quinta-feira, 10 de dezembro de 2015




                                                Filosofia de Deus 


Por Alexandre Cumino 

No início dos tempos, as questões existenciais sobre o Homem

 – Quem sou eu? Da onde vim? Para onde vou?
 – Eram respondidas através de Mitos e Mitologias. 

Quem se ocupava destas respostas e das respostas a cerca de Deus e a Natureza eram apenas as religiões e os sistemas religiosos. 

Na cultura oriental indiana suas lendas e mitos foram registrados a partir de 1.300 A.C. na literatura védica, que traz mitologia, religião e filosofia védica. 

Na cultura ocidental Homero e Hesíodo foram os primeiros a registrar por escrito a mitologia grega em torno de 700 A.C., e é nesta cultura que surge formalmente a filosofia (ou se preferir, a filosofia ocidental). 

Filosofia quer dizer “amor à Sabedoria”, filósofos são “amantes da Sabedoria”. 

A filosofia busca, além das questões existenciais, perguntar e responder sobre tudo que nos cerca, buscando um sentido ou uma razão para a vida. 

Um filósofo é alguém que não se acomoda, alguém capaz de se surpreender como uma criança, é um observador, um buscador. 

E os muitos filósofos encontraram respostas diferentes para perguntas iguais, como a origem das coisas e o sentido da vida, e até mesmo sobre: 

O que ou quem é Deus? Qual a nossa relação com Deus? 

Os primeiros filósofos são os Pré-socráticos ou “Filósofos da Natureza”, que são assim chamados por se ocuparem de tentar entender e explicar a Natureza através da razão, não mais através da mitologia. 

Para eles Tudo está na Natureza, logo a busca pela origem de Tudo também está na Natureza, já não há mais Deuses, mitos ou lendas, apenas uma origem natural para uma vida natural. 

São pensadores que conseguiram ver a razão de tudo na Natureza e se encantar com Ela, falam da natureza como se fala de Deus, estudam esta Natureza como uma Doutrina Teológica ou simplesmente exercem em si o significado de Filosofia. 

A Natureza é o Templo e sua filosofia a doutrina natural. 

• Tales de Mileto (Séc. VII e VI A.C.), considerado o primeiro filósofo grego, matemático e político, viveu em torno de 580 A.C., acreditava que todas as coisas tinham origem na água. 

A água era considerada a physis, que quer dizer a “fonte original” que corresponde a “Gênese”. 

A Tales é dado o crédito (ou “descrédito”) de ter sido o primeiro a procurar uma origem material para o mundo que nos cerca. 

É ainda atribuída a Tales uma frase que faz toda a diferença no pensar, onde ele teria afirmado que “tudo está cheio de Deuses”, difícil saber o que ele queria dizer exatamente com esta frase... • 

Anaximandro acreditava em um princípio originário, em grego “arché”, este princípio é chamado de “apeíron”, o infinito onde tudo surge e se dissolve. 

• Anaxímenes (550 – 526 A.C.) acreditava que o AR era a origem de tudo, “pneuma apeíron”, que todas as coisas eram o ar mais ou menos condensado, assim o fogo era ar rarefeito, a água era ar condensado e a terra o ar ainda mais comprimido. 

• Pitágoras (580 – 497 A.C.), filósofo, matemático e estudioso das questões pertinentes à divindade e sua criação, mantinha uma “Escola de Mistérios”, uma “Confraria Científico-religiosa”. 

Pitágoras buscava a harmonia do universo através dos números, das formas geométricas e da música. 

Graças a ele temos conhecimento de coisas que nem nos damos conta, como o estudo dos números pares, ímpares, primos, estudo dos triângulos através de teoremas e das formas geométricas. 

Foi Pitágoras que nos trouxe a ideia de sete notas musicais. 

Para ele Deus criava tudo geometrizando com números, talvez Pitágoras tenha sido o primeiro ocidental a ver o criador como “O Grande Arquiteto do Universo”. 

