quinta-feira, 2 de julho de 2015


Desde que foi concebido no ventre de sua mãe terrena, este mentor lhe acompanha. Vou denominá-lo de Caboclo X. Protegeu sua gestação turbulenta e, no dia do seu nascimento, o envolveu com fluidos e vibrações de boas vindas. Cresceu com conforto material, mas com grande desconforto emocional, motivo que lhe causou forte rebeldia em sua adolescência. Foi quando começou a se abrir para o mundo, não da maneira como devia, mas do jeito que teve condições.
Se envolveu com pessoas ruins que o levou a uma vida escura da Terra. Caboclo X nada podia fazer; lhe foi ordenado que apenas o assistisse sem se envolver, pois sabia que no momento certo se encontrariam. Caboclo X tinha como missão preparar o jovem médium para o tal encontro. Na sua juventude começou se dar conta do que sua vida estava se tornando.
Foi quando começou a procurar ajuda espiritual e por muitas religiões e filosofias passou sem que seu coração fosse tocado.  Caboclo X já havia preparado seu médium e era a hora de cuidar de seu tutelado. Invocou seu irmão falangeiro e juntos desceram à crosta terrestre. Quando chegaram na casa do tutelado ele estava em sono profundo tendo pequenos delírios causados pelos espíritos trevosos que há muito lhe acompanhavam.Caboclo X e seu irmão são falangeiros de Oxóssi e, naquele momento, irradiaram no local uma forte luz para afastar os quiumbas. Eles eram tão covardes que nem reagiram, sumiram num passe de mágica. Caboclo X imantou o corpo de seu tutelado com uma mistura de ervas espirituais para lhe curar as chagas abertas pelos quiumbas. Nesta noite falou com ele em sonho e lhe mostrou onde encontraria a paz espiritual.
Alguns dias depois, o tutelado já estava mais calmo e sentiu imensa vontade de ir a um Terreiro que conheceu quando criança. Caboclo X o esperava, Aruanda estava em festa, chegou o grande dia. Quando o tutelado viu a chegada de Caboclo X logo foi apossado de um imenso desejo de estar naquela Gira (era seu irmão falangeiro agindo em seu mental). No momento do passe espiritual se abraçaram, o tutelado não entendia por que tanta atenção e carinho, mas correspondia. E assim foram por alguns meses, Caboclo X cuidando de sua mente e seu espírito.
O tutelado ficou amigo do médium e em pouco tempo começou seu desenvolvimento espiritual. O irmão falangeiro de Caboclo X moldava seu espírito e logo o tomou por completo. Foi coroado pelos Orixás e firmada sua Linha. Era belo e emocionante como ia de vento em popa sua mediunidade, tinha resignação perante seus mentores e humildade. Em pouco tempo estava ficando conhecido. E foi neste momento que o grande médium sofreu sua maior provação: se manter humilde diante de tantos elogios.
Começa então o grande sofrimento dos que o rodeiam. Mais uma vez Caboclo X tinha que assistir sem interferir. Seu tutelado apossado por um sentimento de poder e cego pela vaidade já sentia-se superior a Caboclo X, virou-lhe as costas e quis seguir sua vida e seus conceitos já deturpados. Caboclo X sofre e chora sua distância e acredita no retorno de seu tutelado, não só Caboclo X assim como seu irmão falangeiro e toda a Linha de espíritos da luz que o acompanha. É triste vê-lo tomado pelos espíritos trevosos que um dia já o acompanharam…
***
Salve, Caboclo X e seu irmão Falangeiro!
Obrigado pela oportunidade de mostrar pela visão de um encarnado que vivenciou as “fases de um médium” que, assim como vós, também sofre em ver seu tutelado afastado de sua vida umbandista. Vida esta que presenciei dia a dia, a disciplina, a responsabilidade e acima de tudo a grande humildade ensinada por vós e todos espíritos de luz que nos orientava.
Acompanhei com resignação e muito companheirismo todo desenvolvimento de seu tutelado e, assim como ele, um grande amor e carinho aflorou dessa relação entre encarnados e a espiritualidade presente. Acabamos todos, em suma, sendo desenvolvidos, pois muito de leigo era nosso estágio até então.
De leituras e conversações, frases marcam e lições são transportadas para muitas realidades da nossa vida. O “livre arbítrio”, entendido a fundo, é o que mais nos ensina. Nesse caso, a vaidade é um  sentimento que todos temos, basta ter controle sobre sua vibração.
Assisti com muita pena a vaidade aflorando e sua baixa vibração se instalando em meu lar, destruindo o amor, carinho e companheirismo que ali existia, apesar de caminhos tortuosos os quais trilhamos muitas vezes, mas resistíamos, levantando-nos sempre.  Mas este sentimento inadmissível a um médium não só o afastou da espiritualidade como abandonou a família, divergiu com os amigos, toda conduta e ensinamentos extinguiram-se.
Espero que a todos os médiuns fique, desse pequeno depoimento, um alerta para que a vaidade não destrua seus caminhos, pois somos todos pessoas comuns, iguais perante as leis Divinas; somente emprestamos nossa matéria a serviço da caridade suprema e não temos nem como nos julgarmos melhores que ninguém por isso.
Ao irmão Falangeiro de Caboclo X, fica aqui a minha saudade, pois não mais nos falamos com o afastamento de seu tutelado, mas sinto sua vibração e proteção e agradeço sempre. Continuemos então fazendo nossas orações, emanando vibrações positivas para que esse médium que outrora foi tão dedicado, volte à sua missão terrestre e que seus mensageiros possam trabalhar novamente transmitindo os ensinamentos com a força de nosso Pai Maior.
Oxalá! Saravá filhos de Umbanda!
Esta mensagem foi enviada por uma irmã que viveu com o médium descrito na história. Publicado originalmente no JUS

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Cristinatormena

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