quarta-feira, 14 de novembro de 2018

EU SOU EXU- Parte Final - Por Alexandre Cumino

Visualizar como página web
EU SOU
ORIXÁ EXU
Por Alexandre Cumino 
(final)
A VERDADE DUALIDADE
A real dualidade deste mundo está entre o que é real e o que é ilusão, justamente porque bem e mal, certo e errado, são conceitos muito relativos. E se tem uma lei que agrada Exu é a Lei da Relatividade, que fundamenta cientificamente meu comportamento controverso perante o “Uni-Verso”.
EU SOU ORIXÁ EXU, dizem que faço o bem e faço o mal, no entanto, aqueles que assim afirmam não sabem realmente a diferença entre bem e mal, entre certo e errado. O bem e o mal são concepções exclusivamente humanas. Faço, sim, do certo o errado, e do errado o certo, de uma forma muito simples retiro o véu que cobre seus olhos. Este véu podemos chamar de ego, algo que todos possuem em maior ou menor grau e que distorce a forma de ver o mundo. Por isso, dizemos que muitos podem enxergar o mundo, mas poucos podem ver realmente o que está à sua frente. Cada um vê o quê quer, cada um vê o mundo como um espelho e reflexo de si mesmo, e o torto vê um mundo distorcido.
Todos estão embriagados com seus pequenos desejos e apegos. No fundo, todos sabem que podem ser muito mais do que estão sendo, mas isso dá muito trabalho, lutar contra o que já está estabelecido como certo, bom, bonito, direito, elegante, educado, normal e, claro, igual. O diferente é sempre o errado, o igual é sempre o certo e não importa o que faz bem e o que faz mal. Não importa se o que é considerado certo vive na mentira, importa que ele é igual e portanto não representa uma ameaça. Já o diferente, mesmo que esteja na verdade, representa uma ameaça, ele ameaça a morte de nossas mentiras. Em muitos casos, a regra é a mentira, a exceção é a verdade.
A mentira é um “diabo” velho com o qual todos já estão acostumados, todos sofrem com ela, mas já se acostumaram tanto que ela vem pintada de verdade, é o “diabo pintado de ouro”. Costuma-se dizer que é melhor um “diabo” conhecido que um “diabo” desconhecido e, por isso, muitos têm medo de se aventurar na verdade, com medo de outros “diabos”.EU SOU ORIXÁ EXU, e quando apareço diante destes senhores acostumados com seus velhos e conhecidos “diabos”, sou então chamado de “diabo”, porque algo totalmente outro, totalmente desconhecido só pode ser o “diabo”, não o velho, mas um novo “diabo”. Mas a verdade é que é em si o “diabo” para quem vive na mentira e reza, colocando a mentira no altar ao lado do seu Deus temido e castigador. O Deus tão humano que tem o mérito de ter criado o moralismo social.
EU SOU ORIXÁ EXU, sou a verdade e, por isso, sou chamado de senhor da dualidade, neste mundo da mentira. Por isso, se diz que exu faz o certo virar errado e o errado virar o certo; por isso, jogo hoje a pedra que acertou o alvo ontem; por isso, sou a dubiedade, a ironia, a contravenção. Porque a verdade sempre está na contramão deste seu mundo, no mundo da ilusão. A verdade é sempre considerada mentira, pois quem, afinal, vive na verdade? Os poucos que vivem sua verdade, sem pudores, são crucificados pelos demais.
EU SOU ORIXÁ EXU, sou a verdade nua, crua e rasgada, represento o que assusta e dá medo aos homens. Represento a quebra de todas as máscaras, represento o abandono de qualquer personagem assumido, represento a destruição do ego, represento o poder real e absoluto, o poder de ser apenas você mesmo.

