Cerimônia Fúnebre
Lurdes de Campos Vieira / Supervisão de Rubens Saraceni
RITUAL DE PURIFICAÇÃO DO CORPO
E ENCAMINHAMENTO DO ESPÍRITO,
DE ACORDO COM
MESTRE RUBENS SARACENI
Em todas as culturas o campo-santo é considerado um lugar sagrado, onde os corpos
sem vida são devolvidos ao Criador Olorum.
Os mortos merecem o nosso respeito e devem
ser lembrados com Amor, pois tai sentimentos os auxiliarão em sua caminhada evolutiva.
A cerimônia fúnebre umbandista deve ser realizada de maneira que, através do corpo,
o espírito, onde quer que se encontre, seja alcançado.
A MORTE
“A morte é um ato de vida.” Mestre Rubens Saraceni
O que normalmente chamamos de morte é uma dissolução progressiva do indivíduo,
que, ao desencarnar, se defronta com uma zona de transição entre o mundo da matéria e o
mundo astral, denominada túnel da triagem.
Não fugiremos à Lei imutável de que há vida
após a morte.
A verdadeira vida eterna é a existência do espírito que, após um período no
astral, reencarna, voltando ao corpo material muitas vezes, para ampliar a consciência do
ser e continuar o seu aperfeiçoamento e crescimento, no caminho rumo ao Criador.
Esta vida é apenas um estágio, no qual devemos adquirir compreensão para evoluir.
Com a morte, muda apenas a vibração, pois o plano de vida passa a ser o espiritual.
Vida e
Morte constituem um único ciclo de vida, no qual o nascimento corresponde à entrada na
vida material e a morte à entrada na vida espiritual.
Os cemitérios ou campos santos, no acima, são pontos de força regidos por nosso Pai
Obaluaiê.
São os pontos de transição do espírito, quando deixa a matéria e passa para o
plano espiritual.
Pai Obaluaiê é o “Senhor das Passagens” de um plano a outro, de uma
dimensão para outra, do espírito para a carne e vice-versa.
Na Umbanda, esse Pai é evocado
como senhor das almas, dos meios aceleradores de sua evolução, e traz em si vontade de
avançar, de ir para mais perto de Deus.
Pai Omolu é o orixá responsável por nosso corpo, quando o espírito se desprende dele.
Ele é o orixá da terra, que nos aguarda até que sejamos chamados pelo nosso Senhor,
Olorum.
Pai Omolu, de seu ponto de forças no campo-santo, coordena todas as almas, após o
desencarne, de acordo com a Lei Maior, mantendo-as no cemitério ou encaminhando-as ao
umbral, onde também é o regente.
O Senhor Omolu é o chefe de todos os executores da Lei
dentro da Linha das Almas e é, ele mesmo, o verdadeiro executor dos seres que caíram, por
vários motivos, e que têm de purgar os seus erros no astral inferior.
Ele também recolhe os
espíritos que, quando na carne, ofenderam o Criador, e que cairão nos planos sem retorno.
A obrigação de todos nós é cuidarmos da vida na carne, da melhor maneira possível,
com a coragem de colocarmo-nos frente a frente com os nossos vícios, erros, desejos e
anseios.
É reconhecermos que somos imperfeitos e buscarmos sempre nossa melhora,
envidando todos os esforços possíveis para vencermos a nós mesmos, mudarmos nossas
atitudes em relação aos semelhantes e a nós, e caminharmos rumo ao Divino Criador.
