Da lei de destruição
Estudo: E.
Mollo
com base in O Livro dos Espíritos, Livro terceiro, cap. VI
obra codificada por Allan Kardec.
com base in O Livro dos Espíritos, Livro terceiro, cap. VI
obra codificada por Allan Kardec.
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Destruição necessária e destruição abusiva
É lei da Natureza a destruição,
pois é preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que
chamamos destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação
e melhoria dos seres vivos. As criaturas são instrumentos de que Deus se serve
para chegar aos fins que objetiva. Para se alimentarem, os seres vivos
reciprocamente se destroem, destruição esta que obedece a um duplo fim:
manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e
utilização dos despojos do invólucro exterior que sofre a destruição. Esse
invólucro é simples acessório e não a parte essencial do ser pensante. A parte
essencial é o princípio inteligente, que não se pode destruir e se elabora nas
metamorfoses diversas por que passa. (LE – 728).
A Natureza tem os meios de
preservação e conservação a fim de que a destruição não se dê antes de tempo.
Toda destruição antecipada é contrária ao desenvolvimento do
princípio inteligente. Por isso foi que Deus fez que cada ser experimentasse a
necessidade de viver e de se reproduzir. (LE – 729)
O homem deve procurar prolongar
a vida, para cumprir a sua tarefa. Tal o motivo por que Deus lhe deu o instinto
de conservação, instinto que o sustenta nas provas. A não ser assim, ele muito
freqüentemente se entregaria ao desânimo. A voz íntima, que o induz a repelir a
morte, lhe diz que ainda pode realizar alguma coisa pelo seu progresso. A
ameaça de um perigo constitui aviso, para que se aproveite da dilação que Deus
lhe concede. Mas, ingrato, o homem rende graças mais vezes à sua estrela do que
ao seu Criador. (LE – 730)
Ao lado dos meios de
conservação, a Natureza colocou os agentes de destruição para manter o
equilíbrio e servir de contrapeso. (LE – 731)
A necessidade de destruição
guarda proporções com o estado mais ou menos material dos mundos. Cessa, quando
o físico e o moral se acham mais depurados. São muito diversas as condições de
existência nos mundos mais adiantados do que o nosso. (LE – 732)
A necessidade da destruição se
enfraquece no homem, à medida que o Espírito sobrepuja a matéria. Assim é que,
como podemos observar, o horror à destruição cresce com o desenvolvimento
intelectual e moral. (LE – 733)
O direito de destruição que o
homem tem sobre os animais se acha regulado pela necessidade, que ele tem, de
prover ao seu sustento e à sua segurança. O abuso jamais constitui direito. (LE
– 734)
A destruição, quando ultrapassa
os limites que as necessidades e a segurança, da caça, por exemplo, quando não
objetiva senão o prazer de destruir sem utilidade, significa predominância da
bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que excede os limites
da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais só destroem para
satisfação de suas necessidades; enquanto que o homem, dotado de livre-arbítrio,
destrói sem necessidade. Terá que prestar contas do abuso da liberdade que lhe
foi concedida, pois isso significa que cede aos maus instintos. (LE – 735)
O excesso de escrúpulo, quanto
à destruição dos animais que muitos povos tem, no tocante a um sentimento
louvável em si mesmo, se torna abusivo e o seu merecimento fica neutralizado
por abusos de muitas outras espécies. Pois, entre tais povos, há mais temor
supersticioso do que verdadeira bondade. (LE – 736)
Flagelos destruidores
Deus fere a Humanidade por meio
de flagelos destruidores com a finalidade de fazê-la progredir mais depressa,
pois a destruição é uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos,
que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento.
Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados.
Não podemos apreciar a destruição do nosso ponto de vista pessoal porque os
qualificamos de flagelos, por efeito do prejuízo que nos causam. Essas
subversões, porém, são freqüentemente necessárias para que mais pronto se dê o
advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o
que teria exigido muitos séculos. (LE –
737 ver também 744)
Deus, também emprega todos os
dias outros meios que não os flagelos destruidores para que a Humanidade
consiga sua melhora, pois que deu a cada um os meios de progredir pelo
conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não se aproveita desses meios.
