terça-feira, 10 de abril de 2012


LINHAS DE TRABALHO NA UMBANDA
PRETOS VELHOS


"Pai Tomé cadê mãe Maria
Foi na mata apanhar guiné
Diga a ela que quando vier, que suba as escadas e não bata os pés"

As grandes metrópoles do período colonial: Portugal, Espanha, Inglaterra, França, etc; subjugaram nações africanas, fazendo dos negros mercadorias, objetos sem direitos ou alma.

Os negros africanos foram levados a diversas colônias espalhadas principalmente nas Américas e em plantações no Sul de Portugal e em serviços de casa na Inglaterra e França.

Os traficantes coloniais utilizavam-se de diversas técnicas para poder arrematar os negros:

Chegavam de assalto e prendiam os mais jovens e mais fortes da tribo, que viviam principalmente no litoral Oeste, no Centro-oeste, Nordeste e Sul da África.

Trocavam por mercadoria: espelhos, facas, bebidas, etc. Os cativos de uma tribo que fora vencida em guerras tribais ou corrompiam os chefes da tribo e financiavam as guerras e fazia dos vencidos escravos.

No Brasil os escravos negros chegavam por Recife e Salvador, nos séculos XVI e XVII, e no Rio de Janeiro, no século XVIII.

Os primeiros grupos que vieram para essas regiões foram os bantos; cabindos; sudaneses; iorubas; geges; hauçá; minas e malês.

A valorização do tráfico negreiro, fonte da riqueza colonial, custou muito caro:

"Em quatro séculos, XV ao XIX, a África perdeu, entre escravizados e mortos 65 a 75 milhões de pessoas, e estas constituiam uma parte selecionada da população.

Arrancados de sua terra de origem, uma vida amarga e penosa esperava esses homens e mulheres na colônia: trabalho de sol a sol nas grandes fazendas de açúcar. Tanto esforço, que um africano aqui chegado durava, em média, de sete a dez anos! Em troca de seu trabalho os negros recebiam três "pês": pau, pano e pão.

E reagiam a tantos tormentos suicidando-se, evitando a reprodução, assassinando feitores, capitães-do-mato e proprietários. Em seus cultos, os escravos resistiam, simbolicamente, à dominação. A "macumba" era, e ainda é, um ritual de liberdade, protesto, reação à opressão. As rezas, batucadas, danças e cantos eram maneiras de aliviar a asfixia da escravidão.

A resistência também acontecia na fuga das fazendas e na formação dos quilombos, onde os negros tentaram reconstituir sua vida africana. Um dos maiores quilombos foi o Quilombo dos Palmares onde reinou Ganga Zumba ao lado de seu guerreiro Zumbi, protegido de Ogum.

"Zumbi, comandante guerreiro...
Guerreiro mor, capitão.
Da capitania da minha cabeça...
Levai alforria ao meu coração..."

(Gilberto Gil)

Os negros que se adaptavam mais facilmente à nova situação recebiam tarefas mais especializadas, reprodutores, caldeireiro, carpinteiros, tocheiros, trabalhador na casa grande (escravos domésticos) e outros, ganharam alforria pelos seus senhores ou pelas leis do Sexagenário, Ventre livre e enfim a Lei Áurea.

Estes negros aos poucos conseguiram envelhecer e constituir mesmo de maneira precária uma união representativa da língua, culto aos Orixás e aos antepassados e tornaram-se um elemento de referência para os mais novos, refletindo os velhos costumes da Mãe África. Eles conseguiram preservar e até modificar, no sincretismo, sua cultura e sua religião.


ATUAÇÃO

E assim são os Pretos-Velhos da Umbanda. Eles representam a força, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam: curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz.

Eles representam a humildade, não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.

Com seus cachimbos, fala pausada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e de religião.

Não se pode dizer que em sua totalidade que esses espíritos são diretamente os mesmos pretos-velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram por muitas vidas anteriores foram: negros escravos, filósofos, médicos, ricos, pobres, iluminados, e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam escolheram ou foram escolhidos para voltar a terra em forma incorporada de preto-velho. Outros, nem negros foram, mas escolheram como missão voltar nessa pseudo forma.

Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e fora dele, meio confusas: "então o preto-velho não é um preto velho, ou é, ou o que acontece???".

O espírito que evoluiu tem a capacidade de se por como qualquer forma passada, pois ele é energia viva e conduzente de luz, a forma é apenas uma conseqüência do que eles tenham que fazer na terra. Esses espíritos podem se apresentar, por exemplo, em lugares como um médico e em outros como um preto-velho ou até mesmo um caboclo ou exu. Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua missão. Não é uma forma de enganar ou má fé com relação àqueles que acreditam, muito pelo contrário, quando se conversa sinceramente, eles mesmos nos dizem quem são, caso tenham autorização.

Por isso, se você for falar com um preto-velho, tenha humildade e saiba escutar, não queira milagres ou que ele resolva seus problemas, como em um passe de mágica, entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de você mesmo, tenha fé, acredite em você, tenha amor a Deus e a você mesmo.

Para muitos os pretos-velhos são conselheiros mostrando a vida e seus caminhos; para outros, são pisicólogos, amigos, confidentes, mentores espirituais; para outros, são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de fogo, pontos riscados e outros, apoiados pelos exus de lei (exus de luz) desfazendo trabalhos e contra as forças negativas (o mal), espíritos obscessores e contra os kiumbas (espíritos sem luz que trabalham na corrente negativa que levam os homens ao lado negativo e a destruição).


MENSAGEM

A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico. Ela representa o espírito de humildade, de serenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que possamos evoluir espiritualmente.

Certa vez, em um centro do interior de Minas, uma senhora consultando-se com um preto velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamente interessadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os trabalhos de Umbanda sem pensar no próximo e, só retornavam ao terreiro, quando estavam com outros problemas.

O preto velho deu uma baforada com seu cachimbo e respondeu tranquilamente: "Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são escravas do egoísmo. Procuramos ajudá-las, resolvendo seus problemas, brincando de pechinchar obrigações, de propósito. mas aquelas que podem ser aproveitadas, depois de algum tempo, sem que percebam, estarão vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte do terreiro. Muitas pessoas vem aqui buscar lã e saem tosqueadas; acabam nos ajudando nos trabalhos de caridade".

Essa é a sabedoria dos pretos velhos...

Os pretos-velhos levam a força de Deus (Zambi) a todos que queiram aprender e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou colocando pecados. Mostrando que o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amor próprio, a força de vontade e encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos do karma e elevar o espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encarem seus problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do dharma e da causa e efeito.

Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça espiritualmente. Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente o peso de seus sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero enfraquece e sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou aumente de acordo com encarne seu destino e os acontecimentos de sua vida:

"Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade. Mas, se tu entenderes que com luta o sofrimento podeis tornar-se alegria vereis que deveis tomar consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a felicidade do futuro. Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS" (Pai Cipriano).

Salve todos os PRETOS-VELHOS, que DEUS os iluminem e os abençoem. A todos os PRETOS-VELHOS que trabalham nesse mundo e no outro com muito amor. OBRIGADO!

COSME E DAMIÂO - SALVE A LINHA DAS CRIANÇAS!


"Vovó me traz um balão
Com todas as crianças que tem lá no céu
Tem doce, vovó
Tem doce, vovó
Tem doce lá no jardim".

Quando falamos na linha das crianças, estamos falando de uma das linhas mais próximas do Divino Incriado.

Muitas entidades que atuam sob as vestes de um espírito infantil, são muito amigas e têm mais poder do que imaginamos. Mas como não são levadas muito a sério, o seu poder de ação fica oculto, são conselheiros e curadores, por isso foram associadas à Cosme e Damião, curadores que trabalhavam com a magia dos elementos.

Não gostam de desmanchar demandas, nem de fazer desobsessões. Preferem as consultas, e em seu decorrer vão trabalhando com seu elemento de ação sobre o consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano.

Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois nos alertam sobre eles.

Eles manipulam as energias elementais e são portadores naturais de poderes só encontrados nod próprios Orixás que os regem.