 REPRESSÃO
Eu sou Orixá Exu e tenho muito que lhe dizer, depois de milênios de repressão, de valores criados e cultuados por cleros e monarquias interessados na manipulação da massa, o que subexiste neste mundo são mentes escravizadas.
Culturalmente, vim da África no coração de homens fisicamente escravizados, mas de mente e alma livres.  Quando, sacerdotes católicos, escravos de suas doutrinas limitadas e limitadoras, castradas e castradoras, reprimidas e repressoras, me conheceram, o que eles viram foi um Deus livre, feliz, alegre, viril, forte e amante do prazer que a vida dá. Estes senhores e todos os outros representantes de uma sociedade dominada por sua filosofia medíocre entenderam que se tratava do diabo. Exu só podia ser o tinhoso, o capeta, o belzebu, o coisa ruim, e sabe por quê? Porque eu represento tudo o que sempre quiseram ser, ter e fazer e nunca tiveram coragem. Condenaram ao inferno todos os prazeres e alegrias da vida, simplesmente porque uma pessoa livre de toda esta repressão não precisaria de seus sacerdotes ou de sua doutrina distorcida e nem se submeteria ao seu poder secular. Pessoas livres, que vivem o prazer e a alegria de estarem vivos, têm a oportunidade de procurar e encontrar mais da vida que apenas obedecer. Pessoas de espírito livre vão ao encontro do sagrado de forma natural, mística e transcendente. São pessoas que descobrem a magia que existe por trás da aparente monotonia de suas encarnações. Estas pessoas livres descobrem que o divino e o sagrado habitam dentro delas e não nas paredes do templo.
Sempre haverá senhores e escravos, sempre será assim. Ontem, monarquia e clero direcionaram a escravidão humana de acordo com a cor da pele, hoje politica e consumo, levantam templos à imagem e as grandes industrias manipuladoras da massa.
Conceitos e valores invertidos. No passado, escravos eram estes senhores, considerados nobres e poderosos,  escravos de seus sentidos, pobres escravos de sua sede por dominar, pobres senhores ricos e escravos de sua moeda, de sua carne e consciência. A todos, eu assisti e os acompanhei em sua queda, após o desencarne, e quantos não receberam ajuda justamente de seus escravos, agora homens livres no mundo astral, onde a diferença entre senhor e escravo está no quanto dominamos ou somos dominados por nossos instintos e desejos. Para mim, Exu, só existe um tipo de escravo, aquele que escraviza a si mesmo nos grilhões de seu ego. Correntes de dor, sangue e lágrimas que prendem a cada um de seus escravos nos abismos de suas almas. Presos em todos os seus melindres, em seus desamores, em seus traumas e fobias, escondem as desculpas perfeitas para continuarem escravos, submissos e amedrontados. Hoje continua igual: poucos dominam muitos. Os escravos da alma, sedentos por poder sem limites manipulam a massa e dominam os meios de comunicação e a politica. Grandes industrias, grandes marcas, grandes e efêmeros poderes deixam sua marca num mundo em que todos querem ter e possuir coisas. A regra é competir com o outro, poucos podem ver que a única vitória é a conquista de si mesmo. A melhor conquista são atributos e virtudes internas que poderão lhe libertar das únicas amarras que vão além do peso de sua matéria.
Quem melhor do que eu conhece você? 
Quem melhor que Exu conhece seu eu? 
Quem lhe apresenta você a você mesmo como um espelho?
O homem tem medo de ficar nu, tem medo de despir-se de suas bugigangas, tem medo de jogar por terra seus títulos, tem medo de abandonar sua identidade temporal, tem medo de ser apenas mais um homem, mesmo sabendo que por mais que faça não passa de um homem. É o único animal que deseja ser outra coisa, o homem é o único ser que quer ser Deus, o homem despreza a si mesmo em sua natureza humana. É este homem que procura o divino em detrimento do humano e que não enxerga que divino é ser humano. Não vê que o mais humano dos humanos é divino e sagrado. Não entende que a carne é sagrada, que o corpo é sagrado, que seus amores deveriam estar no altar. Por medo de ser quem é, o homem deseja ser algo