Necessário, portanto, se torna que seja castigado no seu orgulho e que se lhe
faça sentir a sua fraqueza. Se nesses flagelos, tanto sucumbe o homem de bem
como o perverso, nisto também esta a justiça de Deus. Durante a vida, o homem
tudo refere ao seu corpo; entretanto, depois da morte pensará de maneira
diversa. A vida do corpo bem pouca coisa é. Um século no nosso mundo não passa
de um relâmpago na eternidade. Logo, nada são os sofrimentos de alguns dias ou
de alguns meses, de que tanto nos queixamos. Representam um ensino que se nos
dá e que nos servirá no futuro. Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem a
tudo, formam o mundo real.. O mundo
espírita, preexiste e sobrevive a tudo.
Esses os filhos de Deus e o objeto de toda a Sua solicitude. Os corpos
são meras vestes com que eles aparecem no mundo. Por ocasião das grandes
calamidades que dizimam os homens, o espetáculo é semelhante ao de um exército
cujos soldados, durante a guerra, ficassem com seus uniformes estragados,
rotos, ou perdidos. O general se preocupa mais com seus soldados do que com os
uniformes deles. Não podemos considerar a vida, simplesmente qual ela é, mas
conforme representa seu verdadeiro objetivo em relação ao infinito. Em outra
vida, as vítimas desses flagelos acharão ampla compensação aos seus sofrimentos,
se souberem suportá-los sem murmurar. (LE – 738 e 85)
Venha por um flagelo a morte,
ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado
a hora da partida. A única diferença, em caso de flagelo, é que maior número
parte ao mesmo tempo.
Se, pelo pensamento, pudéssemos
elevar-nos de maneira a dominar a Humanidade e abrangê-la em seu conjunto,
esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que passageiras
tempestades no destino do mundo. (Nota LE - 737/738)
Os flagelos destruidores,
também tem utilidade do ponto de vista físico, não obstante os males que
ocasionam. Muitas vezes mudam as condições de uma região. Mas, o bem que deles
resulta só as gerações vindouras o experimentam. (LE – 739)
Os flagelos são provas que dão
ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e
resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus
sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina
o egoísmo. (LE – 740)
Em parte, é dado ao
homem intentar contra os flagelos que o afligem, porém, não, como
geralmente o entende. Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem. À
medida que adquire conhecimentos e experiência, ele os vai podendo afastar
nauralmente, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas. Contudo, entre
os males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos
decretos da Providência e dos quais cada indivíduo recebe, mais ou menos, o
contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à vontade
de Deus. Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes os agrava pela sua
negligência. (LE – 741)
Na primeira linha dos flagelos
destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados a peste, a
fome, as inundações, as intempéries fatais às produções da terra. Não tem,
porém, o homem encontrado na Ciência, nas obras de arte, no aperfeiçoamento da
agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições
higiênicas, meios de impedir, ou, quando menos, de atenuar muitos desastres?
Certas regiões, outrora assoladas por terríveis flagelos, não estão hoje
preservadas deles? Que não fará, portanto, o homem pelo seu bem-estar material,
quando souber aproveitar-se de todos os recursos da sua inteligência e quando
aos cuidados da sua conservação pessoal, souber aliar o sentimento de
verdadeira caridade para com os seus semelhantes? (Nota LE - 739 à
741)
É freqüente a certos indivíduos
faltarem formas de subsistência, mesmo em meio à abastança. É pelo nosso
egoísmo, que nem sempre fazemos o que nos cumpre. E no mais das vezes,
devemo-lo a nós mesmos. "Buscai e achareis"; estas palavras não
querem dizer que, para acharmos o que desejamos, basta uma atitude passiva, mas
é preciso procurá-lo sempre com ardor e perseverança, sem desanimar ante os
obstáculos, que muito amiúde são simples meios de que se utiliza a Providência
para nos experimentar a constância, a paciência e a firmeza. (LE – 707)
Algumas vezes, os obstáculos à
realização dos nossos projetos são, com efeito, decorrentes da ação dos
Espíritos; muito mais vezes, porém, nós é que andamos errados na elaboração e
na execução dos nossos projetos. Muito influem nesses casos a posição e o
caráter do indivíduo. Se nos obstinamos em ir por um caminho que não devemos
seguir, os Espíritos nenhuma culpa têm dos nossos insucessos. Nós mesmos nos
constituímos em nossos maus gênios. (LE – 534)
Se é certo que a Civilização
multiplica as necessidades, também o é que multiplica as fontes de trabalho e
os meios de viver.. Forçoso, porém, é convir em que, a tal respeito, muito
ainda lhe resta fazer. quando ela houver concluído a sua obra, ninguém deverá
haver que possa queixar-se de lhe faltar o necessário, a não ser por própria
culpa. A desgraça, para muitos, provém de inveredarem por uma senda diversa da
que a Natureza lhes traça. É então que lhes falece a inteligência para o bom
êxito. Para todos há lugar ao Sol, mas com a condição de que cada um ocupe o
seu e não o dos outros. A Natureza não pode ser responsável pelos defeitos da
organização social, nem pelas conseqüências da ambição e do amor-próprio.
