Antes de iniciar esse texto, deixo claro que este é o nosso entendimento, praticado no nosso terreiro de Umbanda, como forma de esclarecimento e reflexão.
O que cada um, trilha no seu caminho espiritual e trajetória mediúnica, são escolhas e consequências, responsabilidades de cada um, a nós cabe trazer o nosso entendimento sobre o assunto, o qual foi solicitado.
Deixo claro que essa ritualística não pertence na Umbanda que praticamos.
De uns dias para cá, vieram algumas pessoas me perguntando sobre o que seria essa ritualística, chamada TROCA DE CABEÇA, se é também uma prática comum na Umbanda, pessoas que ouviram e leram sobre isso, e que ficaram bem preocupadas, algumas até aborrecidas, e tristes, com o teor e informações divulgadas.
Vamos frisar já desde o começo que isso não é algo que pertence à religião de Umbanda, desconheço essa prática na religião.
Para quem não sabe o que se trata, vou tentar resumir.
Existem dois modos e entendimentos com relação a essa prática dessa ritualística.
A primeira: É uma ritualística que consiste em transferir o mal, a energia ruim de uma pessoa, a doença, a má sorte,etc, para um outro lugar, é comumente visto, na ritualística de sacralização animal, onde o animal que está sendo imolado, vai absorver o mal que está com a pessoa adoentada. Essa ritualística é antiga, feita em alguns terreiros. Onde se acredita que a pessoa irá ficar saudável.
Mas existe uma outra forma, que inclusive é a que vem trazendo muita discussão a respeito.
Onde uma pessoa está com uma doença grave, com risco eminente de morte, desenganada pelos médicos, a sua doença é transferida para uma outra pessoa, neste caso não é um animal é outro ser humano, o qual irá supostamente absorver tudo que era da pessoa, suas mazelas, doenças e infortúnios.
Uma ritualística que não é comum ser vista, segundo alguns, feita em casos de urgência e realizada por determinados sacerdotes e seguimentos.
É feita toda uma ritualística, com vários elementos, que envolve também a imolação de um animal, e é escolhido uma pessoa a qual irá receber essa energia que foi absorvida da pessoa doente, segundo o entendimento, seria uma pessoa considerada "desnecessária", uma escória da sociedade, uma pessoa que ninguém iria sentir falta ou se importa, cujo, segundo essas pessoas, são seres cuja vida é descartável, não importa, inclusive podendo ser usado para tal feito um desafeto.
Algumas pessoas chegaram a dizer e relatar que outra forma que é feito, é jogado um pó na cabeça da vítima, no ori da pessoa, sem ela perceber.
Vejam bem, pessoas que estariam ali naquele suposto terreiro, como frequentadores, e sem saber que estão sendo escolhidas para tal propósito (segundo o testemunho).
Vejam não é uma ritualística feita no intuito e com o propósito de salvar uma vida apenas, mas há casos relatados onde tal ato foi feito e realizado por vingança, maldade, feitiçaria nefasta.
Vejam que é uma ritualística que tem uma custa, um valor alto que é cobrado para ser feita. Então há todo um interesse financeiro também por detrás, fora interesses egoístas. Na verdade, as informações são bem chocantes, graves, mas não estarei colocando maiores detalhes. O objetivo não é chocar e sim trazer alertas e esclarecimentos e fazer com que as pessoas reflitam sobre tais práticas.
Os supostos sacerdotes que realizam esse tipo de ritualísticas usam os seguintes argumentos.
Se você tiver a sua mãe, seu pai, seu irmão, seu filho, morrendo, você não faria?
Você não faria tudo para salvar a vida deles?
A vida do seu ente querido não vale mais que a vida de um desconhecido?
(Vejam argumentos muitas vezes colocados diante de pessoas leigas, desesperadas, que muitas vezes não refletem com profundidade sobre o que tal prática envolve. Pessoas muitas vezes com desvios morais, espirituais e de caráter.)