Purificação do Corpo:
1º — Purificação do corpo com incenso (defumação)
2º — Purificação do corpo com água consagrada
3º — Cruzamento do corpo com a pemba, ou do caixão, se lacrado
4º — Cruzamento do corpo com óleo de oliva
5º — Borrifação do corpo com essências e óleos aromáticos (óleos essenciais)
Encomenda do Espírito:
1º — Apresentação do(a) falecido(a)
2º — Palavras acerca dos espíritos
3º — Prece ao Divino Criador Olorum
4º — Canto de Oxalá
5º — Hino da Umbanda
6º — Canto de Obaluaiê
7º — Canto ao orixá de cabeça do(a) falecido(a)
8º — Despedida dos presentes
9º — Fechamento do caixão
10º — Transporte do corpo ao cemitério
11º — Enterro do corpo
12º — Cruzamento da cova onde foi enterrado
PROCEDIMENTOS DO SACERDOTE
UMBANDISTA PARA PURIFICAÇÃO DO CORPO
1-Purificação do corpo com incenso
A defumação poderá ser feita com incenso, que envolve o espírito em uma camada
isolante.
Procure incensar o corpo do(a) falecido(a),com incensos que tenham propriedade
depuradora e purificadora:
• Palha de alho — corta os cordões de vampirismo.
• Guiné — neutraliza as energias externas, sela o corpo para evitar a captura do
espírito.
Proferir as seguintes palavras:
Irmão(ã) ...(dizer o nome do(a) falecido(a).).., neste momento eu incenso o seu antigo
corpo carnal e peço a Deus que, onde quer que seu espírito se encontre, receba este
incensamento e seja purificado de todos os resquícios materiais ainda agregados nele,
tornando-o mais leve e mais puro, para que você possa alçar seu vôo espiritual rumo às
esferas superiores da vida.
2 — Purificação do corpo com água consagrada
Levar água consagrada do altar, ou consagrá-la na hora.
Aspergir água consagrada
sobre o corpo, dizendo as seguintes palavras:
Irmão(ã) ...(dizer o nome do(a) falecido(a).).., neste momento eu purifico o seu antigo
corpo, com a água consagrada, para que, onde você estiver, o seu espírito receba esta
purificação de todos os resquícios materiais ainda agregados nele, tornando-o mais leve e
mais puro, para que você possa alçar seu vôo espiritual rumo às esferas superiores da vida.
3 — Cruzamento do corpo com a pemba, ou do caixão, se lacrado
Cruzar a testa, a garganta e as costas das mãos, dizendo as seguintes palavras:
Irmão(ã) ...(dizer o nome do(a) falecido(a).).., neste momento eu cruzo o seu antigo
corpo, com a pemba branca consagrada, para que, onde você estiver, o seu espírito fique
livre de todos os resquícios dos cruzamentos materiais ainda agregados nele, desobrigando-o
de responder àqueles que fizeram esses cruzamentos em você, quando você ainda vivia no
plano material e, com isso, torno-o livre para que você possa alçar seu vôo espiritual rumo
às esferas superiores da vida.
4 — Cruzamento do corpo com óleo de oliva
Untar o ori, cruzar a testa, as costas das mãos e o peito do pé do(a) falecido(a),
dizendo estas palavras:
Irmão(ã) ...(dizer o nome do(a) falecido(a)..)., neste momento eu unto o seu ori,
anulando nele os resquícios das firmezas de forças feitas em sua coroa e retiro dela a mão
de quem as fez, purificando o seu espírito e livrando-o de ter de responder aos
chamamentos de quem quer que seja e que ainda se sinta seu superior e seu responsável nos
assuntos relacionados às suas antigas práticas religiosas.
Com isto, torno-o livre para que
possa alçar seu vôo espiritual rumo às esferas superiores da vida.
5 — Borrifação do corpo com essências e óleos aromáticos (óleos essenciais)
Aspergir o óleo essencial aromático (alfazema, olíbano, cipreste, mangerona, sândalo *
), da cabeça até os pés do corpo do(a) falecido(a).
Durante esses atos, dizer as seguintes
palavras:
Irmão(ã) ...(dizer o nome do(a) falecido(a)..).., onde quer que você esteja neste
momento, que o seu espírito seja envolvido por esta essência e este óleo, para que assim
você possa alçar seu vôo espiritual rumo às esferas superiores, envolto numa aura
perfumada e com o seu espírito livre de quaisquer resquícios materiais que nele ainda
pudessem ter restado.