Fora preciso, entretanto,
ser-se cego, para se não reconhecer o progresso que, por esse lado, têm feito
os povos mais adiantados. Graças aos louváveis esforços que, juntas, a
Filantropia e a Ciência não cessam de despender para melhorar a condição
material dos homens e mau grado ao crescimento incessante das populações, a
insuficiência da produção se acha atenuada, pelo menos em grande parte, e os
anos mais calamitosos do presente não se podem de modo algum comparar aos de
outrora. A higiene pública, elemento tão essencial da força e da saúde, a
higiene pública, que nossos pais não conheceram, é objeto de esclarecida
solicitude. O infortúnio e o sofrimento encontram onde se refugiem. Por toda
parte a Ciência contribui para acrescer o bem-estar. Poder-se-á dizer que já se
haja chegado à perfeição? Oh! Não, certamente; mas, o que já se fez deixa
prever o que, com perseverança, se logrará conseguir, se o homem se mostrar
bastante avisado para procurar a sua felicidade nas coisas positivas e sérias e
não em utopias que o levam a recuar em vez de fazê-lo avançar. (Nota LE - 707,
534)
Guerras
O que impele o homem à guerra é
a predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e
transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito
conhecem - o do mais forte. Por isso é que, para tais povos, o de guerra é um
estado normal. À medida que o homem progride, menos freqüente se torna a
guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo-a com humanidade, quando a
sente necessária. (LE – 742)
A guerra desaparecerá da face
da Terra, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus.
Nessa época, todos os povos serão irmãos. (LE – 743)
O que objetivou a Providência,
tornando necessária a guerra é a conquista da liberdade e o progresso.
A guerra freqüentemente tem por
objetivo e resultado a escravização, contudo escravização temporária, para
esmagar os povos, a fim de fazê-los progredir mais depressa. (LE – 744)
Aquele que suscita a guerra
para proveito seu é grande culpado e esse muitas existências lhe serão
necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto
responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua
ambição. (LE – 745)
Assassínio
É um grande crime aos olhos de
Deus o assassínio, pois que aquele que tira a vida ao seu semelhante corta o
fio de uma existência de expiação ou de missão. Aí é que está o mal. (LE – 746)
Quanto ao grau de culpabilidade
em todos os casos de assassínio, Deus é justo, julga mais pela intenção do que
pelo fato. (LE – 747)
Em caso de legítima defesa, só
a necessidade o pode escusar. Mas, desde que o agredido possa preservar sua
vida, sem atentar contra a de seu agressor, deve fazê-lo. (LE – 748)
O homem não tem culpa dos
assassínios que pratica durante a guerra, pois é constrangido pela força, mas é
culpado das crueldades que cometa, sendo-lhe também levado em conta o
sentimento de humanidade com que proceda.