"Lá vão os "anjinhos" subindo pro céu
E Nossa Senhora cobrindo eles com o véu!"
CABOCLOS


Okê, Caboclo!
"Ele é o Rei e não pede licença
Ele é o Rei, Ele é o dono do Congá
Ele é Caboclo, Ele vem lá de Aruanda,
Ele é Sete Flechas
Ele vem pra trabalhar."

A denominação "caboclo", embora comumente designe o mestiço de branco com índio, tem, na Umbanda, significado um pouco diferente. Caboclos são as almas de todos os índios antes e depois do descobrimento da miscigenação.

Constituem o braço forte da Umbanda, muito utilizados nas sessões de desenvolvimento mediúnico, curas através de ervas e simpatias, desobsessões, solução de problemas psíquicos e materiais, demandas materiais e espirituais e uma série de outros serviços e atividades executados nas tendas.

Os caboclos, espíritos de índios, tidos como o braço forte da Umbanda, não trabalham somente nos terreiros como alguns pensam. Eles prestam serviços também ao Kardecismo, nas chamadas sessões de "mesa branca"., pois estes nossos irmãos depois de desencarnarem, ainda conservam um corpo espiritual bastante denso carregado de fortíssima vitalidade.

No panorama espiritual rente à Terra predominam espíritos ociosos, atrasados, desordeiros, semelhantes aos nossos marginais encarnados. Estes ainda respeitam a força. Os índios, que são fortíssimos, mas de almas simples, generosas e serviçais, são utilizados pelos espíritos de luz para resguardarem a sua tarefa da agressão e da bagunça. São também utilizados pelos guias, nos casos de desobsessão pois, pegam o obsessor contumaz, impertinente e teimoso, "amarrando-o" em sua tremenda força magnética e levando-o para outra região.

Os caboclos são espíritos de muita luz que assumem a forma de "índios", prestando uma homenagem à esse povo que foi massacrado pelos colonizadores. São exímios caçadores e tem profundo conhecimento das ervas e seus princípios ativos, e muitas vezes, suas receitas produzem curas inesperadas.

O caboclo boiadeiro está ligado com a imagem do peão boiadeiro - habilidoso, valente e de muita força física. Vem sempre gritando e agitando os braços como se possuisse na mão, um laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o cavalo a andar nas pastagens.

Enquanto os "caboclos índios" são quase sempre sisudos e de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores.

O Caboclo Sucuri, é um índio traçado com boiadeiro. É um caboclo de descarrego e, dependendo de seu trabalho, ele assume uma forma ou outra. Traz atravessada no peito, sua enorme guia simbolizando a cobra sucuri, que é sua corda de caçador. Em geral, trabalha rodando sua guia por sobre a cabeça do consulente e depois a esfregando pelo seu corpo, para promover a limpeza do campo áurico. Invariavelmente a guia arrebenta... Conta ele, que seu pai é o caboclo Cobra Coral, que lhe ensinou a caçar e laçar.

POVO BAIANO - É PRÁ BAHIA MEU PAI!


"Bahia, ô África,
Vem cá vem nos ajudar
Força baiana, força africana
Força Divina, vem cá, vem cá"

A corrente baiana é formada por espíritos alegres, brincalhões, descontraídos e adoram "desmanchar" demandas.

São muito conselheiros, orientadores, aguerridos e chegados à "macumba" (dança ritual), durante a qual trabalham enquanto giram com seus passos próprios.

Apreciam as "festas" que lhes fazem, onde bebem batida de coco e comem comidas típicas da cozinha baiana.

Salve o povo Baiano!
BOIADEIROS


"Salve meus amigos!
Me chamam de Boiadeiro
Eu não sou Boiadeiro não
Sou laçador de gado
Boiadeiro é meu patrão"

Os Boiadeiros são entidades que representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, "o caboclo sertanejo". São os Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola. O mestiço Brasileiro, filho de branco com índio, índio com negro e assim vai.

Sofreram preconceitos, como os "sem raça", sem definição de sua origem. Ganhando a terra do sertão com seu trabalho e luta, mas respeitando a natureza e aprendendo, um pouco com o índio: suas ervas, plantas e curas; e um pouco do negro: seus Orixás, mirongas e feitiços; e um pouco do branco: sua religião (posteriormente misturada com a do índio e a do negro, sincretismo) e sua língua, entre outras coisas

Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé.