Ele demonstrava como as formas se manifestavam através dos números, onde o um é o ponto, o dois é a reta, o três é o espaço plano, o quatro forma um cubo, assim por diante. 

• Xenófanes (580 – 485 A.C.) levou para a Magna Grécia o pensamento intelectual e filosófico sobre a concepção do Universo, da Natureza e da Deidade. 

Também acreditava em um “arché” original e divino que permeava a tudo, uma única origem, uma unidade da onde tudo tinha sua origem. 

Extremamente combativo com relação à Mitologia Grega, costumava dizer que “Um deus é o supremo entre os deuses e os homens; nem em sua forma, nem em seu pensamento é igual aos mortais”. 

• Parmênides (540 – 480 A.C.), filósofo e legislador, deixou O Pomema de Parmênides, apresentando suas ideias. 

Uma delas é que “Nada se cria do Nada”, “O que é, é – e não pode deixar de ser”, para ele tudo sempre existiu e nada pode se transformar. 

• Heráclito (540 – 480 A.C.) comparava Deus à “Razão do Universo”, o “Logos”. 

Para ele Deus permeava a tudo através dos opostos, dizia que “Deus é dia e noite, inverno e verão, guerra e paz, satisfação e fome; mas Ele assume formas variadas, do mesmo modo que o fogo, quando misturado a aromas, é denominado segundo os perfumes de cada um deles”, “É sábio escutar não a mim, mas a meu discurso (sobre o Logos), e confessar que todas as coisas são UM”. 

• Empédocles (494 – 434 A.C.) trouxe a tão conhecida teoria dos quatro elementos, de que tudo é criado a partir de terra, água, ar e fogo. 

Tudo que existe é resultado da composição destes quatro elementos. 

Nenhum destes elementos é mais importante que o outro, todos são eternos e imutáveis e tudo é formado da composição deles em maior ou menor quantidade. 

“Não há nascimento para nenhuma das coisas mortais; não há fim pela morte funesta; há somente mistura e dissociação dos componentes da mistura. 

Nascimento é apenas um nome dado a este fato pelos homens.” 

• Anaxágoras (500 – 428 A.C.) acreditava que tudo era formado por partículas muito pequenas e invisíveis ao olho humano. 

Dizia ainda que “em cada coisa existe uma porção de cada coisa”. 

• Demócrito (460 – 370 A.C.) também acreditava que tudo era formado por pequenas partículas imutáveis chamadas “átomos”, que quer dizer “indivisível”. 

Com estes “Filósofos da Natureza” tem início o pensamento científico, o estudo da Física, estudo da natureza por análise, observação, lógica e razão – o que desvincula de Deus ou da Mitologia a busca por respostas ao que nos cerca. 

• Sócrates (470 – 399 A.C.) muda o foco da filosofia, da natureza para o ser humano e a sociedade que o cerca. 

Sócrates é sem dúvida o símbolo da filosofia, o mais conhecido e mais popular dos filósofos. 

São muito conhecidos os diálogos, debates e a ironia socrática. 

No entanto, Sócrates não escreveu uma linha sequer, tudo foi escrito por seu discípulo Platão. 

A vida filosófica de Sócrates começa com um oráculo, pois um de seus amigos faz uma consulta com uma das pitonisas do então conhecido e famoso “Oráculo de Delfos”, onde por inspiração de Apolo lhe foi dito que Sócrates era o homem mais sábio de sua época. 

Sócrates não acreditou que poderia ser ele melhor que qualquer outra pessoa e assim começou a questionar a tudo e a todos sobre os valores da vida. 

Com o tempo foi se dando conta que pouco as pessoas paravam para pensar nestas questões filosóficas, do comportamento, da vida em sociedade, dos valores e de como ter uma vida melhor e com mais qualidade, seguindo princípios de ética e virtude ligados a sua verdade. 

