sexta-feira, 30 de outubro de 2015

                               
                                     “Do que a Umbanda precisa?”

por Rodrigo Queiroz

Dia destes, ao final de uma gira de desenvolvimento mediúnico, manifestou-se Pai João de Angola, o Preto Velho regente da casa. 

Como de costume, acendeu seu cachimbo, cumprimentou os presentes e chamou todos para bem perto dele, e após se acomodarem ele pediu que todos respondessem uma pergunta simples: “– Do que a Umbanda precisa?” 

E assim um a um foram respondendo: 

“- Mais união...” “– Mais estudo...” “– Mais divulgação...” “– Mais respeito...” “– Mais reconhecimento...” Mais, mais e mais... 

Após todos manifestarem suas opiniões, Pai João sorriu e disparou: “– 

Muito se diz do que a Umbanda precisa, não é? 

E eu digo que a Umbanda precisa de Filhos!” 

Silêncio repentino no ambiente. 

Naturalmente os filhos ficaram surpresos e ansiosos para a conclusão desta afirmação. 

Pai João pitou, pensou, pitou, sorriu e continuou: “É isso, a Umbanda precisa sobretudo de FILHOS. 

Porque um filho jamais nega sua mãe, sua origem, sua natureza. 

Quando alguém questiona vocês sobre o nome de sua mãe, vocês procuram dar um outro nome a ela que não seja o verdadeiro? 

Um filho nem pensa nisso, simplesmente revela a verdade. 

Assim é um verdadeiro Filho de Umbanda, não nega sua religião, nem conseguiria, pois seria o mesmo que negar a origem de sua vida, seria o mesmo que negar o nome de sua mãe. 

Um filho de Umbanda, dentro do terreiro limpa o chão com devoção e não como uma chata necessidade de faxinar. 

Um filho de Umbanda dá o melhor de si para e pelo terreiro, pois sente que ali, no terreiro, ele está na casa de sua mãe. 

Um filho de Umbanda ama e respeita seus irmãos de fé, pois são filhos da mesma mãe e sabem que por honra e respeito a ela é que precisam se amar, se respeitar e se fortalecer. 

Um filho de Umbanda sente naturalmente que o terreiro é a casa de sua mãe, onde ele encontra sua família e por isso quando não está no terreiro sente-se ansioso para retornar, e sempre que lá está é um momento de alegria e prazer. 

Um filho de Umbanda não precisa aprender o que é gratidão. 

Porque sua entrega verdadeira no convívio com sua mãe, a Umbanda, já lhe ensina por observação o que é humildade, cidadania, família, caridade e todas as virtudes básicas que um filho educado carrega consigo. 

Um filho de Umbanda não espera ser escalado ou designado por uma ordem superior para fazer e colaborar com o terreiro, ele por si só observa as necessidades e se voluntaria, pois lhe é muito satisfatório agradar sua mãe, a Umbanda. 

Um filho de Umbanda sabe o que é ser Filho e sabe o que é ter uma Mãe. 

Quando a Umbanda agregar em seu interior mais Filhos que qualquer outra coisa, estas necessidades que vocês tanto apontam como união, respeito, educação, ética, enfim, não existirão, pois isto só existe naqueles que não são Filhos de fato. 

Tenham uma boa noite, meus filhos!

” Pai João pitou mais uma vez e desincorporou. 

Diante dele, seus filhos, com olhos marejados, rosto rubro, agradeciam a lição. Saravá a Umbanda, salve a sabedoria, salve os Pretos Velhos.

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