Observação:
• Alfazema — para purificação (limpa, acalma, revigora, renova);
• Olíbano — para conexão com a divindade;
• Cipreste — para desapego e desprendimento;
• Mangerona — para acolhimento pela Mãe Divina;
• Sândalo — é um bálsamo (ajuda a compreender a partida e a conexão com a nova
morada).
ENCOMENDA DO ESPÍRITO
1 — Apresentação do(a) falecido(a)
O próprio sacerdote ministrante do sacramento ou uma pessoa que conheceu bem o
falecido deve, neste momento da cerimônia fúnebre, dizer algumas palavras sobre ele aos
presentes.
2 — Palavras acerca da missão do espírito que encarna
O sacerdote ministrante deve recitar algum texto escolhido por ele ou recitar de si
mesmo algumas palavras acerca da missão do espírito que encarna e do que ele leva para o
mundo dos espíritos, quando do seu retorno à morada maior.
3 — Prece ao Divino Criador Olorum
Olorum, Senhor nosso Deus e nosso Divino Criador, hei-nos reunidos à volta do corpo
carnal do(a) vosso(a) filho(a) ...(citar o nome do(a) falecido(a)...), que cumpriu sua
passagem pela Terra, com Fé, Amor e Confiança e não esmoreceu em momento algum,
diante das provações a que se submeteu, para que pudesse evoluir e aperfeiçoar ainda mais
a sua consciência acerca da Vossa Grandeza, Senhor Nosso Pai! Acolha seu espírito que já
retornou ao mundo maior, onde está a morada dos que O servem com Humildade, Fé e
Caridade, Senhor Nosso Pai. Envolva-o(a) na Vossa Luz Divina e ampare-o(a) no Vosso Amor
Eterno, Senhor Nosso Pai! Amém!
Pombinho Branco, }
Mensageiro de Oxalá } bis
Leve esta mensagem
De todo o coração, até Jesus,
Diga que ele(ela) foi }
um soldado de Aruanda, } bis
Trabalhou pela Umbanda, }
Semeando a sua Luz. }
4 — Canto de Oxalá
O sacerdote ministrante ou a curimba deve entoar um ponto cantado para Pai Oxalá.
Exemplo:
Após terminar o canto, deve dirigir algumas palavras a esse orixá Maior da Umbanda,
solicitando-lhe que acolha o espírito do(a) falecido(a), ampare-o e direcione-o às esferas
superiores do mundo espiritual.
5 — Hino da Umbanda
O sacerdote ministrante ou a curimba deve cantar o Hino da Umbanda, em homenagem
ao espírito do(a) falecido(a) que, durante a sua passagem pela Terra, seguiu a religião
umbandista.
6 — Canto de Obaluaiê
O sacerdote ministrante ou a curimba deve cantar um ponto de Obaluaiê e, após o seu
término, deve dirigir algumas palavras a esse orixá, que é o Senhor das Almas e do Camposanto,
para que ele acolha o espírito do(a) falecido(a) e o ampare, durante o seu transe de
passagem do plano material para o espiritual, direcionando-o para o seu lugar nas esferas
espirituais.
CANTO DE OBALUAIÊ
“No alto do cruzeiro tem uma grande cruz
no centro do cruzeiro brilha a grande luz,
de Obaluaiê, êêêê, de Obaluaiê, êê, meu Pai.
Seu campo é grande, meu Pai.
seu reino é o campo-santo, meu Pai.
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu Pai.
Sua luz é grande, meu Pai,
e conduz quem fica pra trás,
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu Pai.
Seu campo é a terra, meu Pai,
recebe quem vai pro seu reino,
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu Pai.
Sua cruz, seu cajado, meu pai,
amparam os que ficaram pra trás,
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu pai.
Nos conduz por seu reino, meu pai,
somos os que ainda estão para trás,
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu pai.
