Uma outra visão…
Axé… Puxa, que gostoso receber o carinho de todos vocês, fiquei muito feliz com cada mensagem, comentário e claro, torcida. Estou na maior adrenalina com o TCC que irá para banca examinadora semana que vem junto com o fechamento do JUCA (o nosso Jornal Umbanda Carismática). Ufa… Só por Ogum, ou melhor, SÓ COM OGUM!!!
Falando em Ogum, lembrei que dias atrás, durante a aula de mediunidade que ministro aqui no terreiro falei sobre a importância da função de cada um dentro de uma gira, falei que todos são importantes, que cada ponto da Casa, como a cantina, a porta, tem um valor singular e que os trabalhos religiosos do qual participamos, independente da posição que exercemos, são momentos únicos, que além de recebermos tantas bênçãos, podemos refazer nossas vidas passadas, “pagar” nossas dívidas e propiciar o bem a qualquer pessoa, a qualquer espírito, independente de interesses ou necessidades.
Com essa linha de raciocínio propus uma reflexão sobre nossas vidas passadas e o reconhecimento de que somos espíritos ainda em evolução e portanto todos nós falhamos em alguns momentos e aspectos de nossas vidas, seja nas vidas anteriores ou nessa, afirmei então que, consequentemente temos nas giras de Umbanda, com todo seu imenso trabalho espiritual assistencial, uma possibilidade incomensurável para sanar nossas “dividas” passadas independente da função ou capacidade mediúnica.
Ou seja, não somente o médium de incorporação está sendo favorecido pela espiritualidade superior, mas todos. Portanto, podemos pensar, por exemplo, que a função do porteiro no terreiro não é apenas de estar na porta, mas sim abrir as portas de uma casa santa, abrir as possibilidades para o espírito, abrir o Sagrado. É propiciar melhoras a desconhecidos, é propiciar a ação da espiritualidade, é propiciar a ‘abertura de vida’ a pessoas que talvez, em vidas passadas, tiveram sua vida fechada pelo próprio médium que agora tenta corrigir seus erros, da mesma forma podemos pensar na condição do médium que fica na cantina servindo lanches. Esse médium não apenas serve lanche, esse médium alimenta, serve, sorri, ações e situações que talvez retratem momentos de vidas passadas desse médium que, por algum motivo, propiciou a fome, a sede, a avareza, enfim…
Logo, só posso entender como Sagrado cada ponto de meu Terreiro, como belíssimas oportunidades cada momento que estou dentro do Terreiro, como grandioso cada posição e cada situação que vivencio dentro do Terreiro.
Faço essas afirmativas pois muitos médiuns, por muitas vezes, reclamam de suas posições dentro do terreiro, acham que o bom, que o importante é estar incorporado, e que de antes disso, ou até isso acontecer, o terreiro e o trabalho que realiza não tem muito valor.
Aliás, têm pessoas, médiuns e consulentes, que pensam que o trabalho espiritual só acontece dentro do congá, com a gira aberta e no momento em que se está em frente da Entidade espiritual, o que é um grande engano!
Sei que essas atitudes e pensamentos acontecem por falta de orientação, portanto, vou transcrever um trecho do livro “RECANTO DE LUZ” inspirado pelo espírito Eusébio ao médium Luis Carlos Rapparini, que apresenta com clareza um pouco da grandiosa dimensão que a espiritualidade trabalha.
Aliás, assim como fiz no dia de aula, recomendo a leitura desse livro que, de forma simples e objetiva, narra a história de um espírito aprendiz da doutrina kardecista, que cheio de ‘conceito próprio’, é designado estagiar num centro de Umbanda, uma tarefa difícil, mas que devido a paciência e bondade das Entidades Espirituais, esse espírito começa a enxergar a grandeza dos trabalhos que acontecem dentro de um Terreiro.
Dessa forma, lendo esse livro vocês terão belíssimas explicações de como acontece, como funciona, como agem os Guias da Umbanda e os Terreiros quando vistos do Alto.
Claro que para nós, aqui embaixo, essa leitura propiciará uma outra visão sobre as ações e nos remeterá a uma responsabilidade muito maior, afinal o Saber exige atitude, não é mesmo?