No Terreiro os Boiadeiros vêm "descendo em seus aparelhos" como estivessem laçando seu gado, dançando, bradando, enfim, criando seu ambiente de trabalho e vibração.

Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência.Os fortalecendo dentro da mediunidade, abrindo a portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, como os Exus.

Dá mesma maneira que os Pretos-Velhos representam a humildade, os Boiadeiros representam a liberdade e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande.

Os Boiadeiros em seus trabalhos bebem vinho ou marafo (aguardente) e fumam cigarro, cigarro de palha e charutos.

Quando o médium é mulher e o Boiadeiro (entidade) é homem, freqüentemente, a entidade pede para que seja colocado um pano e cor, bem apertado, cobrindo o formato os seios. Estes panos acabam, por vezes, como um identificador da entidade, e até a sua linha mais forte de atuação, pela sua cor ou composição de cores.

Jetuá seu boiadeiro.

A alegria dos MARINHEIROS!


"Quantas ondas tem o mar?
Quantos grãos tem de areia?
Eu vim pra descarregar
Sou marinheiro da mamãe sereia."

Aos poucos eles desembarcam de seus navios da calunga grande e chegam em Terra. Com suas gargalhadas, abraços e apertos de mão. São os marujos que vêm chegando para trabalhar nas ondas do mar.

Os Marinheiros são homens e mulheres que navegaram e se relacionaram com o mar. Que descobriram ilhas, continentes, novos mundos.

Enfrentaram o ambiente de calmaria ou de mares tortuosos, em tempos de grande paz ou de penosas guerras.

Os Marinheiros trabalham na linha de Iemanjá e Oxum (povo d'áqua) e trazem uma mensagem de esperança e muita força, nos dizendo que se pode lutar e desbravar o desconhecido, do nosso interior ou do mundo que nos rodeia se tivermos fé, confiança e trabalho unido, em grupo.

Seu trabalho é realizado em descarregos, consultas, passes, no desenvolvimento dos médiuns e em outros trabalhos que possam envolver demandas.

A gira de marinheiro e bem alegre e descontraída. Eles são sorridentes e animados, não tem tempo ruim para esta falange. Com palavras macias e diretas eles vão bem fundo na alma dos consulentes e em seus problemas.

A marujada coloca seus bonés e, enquanto trabalham, cantam, bebem e fumam. Bebem Whisky, Vodka, Vinho, Cachaça, e mais o que tiver de bom gosto. Fumam charuto, cigarro, cigarrilha e outros fumos diversos.

Em seus trabalhos são sinceros e ligeiramente românticos, sentimentais e muito amigos. Gostam de ajudar àqueles e àquelas que estão com problemas amorosos ou em procura de alguém, de um "porto seguro".

A gira de marinheiro, em muito, parece uma grande festa, pela sua alegria e descontração, mas também, existe um grande compromisso e responsabilidade no trabalho que e feito.

Salve o povo d'água!

CIGANOS NA UMBANDA


"Eu vi um formoso Cigano
Sentado na beira do Rio
Com seus cabelos negros
E os olhos cor de anil
Quando eu me aproximava o cigano me chamou

Com seus dados nas mãos
O cigano me falou
Seus caminhos estão abertos
Na saúde, na paz e amor,
Foi se despedindo e me abençoou
Eu não sou daqui, mas vou levar saudades,
Eu sou o Cigano Pablo, lá das Três Trindades."

Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da Umbanda, e "carregam as falanges ciganas juntamente com as falanges orientais uma importância muito elevada, sendo cultuadas por todo um seguimento espírita e que se explica por suas próprias razões, elegendo a prioridade de trabalho dentro da ordem natural das coisas em suas próprias tendências e especialidades.

Assim, numerosas correntes ciganas estão a serviço do mundo imaterial e carregam como seus sustentadores e dirigentes aqueles espíritos mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado, confundindo-se muitas vezes pela repetição dos nomes comuns apresentados para melhor reconhecimento, preservando os costumes como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de ampliar suas correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam no universo astral seu paradeiro, como ocorre com todas as outras correntes do espaço.

