns quando são intuídos pelos seus guias, quanto a seus nomes simbólicos de trabalho, senão com certeza teríamos muitos “Pai João da Terra”, ou “Pai Joaquim das Águas e porque não Vovó Catarina do Fogo Divino...”.

Identificam-se pela sua origem africana como do Congo, de Angola, de Guiné, que dizem
respeito a sua linha de trabalho e campo de atuação.

Marcada pela presença do Negro na Umbanda, de forma nenhuma a religião poderia deixar de homenagear suas origens afro e também a raça que permitiu que muitos espíritos semeadores da nova religião pudessem encarnar no Brasil sem chamar muita atenção.

A primeira manifestação relatada da Linha dos Pretos Velhos é descrita na história de Pai Zélio
de Moraes: no dia em que houve a manifestação do Sr. Caboclo das 7 Encruzilhadas, na casa que em
seguida seria batizada de Nossa Sra. da Piedade, nesse mesmo dia houve a manifestação de Pai
Antônio.

O espírito do ex-escravo ali incorporado parecia sentir-se nada à vontade. Curvado, alquebrado, evitou ficar na mesa ali posta para as manifestações e despertou pela sua humildade um
sentimento de compaixão entre as pessoas ali presentes.

Questionado porque não se sentava, o arredio Velhinho respondeu:

“- Nêgo num senta não, sinhô... Nêgo fica aqui mermo... Isso é coisa de sinhô branco, i nêgo
deve arrespeitá. Nêgo fica aqui nu toco, qui é o lugá di nêgo.”

Estava firmada ali a presença do Preto Velho na Umbanda.

E esse trejeito humilde, simples, honesto, sem pedir nada em troca, sempre em nome do Pai Criador, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, essa naturalidade cativa dia a dia os filhos de Umbanda e todos aqueles que procuram ajuda nos templos. E se em suas manifestações trazem plasmadas as formas de suas existências como escravos, saibam que essas falanges acolhem muitos e muitos espíritos afins com suas vibrações de Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Sabedoria e Vida, que não necessariamente foram escravos em suas existências anteriores.

A naturalidade de um Preto Velho é indescritível.

É algo que sentimos, e se de coração aberto estivermos para absorvê-la como benção, então durará muito em nosso íntimo.

Ao ver um Preto Velho em terra, pitando seu cachimbo, sentado em seu banquinho, não tenha vergonha, ajoelhe-se e peça sua benção.

Com certeza ele está ali, em seu banquinho, baixinho perto do chão, para que segurando em nossas mãos clamem ao criador bênçãos de Paz, Saúde, Harmonia, Prosperidade e Fé, muita Fé!

Saravá Senhores e Senhoras das Correntes de Pretos Velhos...
Axé...

Salve as Almas...

Vossa Benção!!!

Saudação aos Pretos Velhos

Meu Preto Velho de Batalha;
Faz de mim um batalhador;
Meu Preto Velho de Batalha;
Faz de mim um batalhador;
Abençoe os Pretos Velhos;
Santas Almas do Senhor.
Preto Velho de batalha,
Faz de mim um batalhador;
Abençoe os Pretos Velhos,
Santas Almas do Senhor.
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Quando eu andava, pelo deserto,
Ouvi uma voz de longe me chamar;
Quando andava, pelo deserto,
Ouvi uma luz de longe me chamar;
Quando eu andava preso no pecado,
Meu Preto Velho me aconselhou;
Quando eu andava preso no pecado,
Meu Preto Velho me aconselhou.

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