O Homem
Novo
Livro: O Homem Novo
J. Herculano Pires
Para construir um mundo novo
precisamos de um homem novo. O mundo está cheio de erros e injustiças porque é a
soma dos erros e injustiças dos homens. Todos sabemos que temos de morrer, mas
só nos preocupamos com o viver passageiro da Terra. Por isso, a humanidade
desencarnada que nos rodeia é ainda mais sofredora e miserável que a encarnada a
que pertencemos. "As filas de doentes que eu atendia na vida terrena - diz a
mensagem de um espírito - continuam deste lado."
Muita gente estranha que nas
sessões espíritas se manifestem tantos espíritos sofredores. Seria de estranhar
se apenas de manifestassem espíritos felizes. Basta olharmos ao nosso redor - e
também para dentro de nós mesmos - para vermos de que barro é feita a criatura
humana em nosso planeta.
Fala-se muito de fraude e
mistificação no Espiritismo, como se ambas não estivessem em toda parte, onde
quer que exista uma criatura humana. Espíritos e médiuns que fraudam são nossos
companheiros de plano evolutivo, nossas colegas de fraudes cotidianas.
O Espiritismo está na Terra, em
cumprimento à promessa evangélica de Consolador, para consolar os aflitos e
oferecer a verdade aos que anseiam por ela. Sua missão é transformar o homem
para que o mundo se transforme. Há muita gente querendo fazer o contrário: mudar
o mundo para mudar o homem. O Espiritismo ensina que a transformação é conjunta
e recíproca, mas tem que começar do homem. Enquanto o homem não melhora, o mundo
não se transforma.
Inútil, pois, apelar para
modificações superficiais. Temos de insistir na mudança essencial de nós
mesmos.
O homem novo que nos dará um mundo
novo é tão velho quanto os ensinos espirituais do mais remoto passado, renovados
pelo Evangelho e revividos pelo Espiritismo. Sem amor não há justiça e sem
verdade não escaparemos à fraude, à mistificação, à mentira, à traição. O
trabalho espírita é a continuação natural e histórica do trabalho cristão que
modificou o mundo antigo. Nossa luta é o bom combate do apóstolo Paulo:
despertar as consciências e libertar o homem do egoísmo, da vaidade e da
ganância.
"Os anos não nos dão experiência
nem sabedora - dizia o vagabundo de Knut Hamsun - mas nos deixam os cabelos
horrorosamente grisalhos." É o que vemos no final desse poema bucólico da
Noruega que é "Um Vagabundo Toca na Surdina". Knut Hamsun era individualista e
sobretudo um lírico do individualismo. Mas o homem que se abre para o altruísmo
sabe que as verdades do indivíduo são geralmente moedas falsas, de circulação
restrita. A verdade maior - ou verdadeira - é a que nasce do contexto social, da
usina das relações, onde o indivíduo se forma pelo contato com os outros.
Os anos não trazem apenas os
cabelos brancos - trazem também a experiência, mestra da vida, e com ela a
sabedoria. É no dia a dia da existência que o homem vai modelando aos poucos a
sua própria argila, o barro plástico de que Deus formou o seu corpo na Terra.
Cada idade, afirmou Léon Denis, tem o seu próprio encanto, a sua própria beleza.
É belo ser jovem e temerário, mas talvez seja mais belo ser velho e prudente,
iluminado por uma visão da vida que não se fecha no círculo estreito das paixões
ilusórias. O homem amadurece com o passar dos anos.
A vida tem as suas estações, já
diziam os romanos. À semelhança do ano, ela se divide nas quatro estações da
existência que são: a primavera da infância e da adolescência, o verão da
mocidade e outono da madureza e o inverno da velhice. Mas também à semelhança
dos anos, as vidas se encadeiam no processo da existência, de maneira que as
estações se renovam em cada encarnação.
Viver, para o individualismo, é
atravessar os anos de uma existência. Mas viver, para o altruísta, é atravessar
as existências palingenésicas, as vidas sucessivas, em direção à sabedoria. O
branquear dos cabelos não é mais do que o início das nevadas do inverno. Mas
após cada inverno voltará de novo a primavera.
A importância dos anos é,
portanto, a mesma das léguas numa caminhada em direção ao futuro. Cada novo ano
que surge é para nós, os caminheiros da evolução, uma nova oportunidade de
progresso que se abre no horizonte. Entremos no ano novo com a decisão de
aproveitá-lo em todos os seus recursos. Não desprezemos a riqueza dos seus
minutos, das suas horas, dos seus dias, dos seus meses.
Cada um desses fragmentos do ano
constitui uma parte da herança de Deus que nos caberá no futuro.
Paz - Luz - Sabedoria.
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Ex seminarista, com estudos, cursos diversos na amada UMBANDA incluindo o de teologia, praticante desde 1978; vi a necessidade de poder repassar o que aprendo todos dias, quer sejam textos, cursos, vídeos, e-books, aos que possam desejar, sem compromisso algum com quem quer que seja a não ser a DIVULGAÇÃO DE NOSSA AMADA UMBANDA. Se desejarem contato: acevangel@gmail.com
sexta-feira, 20 de julho de 2012
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