terça-feira, 8 de dezembro de 2015

                                         


 Mediunidade de incorporação

 Por Alexandre Cumino 


A mediunidade de incorporação é a modalidade mais comum na Umbanda. 

Dentro das classificações é ainda chamada de psicofonia, a fala mediúnica. 

Muito mais que a simples mecânica de transmitir mensagens dos espíritos por nosso aparelho vocal, existe toda uma caracterização no médium incorporado por uma entidade na Umbanda, pois eles trazem todo um conjunto de trejeitos que identifica a qual linha pertencem (preto-velho, caboclo, baiano...) e qual o tipo de trabalho que realizam. 

Dentro da mecânica de incorporação é costume entre os médiuns se perguntarem se são conscientes ou inconscientes, como se esta resposta esclarecesse realmente um tipo de mediunidade ou ainda a qualidade da comunicação. 

O fato é que uma simples resposta a esta pergunta não esclarece nada, vejamos, por exemplo, dentro do que se costuma chamar “médium inconsciente”. 

O que é um “médium inconsciente”? 

Na prática é aquele que não se lembra do que aconteceu enquanto esteve incorporado. 

Mas qual é a mecânica de incorporação? 

Como se processa o fenômeno mediunidade nele? 

Em verdade muitos que não se lembram do trabalho que seus guias realizam e costumam ser chamados de médiuns inconscientes podem ter tipos diferentes de mediunidade. 

Veja só, alguns médiuns enquanto incorporados são semiconscientes e seu corpo perispiritual, duplo etérico, fica um pouco deslocado do eixo normal, onde tudo se processa como se fosse um sonho e, ao desincorporar o guia, seu corpo volta ao eixo sofrendo um pequeno “choque” como de quem acabou de acordar, assim esquecendo o que aconteceu enquanto esteve incorporado, mas não inconsciente. 

Outro caso mais raro é o médium que no momento da incorporação faz desdobramento astral, podendo acompanhar ou não o trabalho da entidade e lembrando ou não o que vivenciou enquanto esteve projetado, com seu perispírito fora do corpo material, este também pode esquecer o que vivenciou ao voltar para seu invólucro carnal. 

Alguns enquanto incorporados além de se desdobrarem também dormem, são os chamados médiuns sonambúlicos, e quando seu corpo fica entregue de forma física e motora à entidade dizemos ainda que tem mediunidade mecânica. 

Podemos fazer uma analogia grosseira com a mediunidade de psicografia, que é mecânica quando a entidade domina fisicamente o braço do médium, usando inclusive a caligrafia que tinha enquanto encarnado. 

Este tipo de mediunidade é raro, Chico Xavier manifestava muito de forma mecânica, para citarmos um exemplo conhecido de todos. 

A incorporação mecânica é tão rara quanto à psicografia mecânica também chamada de automática. 

E ser um médium mecânico e sonambúlico não o torna melhor que os demais, porque a qualidade em uma boa manifestação, dentro ou fora da Umbanda, não está na forma, mas na essência, ou seja, mais valor tem o teor da mensagem e a vibração da entidade do que a mecânica que ela se utiliza para manifestar. 

Podemos ter médiuns inconscientes que em nada interferem na comunicação, já que esta é a polêmica nos terreiros, mas com sintonia baixa e afinidade espiritual negativa. 

Pouco valor tem os fenômenos, além de converter os céticos, muito valor tem a doutrina. 

Mais vale uma entidade de luz que pouca caracterização cria em seu médium e que transmite tudo o que nossos Orixás esperam da comunicação do que um “zombeteiro” produzindo fenômenos para impressionar as pessoas e que pouco ou nada têm de bom para nos transmitir. 

A maioria dos médiuns são semiconscientes. 

E embora se digam conscientes, mal se lembram das consultas ou de quem realmente tomou ou deixou de tomar passes com seus guias. 

Pode reparar, quase todos precisam passar por um período de desenvolvimento mediúnico que varia de pessoa para pessoa. 

O sonambúlico, inconsciente e mecânico, não passa pelo desenvolvimento mediúnico, pois ele possui mediunidade de incorporação mecânica, física mesmo; quando chega a um período de sua vida em que deve se entregar à mediunidade, ela aflora tão rapidamente que pouco se consegue entender o que está acontecendo. 

Aí o que vale é ter uma boa comunicação pautada no AMOR e na CARIDADE. 

Muitos médiuns são conscientes e têm mediunidade mecânica, como o sonambúlico, pois eles fazem o desdobramento astral e acompanham o trabalho “de fora”, ou seja, se veem incorporados. 

Tudo isso para dizer que não há como qualificar uma boa comunicação ou classificar um tipo de mediunidade baseando-se em uma simples pergunta, se o médium é consciente ou inconsciente. 

O que temos que saber é se a entidade incorporada realiza um bom trabalho de AMOR e CARIDADE, doutrinando e transformando homens e mulheres em pessoas melhores para si mesmas e para o seu semelhante.

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