Sim, a vida dos nossos entes queridos, as pessoas que amamos, valem muito realmente, e devemos lutar sim, com todas as forças para preservar as suas integridades físicas e vida. Mas respeitando o direito de existir do outro, com íntegridade, com moral espiritual e dignidade. Lembrando que o direito a vida deve ser respeitado.
Será que é justificado tal pratica, a custa de outra vida?
Acredito que não, mas infelizmente falta escrúpulos para alguns.
Então é válido tirar a desgraça de uma pessoa e jogar numa pessoa que não tem nada a ver com isso?
Vamos refletir com bastante profundidade.
Então vou dar um exemplo,a pessoa faz o despacho, vai lá na rua, escolhe um morador de rua, que está sem casa, passando fome e frio, muitas vezes doente, outros são dependentes de drogas, outros pais e mães de família que estão na rua, vejam bem, não é porque estão na rua que todos ali são vagabundos, mais porque perderam as suas moradias, seus trabalhos, fora todo esse sofrimento, chega alguém que se dá o direito de piorar ainda mais as suas vidas, aumentando os seus sofrimentos.
Espera um momento de vulnerabilidade, quando estão dormindo, e faz a feitiçaria.
Desculpem, isso é um ato de covardia, uma completa falta de empatia e espiritualidade.
E não é questão de sensibilidade somente, é humanidade mesmo.
E onde está Deus nisso? Onde estão os Orixás?
Onde se encaixa os ensinamentos dos guias amparadores?
O divino, o sagrado, não são coniventes com esses tipos de condutas.
Quem deu a essas pessoas o direito de escolher quem vive e quem morre?
Quem são eles para julgar a vida do outro, o condenando e determinando se deve viver ou morrer? Algumas pessoas que defendem essa prática, afirmam, que salvaram uma pessoa da família com isso. Que deu certo.
Será que deu certo mesmo?
Ou será que essa pessoa com o seu ato, amaldiçoou toda a família.
Será que isso não tem uma conta alta espiritual a ser paga?
Então a Justiça Divina é cega, as leis sagradas da espiritualidade para essas pessoas não existem? Com certeza, para elas não devem existir mesmo, para não terem um pingo de senso moral e amor ao próximo.
Mas podem ter certeza que a conta chega, a Lei do Retorno tarda mais não falha, e ninguém foge dela.
Vocês percebem o quanto é grave tal divulgação, envolvendo o nome de determinadas religiões.
É por isso que infelizmente vem crescendo tanta intolerância e preconceito com relação a religiões espiritualistas, porque essas práticas duvidosas colocam a integridade de Terreiros sérios numa peneira só, porque para o leigo é tudo a mesma coisa. Infelizmente.
Como que uma pessoa vai conseguir frequentar um terreiro, sabendo que faz essa prática com confiança? Quem garante que ela não será a próxima a receber o fardo do outro.
Porque infelizmente a falta de escrúpulos e maldade de certas pessoas, não cansa de surpreender. Quem deu direito a essas pessoas acima da vontade de Deus, em escolher quem vive e quem morre? desculpem-me mais isso é um ato desumano, contra a vida, contra a própria religião e espiritualidade, é um desserviço.
Uma pessoa que fala uma coisa com esse teor, está denegrindo a própria fé que diz praticar. Nada justifica tal ato.
Entendam se a pessoa está passando por uma doença grave, chegou a hora do seu desencarne, tem que passar por resgates, ela vai passar de um jeito ou de outro. A cruz que uma pessoa tem que carregar, ninguém poderá fazer isso por ela. São situações que são lapidadoras da própria alma que ajudam á os seus espiritos a evoluírem.
Fazendo tais atos, só atrasam a própria evolução, prejudicando a vida de outros, e arrecadando ainda mais pesos e resgates cármicos que serão cobrados futuramente.
A falta da presença de Deus, tem esfriado o coração de muitos.
Espero que realmente as pessoas reflitam sobre certas práticas e pensem muito antes de praticar. Porque afinal das contas ninguém sai sem pagar a conta,cedo ou mais tarde irão responder por seus atos.
A Umbanda é a senhora da luz velada, trabalha em prol da luz e da vida.
Cristina Alves
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira
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