O povo cigano designado ao encarne na Terra, através dos tempos e de todo o trabalho desenvolvido até então, conseguiu conquistar um lugar de razoável importância dentro deste contexto espiritual, tendo muitos deles alçado a graça de seguirem para outros espaços de maior evolução espiritual, juntamente com outros grupos de espíritos, também de longa data de reencarnações repetidas na Terra e de grande contribuição, caridade e aprendizado no plano imaterial.

A argumentação de que espíritos ciganos não deveriam falar por não ciganos ou por médiuns não ciganos e que se assim o fizessem deveriam faze-lo no idioma próprio de seu povo, é totalmente descabida e está em desarranjo total com os ensinamentos da espiritualidade sua doutrina evangélica, até as impossíveis limitações que se pretende implantar com essa afirmação na evolução do espírito humano e na lei de causa e efeito, pretendendo alterar a obra divina do Criador e da justiça divina como se possível fosse, pretendendo questionar os desígnios da criação e carregar para o universo espiritual nossas diminutas limitações e desinformação, fato que nos levaria a inviabilização doutrinária. Bem como a eleger nossa estada na Terra como mera passagem e de grande prepotência discriminatória, destituindo lamentavelmente de legitimidade as obras divinas.

Outrossim, mantêm-se as falanges ciganas, tanto quanto todas as outras, organizadas dentro dos quadros ocidentais e dos mistérios que não nos é possível relatar. Obras existem, que dão conta de suas atuações dentro de seu plano de trabalho, chegando mesmo a divulgar passagens de suas encarnações terrenas. Agem no plano da saúde, do amor e do conhecimento, suportam princípios magísticos e tem um tratamento todo especial e diferenciado de outras correntes e falanges.

Ao contrário do que se pensa os espíritos ciganos reinam em suas correntes preferencialmente dentro do plano da luz e positivo, não trabalhando a serviço do mau e trazendo uma contribuição inesgotável aos homens e aos seus pares, claro que dentro do critério de merecimento, tanto quanto qualquer outro espírito teremos aqueles que não agem dentro desse contexto e se encontram espalhados pela escuridão e a seus serviços, por não serem diferentes de nenhum outro espírito humano.

Trabalham preferencialmente na vibração da direita e aqueles que trabalham na vibração da esquerda, não são os mesmo espíritos de ex ciganos, que mantêm-se na direita, como não poderia deixar de ser, e, ostentam a condição de Guardiões e Guardiãs. O que existe são os Exus Ciganos e as Moças Ciganas, que são verdadeiros Guardiões à serviço da luz nas trevas, como todo Guardião e Guardiã dentro de seus reinos de atuação, cada um com seu próprio nome de identificação dentro do nome de força coletivo, trabalhando na atuação do plano negativo à serviço da justiça divina, com suas falanges e trabalhadores, levando seus nomes de mistérios coletivos e individuais de identificação, assunto este que levaria uma obra inteira para se abordar e não se esgotaria.

Contudo, encontramos no plano positivo falanges diversas chefiadas por ciganos diversos em planos de atuação diversos, porém, o tratamento religioso não se difere muito e se mantêm dentro de algumas características gerais. Imenso é o número de espíritos ciganos que alcançaram lugar de destaque no plano espiritual e são responsáveis pela regência e atuação em mistérios do plano de luz e seus serviços, carregando a mística de seu povo como característica e identificação.

Dentro os mais conhecidos, podemos citar os ciganos Pablo, Wlademir, Ramirez, Juan, Pedrovick, Artemio, Hiago, Igor, Vitor e tantos outros, da mesma forma as ciganas, como Esmeralda, Carme, Salomé, Carmensita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaira, Sunakana, Sulamita, Wlavira, Iiarin, Sarita e muitas outras também. É imprescindível que se afirme que na ordem elencada dos nomes não existe hierarquia, apenas lembrança e critério de notoriedade, sem contudo, contrariar a notoriedade de todos os outros ciganos e ciganas, que são muitos e com o mesmo valor e importância.