Este é um fato interessante, que o maior dos filósofos conhecidos teve a iniciativa de se entregar a este estudo de filosofia, de amor à sabedoria, por causa de um Oráculo feito no Templo de Delfos, dedicado ao Deus Apolo. 

Sócrates também tinha costume de ouvir e seguir conselhos de um “daimon” pessoal, um “espírito” familiar que lhe aconselhava e conduzia os passos. 

A ironia Socrática diz respeito ao fato de que frequentemente Sócrates se fazia de desentendido sobre certo assunto para questionar alguém que se colocava como grande conhecedor de tal, e qual não era a surpresa quando Sócrates acabava, por final, nos diálogos, mostrando que tinha muito mais sabedoria naquele assunto. 

Também é muito firme na condução das ideias e na forma de expor estas mesmas ideias, a fim de ajudar alguém a entender certa questão. 

Em um destes diálogos, Sócrates conversa com um discípulo muito preguiçoso que só queria saber de vida boa, sombra e água fresca. 

Sócrates o foi questionando a cerca do que o agradava e, ao constatar, lhe mostrou que se ele gostava de uma vida tranquila o melhor que poderia fazer era estudar muito e trabalhar para ter uma vida mais tranquila, em que não precisasse se preocupar com sua sobrevivência. 

Caso contrário, se continuasse com aquele comportamento, logo seria tarde para estudar e trabalhar com chance de escolher, e logo deveria ter que se submeter a qualquer trabalho para se manter, mesmo um trabalho forçado e mal remunerado, e tempo não sobraria para estudar e melhorar de vida. 

Logo, se ele, o discípulo, gostava mesmo de tranquilidade, deveria estudar e trabalhar muito para conquistá-la. 

Assim são os Diálogos de Sócrates que nos conduzem em seu raciocínio de uma forma deliciosa, onde aprendemos com ele valores sobre esta vida. 

Sócrates sempre afirmava que “Tudo que sei é que nada sei”, e afirmava ser melhor ter a consciência da própria ignorância que ostentar um conhecimento que não tinha. 

Buscava ele encontrar definições claras para o que era universalmente certo ou errado. 

Sócrates achava impossível alguém ser feliz se agisse contra suas próprias convicções. 

Costumava ensinar seu conhecimento, sua sabedoria ou seu amor à sabedoria em praça pública e, gratuitamente, atraia um grande número de pessoas e muitos jovens, o que incomodava a alguns, por isso um grupo se uniu contra ele, acusando-o de crime contra o Estado. 

Sócrates foi decretado culpado por um júri de cinquenta pessoas, sua acusação era de não reverenciar os deuses que o Estado cultuava, introduzir extravagâncias e “daimons” (espíritos), e corromper os jovens. 

Ele poderia ter pedido perdão ou poderia ter fugido de Atenas, mas Sócrates dizia que fora declarado culpado e ficaria ali para cumprir sua pena em favor de suas convicções. 

Jamais seria hipócrita, negaria seus valores ou assumiria ter feito algo que não fez, preferia a morte. 

Após o julgamento, sua cela ficou aberta para facilitar uma fuga, ainda assim ficou ali esperando para tomar a cicuta (o veneno) que o mataria. 

Após sua morte, Platão teria escrito todo o julgamento e também seus diálogos que o tornaram famoso. 

Diz Platão que Sócrates fazia frequentemente suas oferendas, sacrifícios, em casa e em altares públicos, falava o que sentia inspirado por um “daimon” (espírito familiar), aconselhava os amigos e, quando ficava em dúvida, os orientava a procurar um oráculo. 

Por muitos Sócrates é considerado como um Cristo que morreu por seus valores, alguns ainda acreditam que ele veio a preparar a vinda de Jesus. 

Allan Kardec na introdução do Evangelho Segundo Espiritismo considera “Sócrates e Platão precursores da ideia cristã e do espiritismo”, na qual é feita uma comparação da doutrina destes filósofos gregos com a doutrina cristã e o espiritismo, mostrando que têm valores idênticos. 