(LE – 749)
Tanto o parricídio como o
infanticídio são ambos igualmente condenável aos olhos de Deus porque é
crime, ou seja, uma violação culpável da lei Divina. (LE – 750)
A explicação que entre alguns
povos, já adiantados sob o ponto de vista intelectual, o infanticídio seja um
costume e esteja consagrado pela legislação, e que o desenvolvimento
intelectual não implica a necessidade do bem. Um Espírito, superior em
inteligência, pode ser mau. Isso se dá com aquele que muito tem vivido sem se
melhorar: apenas sabe. (LE – 751)
Crueldade
O sentimento de crueldade é o
que tem de pior no instinto de destruição, porquanto, se, algumas vezes, a
destruição constitui uma necessidade, com a crueldade jamais se dá o mesmo. Ela
resulta sempre de uma natureza má. (LE –
752)
A crueldade forma o caráter
predominante em alguns povos primitivos, porque a matéria prepondera sobre o
Espírito. Eles se entregam aos instintos do bruto e, como não experimentam
outras necessidades além das da vida do corpo, só da conservação pessoal
cogitam e é o que os torna, em geral, cruéis. Demais, os povos de imperfeito
desenvolvimento se conservam sob o império de Espíritos também imperfeitos, que
lhes são simpáticos, até que povos mais adiantados venham destruir ou
enfraquecer essa influência. (LE – 753)
A crueldade deriva da falta de
desenvolvimento do senso moral; não da carência, porquanto o senso moral
existe, como princípio, em todos os homens. É esse senso moral que dos seres
cruéis fará mais tarde seres bons e humanos. Ele, pois, existe no selvagem, mas
como o princípio do perfume no gérmen da flor que ainda não desabrochou. (LE – 754)
Em estado rudimentar ou
latente, todas as faculdades existem no homem. Desenvolvem-se, conforme lhes
sejam mais ou menos favoráveis as circunstâncias. O desenvolvimento excessivo
de uma detém ou neutraliza o das outras. A sobreexcitação dos instintos
materiais abafa, por assim dizer, o senso moral, como o desenvolvimento do
senso moral enfraquece pouco a pouco as faculdades puramente animais. (Nota LE
- 752 à 754)
Pode dar-se que, no seio da
mais adiantada civilização, se encontrem seres às vezes cruéis quanto os
selvagens, do mesmo modo que numa árvore carregada de bons frutos se encontram
verdadeiros abortos. São, selvagens que da civilização só têm o exterior, lobos
extraviados em meio de cordeiros. Espíritos de ordem inferior e muito atrasados
podem encarnar entre homens adiantados, na esperança de também se adiantarem,
Mas, desde que a prova é por demais pesada, predomina a natureza
primitiva. (LE – 755)
A sociedade dos homens de bem
um dia se verá expurgada dos seres malfazejos. A Humanidade progride. Esses
homens, em quem o instinto do mal domina e que se acham deslocados entre
pessoas de bem, desaparecerão gradualmente, como o mau grão se separa do bom,
quando este é joeirado. Mas, desaparecerão para renascer sob outros invólucros.
Como então terão mais experiência, compreenderão melhor o bem e o mal. Temos
disso um exemplo nas plantas e nos animais que o homem há conseguido
aperfeiçoar, desenvolvendo neles qualidades novas. Só ao cabo de muitas
gerações o desenvolvimento se torna completo. É a imagem das diversas
existências do homem. (LE – 756)
Duelo
Não se pode considerar o duelo
como um caso de legítima defesa, pois é um assassínio e um costume absurdo,
digno dos bárbaros. Com uma civilização mais adiantada e mais moral, o homem
compreenderá que o duelo é tão ridículo quanto os combates que outrora se
consideravam como o juízo de Deus. (LE – 757)
Poder-se-á considerar o duelo
como um suicídio por parte daquele que, conhecendo a sua própria fraqueza, tem
a quase certeza de que sucumbirá. E
quando as probabilidades são as mesmas para ambos os duelistas, haverá
assassínio ou suicídio, ou seja, um e outro. (LE – 758)
Em todos os casos, mesmo quando
as probabilidades são idênticas para ambos os combatentes, o duelista incorre
em culpa, primeiro, porque atenta friamente e de propósito deliberado contra a
vida de seu semelhante; depois, porque expõe inutilmente a sua própria vida,
sem proveito para ninguém. (Nota LE - 757/758)
O que chamam de ponto de honra,
em matéria de duelo, na verdade é orgulho e vaidade, dupla chaga da Humanidade.
