Vamos começar este texto já partindo do princípio que existe UMBANDA, não existe UMBANDA RUIM OU BOA, o que existe são adeptos bons e outros que foram mal orientados, mal doutrinados.
Hoje dentro do seguimento de Umbanda existem vários seguimentos religiosos, com características bem distintas entre si, e um dos motivos dessas ramificações é justamente porque a Umbanda não é codificada, então cada chefe de terreiro tem sua ordenança física respondendo sob a ordenança espiritual. Cada casa tem sua missão religiosa perante a sociedade a qual pertence. Mas salientando que a ORDENANÇA ESPIRITUAL DA LUZ DEVE ESTAR PRESENTE NESTA CASA.
A minha Umbanda não é melhor que a sua caro irmão e irmã dirigente que está neste momento lendo este texto, e nem a sua é melhor que a minha, mas temos sim, cada um a liberdade de termos entendimentos diferentes em ritualísticas, fundamentos, conduta. Sempre falo que cada terreiro é uma parte única dentro da Umbanda, nunca nenhum terreiro será exatamente igual ao outro, até mesmo valendo para aqueles que praticam o mesmo seguimento.
A Umbanda é uma grande árvore, uma árvore forte, e cada seguimento é uma raiz que está ligada a essa árvore.
Em muitos fóruns de troca de conhecimento, quando alguém fala algo que vai contra os princípios de uma outra pessoa, sempre surge a palavra JULGAMENTO, tipo... você está julgando minha Umbanda.
Nossos guias sempre pregam que não devemos julgar ninguém, mas que antes devemos analisar se o defeito que estamos a apontar no irmão, estamos isentos dele.
CEGOS NÃO GUIAM CEGOS
Interessante isso, porque é uma realidade, tendemos a enxergar o defeito no outro e não analisarmos os nossos próprios defeitos.
E na realidade os defeitos dos outros podem muito nos ensinar, tanto nas questões de avaliação própria, como também aprender a não cometê-las então não sejamos juízes do outro mas sim de nós mesmos.
O ato de não julgar, parece algo simples mas não é, principalmente quando nosso lado crítico se desperta, hoje infelizmente nos deparamos com muitas patafurdias levando o nome de UMBANDA, e neste momento nos sentimos até agredidos em nossa fé e em nossos conceitos religiosos, porque não aceitamos certas posturas, e é ai que precisamos tomar cuidado porque também não somos perfeitos, e muitas vezes podemos sim cair nas armadilhas do pré julgamento, onde deixamos de analisar com mais profundidade determinadas questões, e deixamos a boa palavra, o bom entendimento e principalmente o bom esclarecimento de lado. Perdemos muitas vezes a oportunidade de levar a boa palavra e o bom entendimento e esclarecimento aquele outro irmão e irmã, que muitas vezes pode estar cometendo certas atitudes, não por maldade, mas por falta de ter tido um bom berço mediúnico. E muitos mesmo tendo um bom berço mediúnico, ainda não é garantia, podem estar falhando, porque também entra nesta questão valores de idoneidade, caráter.
As pessoas muitas vezes tendem a confundir julgamento, com o ato de se ter crivo, de raciocinar sobre uma determinada situação, somos seres pensantes. Eu posso não prestar julgamento, mas posso escolher baseado dentro dos meus conceitos e entendimentos morais e religiosos, se a atitude do outro me é condizente dentro do meu entendimento de Umbanda.
O meu direito começa quando termina o do outro, e assim também o é, em questões de RESPEITO.
O QUE É UMA UMBANDA BOA?
Uma Umbanda que preza a pratica da Fé, da Caridade e do Amor ao Próximo. Mas agregado a esses três pilares vem outros, Humildade, Compreensão, Bom Entendimento, Perdão.
Muitas pessoas confundem estrutura física com estrutura moral religiosa e espiritual, exemplos:
Tem pessoas tanto consulentes quanto médiuns, que escolhem um terreiro pela sua estrutura física, então se o terreiro é luxuoso, grande, se tem benfeitorias, ele é ótimo.
Será? que o fato de um terreiro estar num prédio bonito atesta presenças espirituais idôneas?
NÃO!!!
Mas infelizmente é isso que acontece hoje em dia, um terreiro humilde, muitas vezes fica no esquecimento, as pessoas não lhe dão o devido valor, julgam as aparências físicas esquecendo-se que a Umbanda também é simplicidade e humildade. Temos ai a Tenda Nossa Senhora da Piedade, que nunca foi um terreiro luxuoso, mas foi justamente ali que a Umbanda ficou forte e criou raízes como uma grande árvore frondosa.
Vejam bem, hoje há casas que possuem uma boa estrutura física, que lutaram para chegar onde chegaram, e merecem com toda certeza nosso respeito e valor.
O que estou tentando mostrar é que a estrutura mais importante num terreiro espiritual não é a física é a espiritual (A PRESENÇA VERÍDICA E AUTÊNTICA ESPIRITUAL).
Não adianta se o terreiro sua estrutura é grande ou mesmo pequena, se naquele terreiro a Umbanda não é praticada como se deve.
Um médium que escolhe um terreiro avaliando a estrutura física, pode sim estar caindo nas armadilhas da vaidade e do ego.
Entrei nesta questão porque vejo casas humildes sendo desprezadas, até mesmo ignoradas. E neste quadro que estamos analisando, não deixa de se enquadrar num bullying religioso, se pregamos a união, a fraternidade entre nós Umbandistas devemos tomar cuidado em tais condutas e atitudes.