• Platão (427 – 347 A.C.) ficou muito conhecido principalmente por ter colocado no papel a vida e as ideias de Sócrates. 

Na época do julgamento e desencarne de seu Mestre tinha apenas 29 anos. 

Muitos se questionam se Sócrates é Sócrates ou se Sócrates seria Platão. 

Platão criou sua própria escola de filosofia num bosque dedicado ao herói grego Academos, e daí surgiu o nome Academia para sua escola. 

Para Platão, existiam dois mundos, este mundo material e palpável, um mundo dos sentidos, perceptível através de nossos cinco sentidos, e um outro mundo, o “Mundo das Ideias”, um mundo que não é material nem palpável e que tudo o que existe aqui é uma “cópia” do que existe lá. 

O Homem também teria dois corpos, um corpo material e outro corpo não material, a alma, que se movimenta neste outro mundo, o Mundo das Ideias. 

É muito conhecida a parábola de Platão que fala sobre “A Caverna”, na qual ele compara este mundo a uma caverna onde todos estão presos, acorrentados de costas para a entrada da caverna, onde crepita uma fogueira que faz projetar imagens nas paredes. 

Platão conta que os habitantes de tal caverna acreditavam que estas imagens seriam o mundo real e é a realidade da caverna em que vivem. 

Um dos habitantes da caverna escapa e pode ver o mundo lá fora, pode ver o sol e as estrelas, e volta à caverna para falar sobre este mundo. 

Os habitantes da caverna o condenam por perturbar a ordem estabelecida e matam este “visionário”. 

É uma alegoria que mostra de forma figurada o que aconteceu com Sócrates, são ideias muito próximas às de uma religião, principalmente por seus valores. 

Sócrates e Platão eram sim religiosos e devotos aos Deuses, apenas não concordavam em atribuir tudo aos Deuses, pois o homem deve recorrer também a seu intelecto e razão para buscar a sabedoria. 

• Aristóteles (384 – 322 A.C.), discípulo de Platão, filósofo e dedicado às mais variadas ciências. 

Era mais dedicado a este mundo material e à natureza que nos cerca. 

Criou a Lógica como ciência. 

Também discordava de Platão em alguns pontos, como o fato de o mundo das ideias preceder este mundo material. 

Aristóteles também é conhecido por ter sido tutor e professor de Alexandre Magno, Alexandre O Grande, da Macedônia (356 – 323 A.C.) na juventude. 

Cultura Helênica Alexandre Magno muda o panorama mundial com suas conquistas que vão do Ocidente ao Oriente. 

Conquistou inclusive os persas, unindo desde o Egito até a Índia e criando uma nova cultura, “unificada”, chamada de cultura helênica, que valorizava a cultura grega. 

Surgiram muitas religiões e sincretismos religiosos. 

A cidade de Alexandria marcou a questão cultural desta civilização, onde até hoje se fala da “Biblioteca de Alexandria”. 

Este panorama persiste até 50 A.C., quando Roma como uma grande potência passa a dominar e conquistar todos os reinos Helênicos, onde inclusive começa a predominar a língua latina. 

Com esta cultura Romana já não temos mais nem a cultura, nem os filósofos gregos. 

A própria Mitologia Romana, que não era muito rica, acaba se unindo e sincretizando com a Mitologia Grega onde Zeus passa a ser Júpiter, Hera agora é Juno, Hermes é Mercúrio, Hades é Plutão, Afrodite é Vênus e assim por diante. 

Não podemos nos esquecer que, enquanto isso, em outras culturas também foi desenvolvido um pensamento filosófico independente, com buscas à verdade e a uma qualidade de vida análogas às de Sócrates ou Platão, como as culturas Indiana ou Chinesa. 