Um dia no seu reino, meu Pai,
ilumine pra que eu encontre a paz,
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu Pai.
No cruzeiro, almas oram, meu Pai
de joelhos, pedem descanso e paz,
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu Pai.
O caminho eterno, um dia vou trilhar
e em algum lugar eu vou lhe encontrar,
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu Pai.
Sua coroa é só luz, ó meu Pai,
pra iluminar os que ficaram prá trás,
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu Pai.
Seu cajado é firme, meu Pai,
prá amparar quem não mais quer ficar para trás,
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu Pai.
Seu corpo é só chagas, meu Pai,
simbolizam as almas que caem,
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu Pai.
Seu campo é eterno, meu Pai,
guarda pra Olorum os que ficaram para trás.
Obaluaiê, êêêê, Obaluaiê, êê, meu Pai.”
(Mestre Rubens Saraceni)
7 — Canto ao orixá de cabeça do(a) falecido(a)
O sacerdote ministrante deve proferir algumas palavras sobre o orixá de cabeça do(a)
falecido(a), pedindo-lhe que ampare o espírito de seu(sua) filho(a), durante o seu retorno ao
mundo dos espíritos.
8 — Despedida dos presentes à cerimônia
Todos os presentes, iniciando pelos familiares do(a) falecido(a), devem dar a volta no
caixão, onde está depositado o corpo do(a) falecido(a), despedindo-se dele(a) e desejandolhe
uma vida luminosa e virtuosa no mundo espiritual.
9 — Fechamento do caixão
O caixão deve ser fechado pela pessoa da funerária, responsável pelo enterro ou
cremação.
10 — Transporte do corpo ao cemitério
ou ao crematório
Se a cerimônia foi realizada no terreiro freqüentado pelo(a) falecido(a) ou em sua
casa, o caixão deve ser carregado pelos seus familiares e amigos, até o veículo que o
transportará ao cemitério onde será enterrado.
Se a cerimônia foi realizada na capela do cemitério onde será enterrado, o seu
transporte deverá ser feito, da capela até o seu túmulo, através do meio recomendado pelos
responsáveis pelo local.
11 — Enterro do corpo
O caixão, após ser depositado dentro da cova, deve receber uma fina camada de
pemba ralada, antes de ser coberto pela terra.
12 — Cruzamento da cova onde foi enterrado
Após o túmulo ser coberto de terra e as flores serem depositadas sobre ele, o
sacerdote ministrante deverá cercar a cova com pemba ralada, criando um círculo protetor
à sua volta, e deve acender quatro velas brancas:
uma acima da cabeça, uma abaixo dos pés, uma do lado direito e outra do lado
esquerdo, formando uma cruz ao redor da cova, e proferir as seguintes palavras:
— Divino Criador Olorum, amado Pai Obaluaiê, amado Pai Omolu, Senhores Guardiões
do Campo-Santo, aqui eu selo e cruzo a cova onde (...dizer o nome do(a) falecido(a)...) teve
seu corpo enterrado, impedindo, assim, que ela venha a ser profanada e impedindo que seu
espírito venha a ser perturbado por quaisquer ações que possam ser intentadas contra ele a
partir de agora.
Observação: Em caso de cremação, fazer uma prece não necessitando ser um sacerdote, dirigente, tendo em vista que a cremação, significa a purificação .
Texto extraído do livro “Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista
- Coordenação de Lurdes de Campos Vieira
/ Supervisão de Rubens Saraceni - Editora Madras
Ex seminarista, com estudos, cursos diversos na amada UMBANDA incluindo o de teologia, praticante desde 1978; vi a necessidade de poder repassar o que aprendo todos dias, quer sejam textos, cursos, vídeos, e-books, aos que possam desejar, sem compromisso algum com quem quer que seja a não ser a DIVULGAÇÃO DE NOSSA AMADA UMBANDA. Se desejarem contato: acevangel@gmail.com
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
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Cristinatormena
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