Condições financeiras, não atesta se a casa é ruim ou boa, ou se o médium é bom ou ruim, pode até ser atrativa para dirigentes inescrupulosos que enxergam seus médiuns como um meio e não um fim.
Aproveito até para relembrar uma visitação que fiz em um terreiro na cidade de Ourinhos.
Um dos terreiros mais bonitos que conheci, era um barracão feito de madeira, sabem aquele estilo tipo pau a pique, chão batido de terra, um altar singelo, bonito, tudo limpinho e organizado, fui levada a convite de um amigo na época, mas foi o lugar que vi e senti a presença forte e nítida de guias de Umbanda, como já fui em terreiros lindos, luxuosos e simplesmente me deparei com médiuns fantasiosos, sugestionados. Precisamos tomar cuidado, porque as aparências podem enganar. E a vice versa também cabe nesta questão.
Hoje muitos desses terreiros simples e humildes tem fechado, porque não conseguem ter em seus estabelecimentos condições apropriadas baseadas em leis ambientais, de prefeituras, vigilância sanitária, até mesmo por condições financeiras.
Claro um terreiro tem que ter condições sustentáveis de SEGURANÇA, isso é um fato, porque acidentes podem acontecer isso é indiscutível.
Mas não deixa de nos despertar uma certa tristeza, porque essas casas humildes acabam fechando e é um posto da caridade que se fecha.
TUDO É ACEITÁVEL NA UMBANDA?
Está ai uma outra questão interessante, NÃO DEVEMOS JULGAR A UMBANDA DE NOSSO IRMÃO, muitas pessoas confundem muito isso, devemos sim respeitar a forma de entendimento do outro, a nível de fundamento e ritualística que compete a sua casa, mas também temos o direito de não concordar e não aplicar aquilo na nossa, para mim é muito óbvio essa questão, caso essa forma de entendimento esteja sendo um desserviço a UMBANDA.
Não devemos JULGAR, mas devemos levantar questões a respeito de fatos, que levem a uma pratica mediúnica espiritual racionada, sensata, onde tanto aqueles irmãos que podem estar caindo em erro podem se conscientizar e se orientarem, como despertar o raciocínio em outros. Neste ponto é onde se entra o crivo, o separar o joio do trigo, um dirigente, um médium, um consulente, tem que ter o BOM SENSO de analisar se certas condutas não estão fugindo dos conceitos básicos de Umbanda, porque a essência da Umbanda é uma só FÉ, AMOR E CARIDADE.
E infelizmente as pessoas estão por ingenuidade e credulidade fazendo coisas, porque uma entidade pediu por exemplo, sem ao menos raciocinar a respeito se aquilo que foi pedido está correto ou não, e muitas vezes se colocando em risco. Entra ai a FÉ CEGA que se torna tão danosa como uma faca amolada.
E condutas que fujam desses pilares, já se colocam em questionamento em duvida, sendo que para isso não necessite de julgamento de ninguém. Os fatos falam por si só.
O que faz a Umbanda ser classificada de uma religião BOA OU RUIM, é os próprios adeptos que a praticam, hoje os médiuns tem em suas mãos uma responsabilidade muito grande, porque cabe a eles levantar a bandeira da Umbanda perante a sociedade em que vivemos com dignidade, respeito e honra, sempre tomando muito cuidado para que certas condutas e atos não sejam armas nas mãos daqueles que nos perseguem. Lembrando, quando um dirigente comete uma falha grave não é só a casa dele que cai, mas desde o momento que a casa usou e tem o nome de UMBANDA, todos os terreiros caem em julgamento, em críticas perante a sociedade, devemos nos conscientizar disso, e saber que uma atitude, uma conduta pode sim prejudicar toda uma religião tão linda como a nossa. Não temos como interferir no livre arbítrio do outro, quanto as suas próprias escolhas, mas podemos sim, levantar questões que levem a conscientização quanto as consequências de certas atitudes tomadas. Está ai algo que cabe as boas casas realizarem.
A Umbanda não prega uma FÉ CEGA, IRRACIONAL, porque isso denotaria em FANATISMO RELIGIOSO, indo contra a pratica de uma Espiritualidade saudável, limpa higienizada.
Por isso ser de suma importância o incentivo ao estudo dentro de nossos terreiros, levantando questões como essas citadas e outras mais, para que nossos filhos no santo, não se melindrem diante de um embate, e tenham argumentos sustentáveis para falar da fé que professam com SABEDORIA.
Nossos guias em nossa casa, sempre citam em seus ensinamentos que a Umbanda é o Hospital das Almas, tanto dos espíritos que se encontram encarnados quanto dos desencarnados, que devemos ter olhares generosos, amorosos, para os irmãos que se encontram adoentados essa é a nossa missão religiosa.
Quando nossos guias conseguem sanar e curar uma doença moral, física e mesmo psicológica, nós médiuns os quais somos instrumentos destes, aprendemos e nos curamos a nós mesmos, porque conseguimos despertar a nossa própria consciência e prevenção.
A Umbanda prega a reforma, a transformação, e a evangelização, começando sempre de nós mesmos, porque não se pode dar o que não se tem ou o que não se aprendeu.
Que a bênção de nossos amados pretos velhos estejam conosco neste momento, trazendo a sabedoria de vossos entendimentos hoje e sempre.
Cristina Alves
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira.
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