Pois não podem ser descartados de um estudo mais aprofundado o pensamento de Confúcio, Lao Tse, Chuang Tse na China ou mesmo de um Tagore na Índia, ou ainda a Sabedoria Védica, que sendo religiosa por essência compreende toda uma filosofia. 

A partir do advento do Cristianismo em Roma, por ordem de Constantino, a cultura ocidental será marcada pelas religiões monoteístas. 

É importante que se diga que toda religião desenvolve uma filosofia própria, que podemos chamar de “Filosofia das Religiões”. 

Surgirão outros filósofos, alguns com valores religiosos abordando inclusive a deidade, e outros preocupados única e exclusivamente com outros assuntos específicos. 

Muitos filósofos são ateus (não acreditam em Deus), e outros agnósticos (que não têm opinião formada sobre Deus). 

No entanto, muitos filósofos pensaram sobre Deus, e muitos religiosos se tornaram verdadeiros filósofos. 

Há que se estudar também o pensamento e desenvolvimento da filosofia religiosa semita que deu origem à cultura Judaica, onde surgem os grandes profetas, como Elias, e homens como Enoc, que “andou com Deus”, seus valores a cerca deste mundo e da realidade de Deus. 

Tudo isso é filosofia também. Jesus desenvolveu todo um pensamento filosófico a cerca de Deus e do bem viver, apresentou a todos uma “Nova Lei” a “Lei do Amor” a “Lei do Perdão”. 

“Amar ao próximo como a si mesmo” é sua máxima. 

São mudanças de valores. 

No ano de 529 foi fechada a Academia de Platão em Atenas e, no mesmo ano, foi fundada a Ordem dos Beneditinos, a primeira Grande Ordem Cristã organizada, com seus mosteiros e disciplina rígida. 

A partir daí nos países Cristãos a Igreja passa a dominar o conhecimento. 

O Estado e a Igreja são unificados, muitos vão à forca e à fogueira por pensar diferente da Igreja. 

O que marca profundamente o pensamento e a filosofia nesta cultura. 

A Igreja terá também grandes Santos que desenvolveram o pensamento filosófico, entre eles não podemos deixar de citar Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e São Gregório Mágno, os maiores doutores da Igreja. 

Muitos também deixaram sua vida como o maior exemplo de “Filosofia de Vida”, como São Francisco de Assis, que é mais do que um exemplo religioso ou da Igreja, é um exemplo de ser humano, é um exemplo vivo do que é a busca filosófica ligada à deidade. 

Mohamed (Maomé) também desenvolve um novo pensar, que influenciará toda uma cultura, e também as guerras religiosas que surgirão entre Cristãos, Judeus e Muçulmanos. 

Com o tempo surgirão os protestantes, também no meio de choques, discussões filosóficas e guerras. 

Esta é uma forma de acompanhar o desenvolvimento filosófico desta nossa cultura, uma forma de acompanhar a “evolução” do pensar sobre todas as coisas e, claro, do pensar em e sobre Deus. 

 • Santo Agostinho (354 – 430 D.C.) estudou e buscou demais a origem do Mal e foi fortemente influenciado pelo neoplatonismo, entendendo que toda a existência humana é divina. 

Para Santo Agostinho o mal é a ausência de Deus. 

• Anselmo de Cantebury (1033 – 1109 D.C.) foi monge beneditino, professor e Arcebispo de Cantebury, foi o filósofo mais proeminente de sua época, procurando a distinção entre Teologia e Filosofia. 

Costumava dizer “Creio no que posso entender”. 

É autor do Argumento Ontológico que “prova” a existência de Deus, onde afirma que pensar sobre algo já pressupõe que este “algo” existe. 

Ou seja, o fato de existir o conceito Deus pressupõe sua existência. 

Até um tolo ou um herege pode conceber o que é Deus. 

Para negar sua existência é preciso antes concebê-lo, logo Deus existe. 

Se a mente tão limitada do homem pode especular sobre a existência de um ser tão perfeito, então esse ser deve existir. 