Por sua própria razão diferenciada, também diferenciado como dissemos é a forma de cultuá-los, sem pretender em tempo algum estabelecer regras ou esgotar o assunto, o que jamais foi nossa pretensão, mesmo porque não possuímos conhecimento de para tanto. A razão é que a respeito sofremos de uma carência muito grande de informação sobre o assunto e a intenção é dividir o que conseguimos aprender a respeito deste seguimento e tratamento. Somos sabedores que muitas outras forças também existem e o que passamos neste trabalho são maneiras simples a respeito, sem entrar em fundamentos mais aprofundados, o que é bom deixar induvidosamente claro.

É importante que se esclareça, que a vinculação vibratória é de axé dos espíritos ciganos, tem relação estreita com as cores estilizadas no culto e também com os incensos, pratica muito utilizada entre ciganos. Os ciganos usam muitas cores em seus trabalhos, mas cada cigano tem sua cor de vibração no plano espiritual e uma outra cor de identificação é utilizada para velas em seu louvor. Uma das cores, a de vinculação raramente se torna conhecida, mas a de trabalho deve sempre ser conhecida para prática votiva das velas, roupas, etc.

Os incensos são sempre utilizados em seus trabalhos e de acordo com o que se pretende fazer ou alcançar.

Para o cigano de trabalho se possível deve-se manter um altar separado do altar geral, o que não quer dizer que não se possa cultua-lo no altar normal. Devendo esse altar manter sua imagem, o incenso apropriado, uma taça com água e outra com vinho, mantendo a pedra da cor de preferencia do cigano em um suporte de alumínio, fazendo oferendas periódicas para ciganos, mantendo-o iluminado sempre com vela branca e outra da cor referenciada. Da mesma forma quando se tratar de ciganas, apenas alterando a bebida para licor doce. E sempre que possível derramar algumas gotas de azeite doce na pedra, deixando por três dias e depois limpá-la.

Os espíritos ciganos gostam muito de festas e todas elas devem acontecer com bastante fruta, todas que não levem espinhos de qualquer espécie, podendo se encher jarras de vinho tinto com um pouco de mel. Podendo ainda fatiar pães do tipo broa, passando em um de seus lados molho de tomate com algumas pitadas de sal e leva-los ao forno, por alguns minutos, muitas flores silvestres, rosas, velas de todas as cores e se possível incenso de lótus.

As saias das ciganas são sempre muito coloridas e o baralho, o espelho, o punhal, os dados, os cristais, a dança e a música, moedas, medalhas, são sempre instrumentos magísticos de trabalho dos ciganos em geral. Os ciganos trabalham com seus encantamentos e magias e os fazem por força de seus próprios mistérios, olhando por dentro das pessoas e dos seus olhos.

Uma das lendas ciganas, diz que existia um povo que vivia nas profundezas da terra, com a obrigação de estar na escuridão, sem conhecer a liberdade e a beleza. Um dia alguém resolveu sair e ousou subir às alturas e descobriu o mundo da luz e suas belezas. Feliz, festejou, mas ao mesmo tempo ficou atormentado e preocupado em dar conta de sua lealdade para com seu povo, retornou à escuridão e contou o que aconteceu. Foi então reprovado e orientado que lá era o lugar do seu povo e dele também. Contudo, aquele fato gerou um inconformismo em todos eles e acreditando merecerem a luz e viver bem, foram aos pés de Deus e pediram a subida ao mundo dos livres, da beleza e da natureza. Deus então, preocupado em atende-los, concedeu e concordou com o pedido, determinando então, que poderiam subir à luz e viver com toda liberdade, mas não possuiriam terra e nem poder e em troca concedia-lhes o Dom da adivinhação, para que pudessem ver o futuro das pessoas e aconselha-las para o bem.

É muito comum usar-se em trabalhos ciganos moedas antigas, fitas de todas as cores, folha de sândalo, punhal, raiz de violeta, cristal, lenços coloridos, folha de tabaco, tacho de cobre, de alumínio, cestas de vime, pedras coloridas, areia de rio, vinho, perfumes e escolher datas certas em dias especiais sob a regência das diversas fases da Lua..."