Portanto, EU RECOMENDO!
Recanto de Luz
Obra mediúnica inspirada pelo espírito Eusébio
ao médium Luis Carlos Rapparini
-Faltavam dez minutos para as vinte horas, quando um estranho alarido chamou-nos a atenção. Granjearam entrada para inúmeras entidades de aspecto sofredor e fisionomias amarguradas. Parecia que tinham recolhido todos os mendigos, abandonados e desfavorecidos de toda a sorte daquelas redondezas. Eles deixavam-se conduzir sem qualquer percepção do cuidado e carinho de que eram cercados; eram incapazes de reconhecer o local em que estavam entrando; suas mentes estariam, certamente, fixadas nas reminiscências desagradáveis que aquele estado tão desgraçado havia provocado.
A atmosfera balsamizante, que eu tanto havia admirado momentos antes, não os afetou de nenhuma forma. Confusos, deprecantes, lamurientos, todos eles foram mantidos em local apropriado, limitados por largas faixas de barreiras magnéticas. Pouquíssimos, notando a existência dessas barreiras, exclamavam-se presos e rogavam por liberdade.
As entidades tutelares que os acompanhavam, de semblante austero e lábios silenciosos, assumiram posição de vigilância, confundindo-nos quanto à sua intenção: se era evitar a saída de algum deles ou a entrada de outras entidades naquele local.
Até então os demais quatro espaços permaneceram vazios. - É mínimo o número de visitantes encarnados, você não acha? Já está quase na hora de começar e vemos tão somente aquelas duas jovens senhoras – retruquei ao meu parceiro.
-Sim, Eusébio. Também noto alguma displicência no grupo de médiuns, pois daqui podemos ver aqueles outros quatro irmãos lá fora em jocosa conversação. Ah, se os “vivos” pudessem perceber a extensão dos trabalhos “neste lado”.
Decerto ficariam envergonhados com tal procedimento se pudessem ver-nos.
Como encarariam saber que as suas sessões, nem bem iniciadas, já contam com o esforço e a dedicação de mais de vinte entidades do nosso plano?
Como agiriam sabendo que dezenas de sofredores e mais outros tantos aprendizes, como nós mesmos, hoje estão a observar-lhes as atitudes, exprobrando-lhes ou vangloriando-lhes os méritos? Pensam eles que o único trabalho levado a efeito é o da incorporação?
Os questionamentos de Cláudio têm razão de ser: a organização, a estrutura, os esforços e a dedicação de tantos espíritos esclarecidos demonstram que a Doutrina Espírita deve ser compreendida e praticada muito além do exercício de fenômenos e habilidades mediúnicos.
Nosso orientador, o assistente Jerônimo, repete-nos perseverantemente a importância de buscar e oferecer a renovação interior dos homens, para a construção de um mundo mais ditoso.
Em última análise (e até sob certo ponto de vista uma análise egoísta) será nossa própria herança em reencarnações futuras.
Pontualmente às vinte horas, aquela que nos parecera ser a médium dirigente dos trabalhos rogou a atenção dos presentes – ao todo, quatorze médiuns, oito visitantes encarnados e mais de quarenta desencarnados – para a leitura de um texto do admirável Emmanuel, psicografado por Chico Xavier.
Enfim, sentíamos a expectativa do início de um importante estudo, cujos objetivos, ainda incógnitos, pressentíamos que seriam inesquecíveis.
E jamais poderemos olvidar nossa relutância em superar pequenos dois degraus.
Ééé… Como vimos os trabalhos não acontecem somente dentro do congá, com a gira aberta ou na frente do Guia; como vimos os consulentes de um Terreiro não são apenas os encarnados; como vimos uma gira não é algo simples.
Só mesmo com muito respeito, orientação, determinação e boa conduta para se manter firme e forte na Umbanda.
Só mesmo com muito Axé e Disciplina Axé é força pulsante, energia vibrante e quente;
Disciplina é atributo da ordem, da conduta e da retidão, portanto, Só por Ogum, ou melhor,
SÓ COM OGUM!!!
Axéééé…
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