inalcançável, deseja ser um Deus distante de tudo que faz parte de sua realidade. E ele cria este Deus à imagem de tudo o que ele, o homem, não é. Cria um Deus que lhe faça tremer, um Deus tremendo em seu poder de castigar e fascinante por ser inalcançável. Um Deus que assusta e lhe dá medo, um Deus que lhe faça ter mais medo do que todos os outros medos que já possui, para assim ser mais uma vez escravo e obedecer a um senhor que lhe vê, observa, vigia, controla, fiscaliza o tempo todo. Um senhor que lhe coloca medo com a ameaça de ir para o inferno. E daí surge o medo de não agradar: não agradar a Deus, não agradar a seus pais, não agradar aos parentes, não agradar aos seus amigos, não agradar à sociedade, não agradar aos desconhecidos. O medo de não agradar leva a maioria a se comportar como mais um que faz o que todos fazem, tentam o tempo todo ser melhores uns que os outros. E a maior ironia em tudo isso é que tentam ser melhores repetindo padrões, tentam ser melhores que o outro ao qual aprenderam a ser igual. Nunca pensam em ser melhor do que si mesmos. Não se dão conta que ser melhor começa justamente no momento em que desistem de ser melhores do que todos os outros, seus iguais. Lutar para ser melhor, lutar para se destacar, lutar para ter poder é o que iguala a grande maioria. A luta, a guerra, é sempre uma ilusão e o que alimenta esta ilusão é o medo.
O medo de se libertar gera a auto repressão, o medo de enfrentar sua verdade o faz reprimir a verdade do outro, o medo de mergulhar em suas trevas e conhecer suas fraquezas e sua força escondidas abaixo de sua sombra o faz ver trevas e maldade em todos os lugares. Reprimir seus monstros e demônios internos o faz criar monstros e demônios em tudo que ameaça derrubar seu muro de ilusão e proteção. A repressão é sua zona de conforto, o desconhecido é um demônio e a vida já perder todo seu encanto, magia e graça. Tudo é cinza e sem cor nesta realidade reprimida e distorcida.
Busque com todas as suas forças a liberdade para sua alma e sua consciência, liberte-se de você mesmo, para afinal descobrir quem é você.
Curve-se diante de mim, em reverência, bata cabeça e demonstre seu respeito. Faça as pazes com suas trevas interiores e conte com meu amparo, com minha força e poder à sua esquerda. Podemos vencer todas as guerras e batalhas, mas primeiro vença a si mesmo, vença tudo aquilo que lhe reprima, tudo que lhe oprima e tudo que lhe dá medo.
Eu, sou Orixá Exu e prezo a liberdade de todos os seres, e daqui assisto a escravidão de tantos que pensam estar servindo a algum senhor e que no fundo servem apenas a seus valores baixos e mesquinhos. Eu, sou Orixá Exu e não faço questão de estar em nenhum altar, prefiro estar no chão, quem quiser chegar a mim, curve-se neste mesmo chão, mas antes dispa-se de seus valores invertidos e conte comigo para superar seus medos e vencer sua ilusão. Eu sou Orixá Exu e faço questão de lhe ajudar a superar todos os seus medos, afinal o medo é sempre uma antecipação daquilo que ainda não existe.
O medo é ilusão assim como as dificuldades e a dor podem ser reais, o medo é apenas uma forma de fugir da realidade sem olhar de frente para suas dificuldades. O medo distorce e inverte tudo que poderia lhe tornar um ser humano melhor. Coragem, siga seu coração, tenha fé, esperança e tome consciência do potencial divino que existe dentro de você para ajuda-lo a vencer a si mesmo. 
Eu sou Orixá Exu e venho para lhe ajudar a vencer seu maior inimigo: você mesmo.
A melhor forma de vencer um inimigo é tornar-se seu amigo, torne-se amigo de si mesmo, faça as pazes com você, perdoe seu ego, abrace suas trevas, ilumine suas sombras e mergulhe fundo em sua própria alma. Descubra: quem é você! Quem sou EU? Eu sou Orixá Exu! E quem é você?

Um grande abraço Antonio! ❤️
Colégio Pena Branca

Nenhum comentário:

Por que alguns vencem e outros não? Por Cristinatormena

  Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira. Read on blog  or  Reader Por que alguns vencem e outros não? cristinatormena April 19 Por...