Trecho extraído do livro "Rituais e Mistérios do povo Cigano", de Nelson Pires Filho

Ed. Madras
EXÚ GUARDIÃO

Um pouco sobre o nosso querido Exú Guardião na Umbanda Divina.






Um pouco de nosso querido Guardião, que tanto tentaram liga-lo a tantos conceitos do mau, que entretanto, a cada dia que passa, se despenca essa impingencia injusta e que não corresponde com a verdade, a respeito de nosso grande amigo e controlador das pilastras da Criação e do Universo, verdadeiro cobrador do carma e proporcionador incontestável do tão ensinado livre arbítrio.
O Grande Guardião da Luz!


"Soltei um pombo na mata
Mas lá na mata não pousou
Foi pousar na encruzilhada
Foi Tranca Rua quem mandou"


Axé!


"O sino da Igrejinha faz delem, delon delon
Deu meia noite o galo já cantou
Seu Tranca Rua que é o dono da Gira
Oi corre gira que Ogum mandou".

Muitos infelizmente ainada acreditam que nossos amigos Exus são Demônios, maus, ruins, perversos, que bebem sangue e se satisfazem com as desgraças que podem provocar.

Por milênios seguimentos contrários ao conhecimento e a evolução depredaram o fenômeno divino Esú, tentando faze-lo mau e atribuindo-lhe conceitos e definições que só interessavam aos seus propagadores, criando Demônios e Diabos para defini-los, injustamente e de mentira ímpar.

É ali no mistério Exu, que exerce o homem o seu verdadeiro livre arbrítrio, falando com todas as vozes que possui seu coração, sejam elas boas ou não, desejos de todos os tipos, ´procurando-os muitas vezes para tentar satisfazer desejos mesquinhos e de nenhuma importância para a evolução a não ser para si mesmo, pedindo àquele verdadeiro Guerreiro da Luz e condutor do homem o mau que muitas vezes ajudou a propagar, e a debitar na conta desses nossos queridos amigos e protetores.

O mau sabemos nós esta no desejo do homem e não no universo esteja ele manifestado seja da forma que for.A história dá conta de sacrifícios de toda ordem perpetrado pelo homem ao longo de sua existência, sem se dar conta sequer do que fazia ou ainda da importância que aquilo mantinha para o universo como um todo, enchergando apenas o universo limitado de seu próprio ser.Pessoas foram mortas e lançadas à humilhação em nome de Deus, e, o Diabo que é ruím e o Exu que faz o mau.

Esta na hora de desmistificarmos a figura de Exu e derrubar definitivamente esses conceitos que não procedem.Exu é o príncipio dinamico e a realização,Exú é o homem em movimento, é seu desejo manifestado, é aquilo que ele é! Exu, é o exercicio sem barreiras de sua vontade e do livre arbítrio do próprio homem.

Na antiguidade, usavam-se chifres em Divindades para demostrar sabedoria e importância. Até hoje ainda se cultuam Deuses com chifres para demonstrar seus valores divinos e seu saber. Segmentos de muitas espécies perseguiram os cultos pagãos, impingindo-os praticas diabólicas , quando na verdade jamais as praticaram. A história do mundo mostra com clareza a importância dos cifres nas Divindades que cultuavam e que ainda algumas culturas pagãs cultuam com sabedoria.

Nossos Guardiões são seres perfeitos, porque perfeita é a Criação e de outra forma não poderia deixar de ser, como se justificaria suas atribuições tão defendidas por alguns grandes autores da religião com relação a atuação dos Guardiões junto ao homem, máxime a cobrança do carma e a proteção de seus caminhos, se assim não fosse. O que sem dúvida não retira o valor e a supremacia e perfeição de outras Divindades, que também são perfeitas, como são, porque é assim que são.

Não nos parece que o contexto criador determinou formas ou nos mandou avisar de como deveriam ser as aparências dos bons e dos maus, no entendimento do homem. É preciso que o homem entenda de uma vez por todas que não é o centro do universo e nem o único ser inteligente criado por Deus e que o fator divino, bem como seus desdobramentos no universo e sua corte Superior Divina é constituído de Divindades puramente divinas e seguem toda uma estrutura capaz de administrar as obras de nosso Divino Incriado, sob pena de nos tornarmos ´produto de nossa própria limitação, em face do infinito eterno.