Há casos em que a honra se acha verdadeiramente empenhada e em que uma recusa
fora covardia, isso depende dos usos e costumes. Cada país e cada século têm a
esse respeito um modo de ver diferente. Quando os homens forem melhores e
estiverem mais adiantados em moral, compreenderão que o verdadeiro ponto de
honra está acima das paixões terrenas e que não é matando, nem se deixando
matar, que repararão agravos. (LE – 759)
Há mais grandeza e verdadeira
honra em confessar-se culpado o homem, se cometeu falta, ou em perdoar, se de
seu lado esteja a razão, e, qualquer que seja o caso, em desprezar os insultos,
que o não podem atingir. (Nota LE - 759)
Pena de morte
Incontestavelmente desaparecerá
algum dia, da legislação humana, a pena de morte e a sua supressão assinalará
um progresso da Humanidade. Quando os homens estiverem mais esclarecidos, a
pena de morte será completamente abolida na Terra. Não mais precisarão os
homens de serem julgados pelos homens. Pode ser que esta época ainda esteja
muito distante de nós, mas ela virá a ser realidade. (LE – 760)
Sem dúvida, o progresso social
ainda muito deixa a desejar. Mas, seria injusto para com a sociedade moderna
quem não visse um progresso nas restrições postas à pena de morte, no seio dos
povos mais adiantados, e à natureza dos crimes a que a sua aplicação se acha
limitada. Se compararmos as garantias de que, entre esses mesmos povos, a
justiça procura cercar o acusado, a humanidade de que usa para com ele, mesmo
quando o reconhece culpado, com o que se praticava em tempos que ainda não vão
muito longe, não poderemos negar o avanço do gênero humano na senda do progresso.
(Nota LE - 760)
A lei de conservação dá ao
homem o direito de preservar sua vida. Mas não poderá usar ele desse direito na
tentativa de eliminar da sociedade um membro perigoso, pois há outros meios de
ele se preservar do perigo, que não matando.. Demais, é preciso abrir e não
fechar ao criminoso a porta do arrependimento..
(LE – 761)
A pena de morte, que pode vir a
ser banida das sociedades civilizadas, pode ter sido de necessidade em épocas
menos adiantadas, aliás necessidade não é o termo. O homem julga necessária uma
coisa, sempre que não descobre outra melhor. À proporção que se instrui, vai
compreendendo melhormente o que é justo e o que é injusto e passará a repudiar
os excessos que cometeu nos tempos de ignorância em nome da justiça. (LE – 762)
Será um indício de progresso da
civilização a restrição dos casos em que se aplica a pena de morte, não se pode
duvidar disso. Pois podemos observar como nos revoltamos quando lemos alguma
narrativa das carnificinas humanas que outrora se faziam em nome da justiça e,
não raro, em honra da Divindade; das torturas que se infligiam ao condenado e
até ao simples acusado, para lhe arrancar, pela agudeza do sofrimento, a
confissão de um crime que muitas vezes não cometera. Mas se houvéssemos vivido
nessas épocas, teríamos achado tudo isso natural e talvez mesmo, se fôramos
sido juiz, fizéssemos outro tanto. Assim é que o que pareceu justo, numa época,
nos parece bárbaro em outra. Só as leis divinas são eternas; as humanas mudam
com o progresso e continuarão a mudar, até que tenham sido postas de acordo com
aquelas. (LE – 763)
Muito temos nos enganados a
respeito destas palavras de Jesus: “Quem
matou com a espada, pela espada perecerá” como acerca de outras. A pena de
talião é a justiça de Deus. É Deus quem a aplica. Todos nós sofremos essa pena
a cada instante, pois que somos
punidos naquilo em que havemos pecado, nesta existência ou em outra.
Aquele que foi causa do sofrimento para seus semelhantes virá a achar-se numa
condição em que sofrerá o que tenha feito sofrer. Este o sentido das palavras
de Jesus. Aliás ele disse também: “Perdoai
aos vossos inimigos”, assim como nos ensinou a pedir a Deus que nos perdoe
as ofensas como houvermos perdoado, isto é, na mesma proporção em que houvermos
perdoado. (LE – 764)
A pena de morte imposta em nome
de Deus é tomar o homem o lugar de Deus na distribuição da justiça. Os que
assim procedem mostram quão longe estão de compreender Deus e que muito ainda
têm que expiar. A pena de morte é um crime, quando aplicada em nome de Deus, e
os que a impõem se sobrecarregam de outros tantos assassínios. (LE – 765)
Esta mensagem eletrônica
foi enviada à você
com as melhores
vibrações
de paz e amor
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