• São Tomás de Aquino (1225 – 1274 D.C.) se identificou mais com Aristóteles, assim como Santo Agostinho se identificava com Platão, a Igreja Romana incentivava esta união de duas culturas a Greco-Romana e a Judaica, que deram origem ao Cristianismo Romano. 

São Tomás de Aquino nos legou a Suma Teológica, um dos maiores estudos feitos sobre Religião, Teologia e Filosofia. 

Também postulou cinco maneiras de provar a existência de Deus, conforme vemos n’“O Livro Completo da Filosofia”, Autor James Mannion, Editora Madras: 

1. O movimento é uma realidade, pelo menos para a percepção humana. 

Para cada movimento, há um impulso anterior que o colocou em movimento. Volte ao passado e encontrará o Impulso Original. Este impulso é Deus; 

2. Similarmente, coisas novas nascem todo tempo. Para cada um desses eventos deve haver uma causa. Regrida causa por causa e você encontrará a primeira. Lá encontrará Deus; 

3. Todas as coisas mudam e todas as coisas dependem de outras para a sua existência. Eventualmente haverá algo original que não depende de nada para que exista. Nisso está Deus; 

4. Olhe em volta e perceba que existe uma perfeição inerente na natureza das coisas, em maior ou menor grau. Deve haver algo que é puramente perfeito, de onde todas as outras coisas descendem em uma ordem perfeita. A Perfeição é Deus; 

5. A ordem existe em todos os lugares. 

Há uma ordem profunda no universo. 
Portanto, deve existir uma inteligência responsável por essa magnífica ordenação. 

Essa inteligência é Deus. 

Surgiram também grandes cientistas que, ao desenvolver suas teorias e estudos, nem sempre estavam de acordo com a Igreja que acreditada ser a Terra o centro do mundo e do universo, a Terra plana com seus quatro cantos como está escrito na Bíblia. 

• Nicolau Copérnico (1473 – 1543), que era astrônomo, escreveu uma obra chamada “Das revoluções dos mundos celestes”, na qual afirmava que a Terra girava em torno do Sol e também em torno de seu próprio eixo, por isso a impressão de que o Sol gira em torno da Terra. 

Esta é a teoria heliocêntrica. 

Sua teoria foi provada matematicamente por Johannes Kepler (1571 – 1630). 

Esta teoria vai contra a Igreja na época, pois para a Igreja nosso planeta é o centro do universo e, nós, a razão de o universo existir, assim como a Terra era considerada plana, com quatro cantos.

 • Giordano Bruno (1548 – 1600) era um padre italiano e acreditava no questionamento filosófico, assim como Sócrates, por tanto questionar o que estava estabelecido como certo acabou indo ao encontro das ideias de Copérnico, onde o Sol é o centro desse sistema de planetas, incluindo a Terra. 

Adaptou suas ideias e filosofia religiosa para este modelo, por isso foi preso pela Igreja, torturado e morto na fogueira da “Santa Inquisição”. 

• Galileu Galilei (1564 – 1642) foi de tudo um pouco, no campo da ciência e da matemática, desenvolveu projetos que são revolucionários até hoje. 

Provou a teoria heliocêntrica, mas chamado aos tribunais da “Santa Inquisição” foi proibido de ensinar esta teoria. 

Em 1623 publicou uma obra chamada “O Avaliador”, que apresentava a teoria heliocêntrica, foi julgado e condenado pela Igreja e, para não ter o mesmo destino que Giordano Bruno, desmentiu sua própria teoria. 

• René Descartes (1596 - 1650) procurou por um método seguro para desenvolver o pensamento filosófico. 

Sua influência é muito grande nas ciências com o pensamento e método cartesiano. 

Para Descartes tudo deveria ser “pesado e medido” através de cálculos e observações, até que se tivesse absoluta certeza de algo antes de proferir uma sentença. 

