quarta-feira, 27 de maio de 2020

Texto de Sacerdote Alexandre Cumino: Incorporação Umbandista em Casa.




ALEXANDRE CUMINO

Alexandre     Cumino

Os espíritas tem uma formação sólida com relação à obra de Kardec, são incentivados a ler, estudar e praticar o “Evangelho no Lar”, uma prática que é feita por muitos umbandistas também. O estudo do Evangelho Segundo Espiritismo é muito salutar, assim como a leitura da Bíblia, Corão, Tao Te King, Torá, do Bhagavad Gita, Zend Avesta e outros livros sagrados. A obra de Kardec nos é mais próxima por tratar da relação mediúnica com os espíritos, logo, somos incentivados ao seu estudo, com o filtro do olhar umbandista.
No dia a dia das práticas de Umbanda, o mais presente é o trabalho mediúnico de incorporação. Trazer a Umbanda para o lar implica em trazer também um pouco das atividades de terreiro: banho, defumação, ritual e comunicação mediúnica direta.
Quando se fala em incorporar em casa, surgem várias restrições, para muitos não se pode nem acender uma vela, porque vai atrair “obsessores”. São conceitos muito presentes no espiritismo, o qual não usa velas ou outros elementos, e pouco trabalha com a incorporação, mas estes valores não servem ao Umbandista praticante.
Não estou recomendando a iniciantes que passem a incorporar em casa, claro. Mas, sim, lembrando a quem já tem o dom de incorporação desenvolvido e uma certa desenvoltura com a espiritualidade, que nossa religião é de mediunidade prática e trazer a Umbanda ao Lar se torna muito natural ao compreender que estes Espíritos Guias são nossa família espiritual, que nos quer bem e se esforça a nos ajudar sempre.
Para trabalhar em casa incorporado o que se pede é maturidade mediúnica, que implica em ideal e responsabilidade, aliados a muita disciplina. O mais importante é não estar brincando de incorporar, fazer suas orações com determinação e sentir a presença de seus Guias, antes da manifestação. Muitos têm medo de manifestarem obsessores, ou mistificadores (enganadores). Como diria Cristo, “não se serve a dois senhores” e “avalie a árvore pelos frutos”.
Uma boa comunicação é feita sempre com respeito e intenção de fazer o bem, seja de direita ou de esquerda. Um guia bem incorporado limpa o ambiente, descarrega as pessoas, traz palavras de amor e esperança e, ao ir embora, todos estão se sentindo bem melhor, mais leves. Quando isso acontece é certeza de que estamos manifestados de nossos Guias e eles é que devem confirmar se existe a maturidade para continuar com esta atividade mediúnica no lar.
Não há como um obsessor ou mistificador trazer paz ou palavras de amor e fé. Cada um dá o que tem e faz o que pode, se o resultado é bom, a entidade é boa. Se houver uma incorporação desequilibrada, deve-se chamar em terra o Guardião daquele médium sob a força e proteção de Ogum, em nome de Deus, da sua lei Maior e Justiça Divina, o que coloca ordem em qualquer ambiente, quando feito com fé, amor e determinação.
A maioria dos terreiros proíbe seus médiuns de incorporar em casa, pois os dirigentes têm receio que médiuns ainda não preparados façam besteiras, ou usem seus “Guias” para fazer as próprias vontades. Alguns dirigentes não querem ter o trabalho de orientar seus médiuns em como proceder para realizar um trabalho mediúnico no lar. E outros, bem poucos, claro, preferem ter seus médiuns dependentes do trabalho do terreiro, criando um terrorismo sobre os supostos perigos de incorporar em casa.
Para um médium em desenvolvimento, o mais certo e seguro é fazer parte de um terreiro que lhe dê atenção, ou inscrever-se num bom curso de desenvolvimento mediúnico.
Com o desabrochar da mediunidade e uma maturidade em lidar com a mesma, este médium pode passar a sentir a presença de seus Guias em outros momentos de sua vida além do terreiro. Somos médiuns o tempo todo e não apenas dentro do templo espiritual.
Para uma atividade certa e segura no lar, o ideal é começar estipulando uma data e hora semanal, na qual pode haver uma leitura espiritual para reflexão, pode-se fazer uma defumação e chamada de um Mentor que venha dar uma palavra aos familiares, possivelmente lhes dando um passe espiritual e cortando energias negativas.
Isto não deve se estender muito, para que sejam encontros saudáveis. O ideal é ter hora para começar e hora para acabar, podendo variar um pouco, mas respeitando os horários da terra também.
Muitos se questionam da segurança para realizar tal trabalho e têm medo de abrir um portal negativo, ou outro em sua residência e a mesma ficar cheia de espíritos. A grande maioria dos terreiros de Umbanda começa em casa, se a incorporação dos Guias de Umbanda dentro de casa fosse prejudicial, eles mesmos nos diriam da impossibilidade de tal trabalho mediúnico. Comece aos poucos, com leitura e manifestação de seu Caboclo, ou Preto Velho. Com o tempo, sinta a presença das outras entidades e de seus Guardiões.
O ideal é ter sempre uma vela de sete dias acesa para seu anjo da guarda, uma vela de sete dias bicolor (vermelha e preta) para toda sua esquerda e uma vela de sete dias para seu Orixá de Frente.  Aí está uma segurança simples e eficiente.
Antes da manifestação, deve-se oferecer um copo de pinga a seu Guardião junto de um charuto aceso, e ofereça um copo de cidra à sua Guardiã junto de uma cigarrilha.
Pergunte a seus Guias se precisa de mais algum tipo de firmeza ou proteção, confie em suas entidades. Com maturidade e sinceridade de ideal é possível fazer um bom trabalho mediúnico no lar, trazendo harmonia, força e luz para o dia a dia da família. Lembre-se: o lar é o Templo da Família, portanto é imprescindível a disciplina, silêncio e meditação. Todos que forem participar deste trabalho devem ter consciência e respeito.
No mais, recomendo a todos estudar, ler o Guardião da Meia Noite (Rubens Saraceni/Ed.Madras), História da Umbanda (Alexandre Cumino/Ed. Madras) e outros títulos que ensinem Umbanda. Estude Teologia de Umbanda, Desenvolvimento e Educação Mediúnica e Sacerdócio de Umbanda. Vamos estudar e praticar Umbanda, que é uma religião linda.

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