Usava ele um caminho para alcançar o que chamamos de evidência usando outros preceitos metodológicos para tal, como: 

“O Preceito da Análise que consiste em dividir cada uma das dificuldades que se apresentem em tantas parcelas quantas sejam necessárias para serem resolvidas.” 

“O Preceito da Síntese que diz para conduzir com ordem os pensamentos, começando dos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para depois tentar gradativamente o conhecimento dos mais complexos.” 

“O Preceito da Enumeração onde se realiza enumerações de modo a verificar que nada foi omitido.” 

Todo este método de Descartes é importante para todas as áreas de conhecimento e aqui para este estudo também, pois irá influenciar Cientistas, Filósofos e Teólogos. 

É de Descartes a famosa afirmação “Penso, logo existo”. 

Descartes afirma que tudo provém de Deus, que existem duas realidades distintas, a material e a não material, que o homem é um ser dual composto de corpo e alma. 

Descartes vai mais longe e “prova” ou apresenta “provas” da existência de Deus tendo por base o “princípio das causas” ou de “causalidade”, onde Deus é a Causa do existir, onde o ser finito e imperfeito é um efeito proveniente desta causa (Deus). 

A ideia de Deus inata no ser humano é algo como a “marca do artista impressa em sua obra”. 

Em Meditações Descartes apresenta todo um desenvolvimento a cerca do “bom Dieu”, do “Deus dos filósofos” e sobre a “Deusa-Razão”. 

• Spinoza (1632 – 1677) contestava que cada palavra da Bíblia fosse realmente a palavra literal de Deus. 

Chamava a atenção para que fossem observados a época e o contexto em que ela foi escrita. 

Spinoza tinha um pensamento refinado sobre Deus e acreditava que Deus estava em tudo e Tudo estava em Deus. 

• Isaac Newton (1642 – 1727) descobriu e apresentou as grandes leis da Física como a Lei da Gravidade, Lei de Atração e Lei da Inércia, entre outras. 

Também fez a descrição perfeita dos movimentos dos planetas em torno do Sol. 

Newton mostrou que as Leis da Física serviam para todo o universo e que isso demonstrava provas da presença de Deus, através destas suas Leis. 

• Immanuel Kant (1724 – 1804) escreveu a “Critica da Razão Pura”, na qual apresenta a “filosofia crítica”. 

Kant se interessava por questões metafísicas e dizia que a “alma e a existência de Deus são desconhecidas e impossíveis de se provar”. 

Fica aqui este breve estudo sobre alguns filósofos deste mundo ocidental, falta ainda um estudo mais aprofundado sobre eles mesmos e também sobre os filósofos orientais que, embora poucos sejam abordados e estudados em nossa cultura, alcançaram linhas de pensamento que em alguns momentos são parecidas com estes e em outros momentos nos surpreendem por ter ideias completamente diferentes. 

A quem se interessa por este estudo recomendo a leitura do “Livro Completo da Filosofia”, James Mannion, Editora Madras; a série de livros “Os Pensadores”, Editora Nova Cultural, e o excelente livro “O Mundo de Sofia”, Jostein Gaarder, Editora Cia. das Letras. Fonte: CUMINO, Alexandre. Deus, Deuses, Divindades e Anjos. São Paulo: Ed. Madras, 2008. 

Deus Por Fernando Pessoa 

“Deus costuma usar a solidão para nos ensinar sobre a convivência. 

Às vezes, usa a raiva, para que possamos compreender o infinito valor da paz. 

Outras vezes usa o tédio, quando quer nos mostrar a importância da aventura e do abandono. 

Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar sobre a responsabilidade do que dizemos. 

Às vezes usa o cansaço, para que possamos compreender o valor do despertar. 

Outras vezes usa doença, quando quer nos mostrar a importância da saúde. 

Deus costuma usar o fogo, para nos ensinar sobre água. 

Às vezes, usa a terra, para que possamos compreender o valor do ar. 

Outras vezes usa a morte, quando quer nos mostrar a importância da vida”.

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