Alguns temas interessantes nos são trazidos pela história e acabam informando melhor muitas coisas acontecidas e algumas que até hoje caminham entre nós.Como compreender melhor algumas das restrições feitas a Exu e que acabaram tomando corpo errado e definindo conceitos inexistentes e sem fundamentos. Como já dissemos, muitos acreditam que nossos amigos Guardiões são Demônios, maus, que bebem sangue e se regozijam com as desgraças que podem provocar.

Na verdade o mau ou o bem, como já afirmamos é produto da vontade e da evolução do próprio homem e Exu esta acima do bem e do mau, seguimento esse pertencente ao segmento da evolução humana, o que não quer dizer que Exu não os conheça em seu mister. Muitos deles outrora, foram cultuados como Deidades ou Deuses, outros caíram e repuseram-se retomando seus mistérios e engajaram-se na luta já descrita e nos seus mistérios invertidos e que compõem o todo de qualquer mistério existente respectivamente aos seus ou de suas atuações e continuaram suas caminhadas.

Mas porquê este Orixá, irmão de Ogum e de Oxossi, filho de Iemanjá, animado, brincalhão, alegre, extrovertido e acima de tudo amigo leal, fiel companheiro é comparado com Demônios e Diabos em suas práticas de maneira injusta e ireal.

A bem da verdade mais uma vez nos demonstra a história através dos acontecimentos que muitos fatores contribuíram para isso, especialmente aqueles cuja influencia de antigos povos, concentrou no homem a idéia fixa de prover o bem e o mau, levando-o a acreditar que todo tipo de prática que escapasse ao seu conceito de bom ou mesmo que levasse nomes, muitas vezes por ele mesmo fabricado, que não representasse o socialmente aprovável, era ruim e carregava o Demônio em seus louvores. Infeliz falta de informação e conhecimento e que custara ao mesmo homem em tempo diverso muito tempo para consertar.

O desconhecido sempre foi alvo de medo, até que se tornasse conhecido pelo instrumento eficaz do conhecimento e da informação. A necessidade de guias para leva-los ao Divino, tornou parte desse contexto, constituindo-se em grandes massas, dirigidas por teorias e limitações que seus próprios eleitos definiam.

Na Mesopotâmia mesmo( vale entre rios ), há milênios atrás,o que se acreditava como demonologia causou sérias influencias interferindo em diversas culturas de muitos povos, como os hebreus, gregos, romanos, nos cristãos e tantos outros. Permanecendo até hoje muitos conceitos e definições que não foram superadas, principalmente no que se refere a rituais Satânicos.

Os males da vida e locais que não mantinham origem natural, como catástrofes e outros tantos, eram atribuídos ao mundo da demonologia e dos Diabos. Os tidos então como feiticeiros utilizavam-se para combater as forças da escuridão e do mau, rituais onde precisavam conhecer nomes de vários Demônios, construindo grandes listas, o Demônio mau era nominado como Utukku de maneira genérica, mantendo-se um grupo de sete Demônios maus, como os mais evocados, e, se dividiam entre machos e fêmeas, sendo uma constante nos antigos encantamentos.

Eram mantidas e divulgadas suas aparências com formas de meio humanas e meio animais, cabeça e tronco de homem ou mulher, prosseguindo com formas animais e garras em alguns casos. Dão conta escritos que o sangue era o alimento predileto, contudo aceitavam outras oferendas também e freqüentavam exatamente túmulos, lugares ermos, etc., mantendo uma freqüência noturna. Afora isso, mantinham também os Demônios assim entendidos então, bons e que eram chamados para guerrear com os maus, que tinham suas representações como gênios guardiões, também em número mais comum de sete, que guardavam seus templos, cemitérios, etc.

Desta forma, se vasculharmos mais, encontraremos muitos casos onde a possibilidade de influencia nos segmentos e praticas ritualísticas não compreendidas, deram ensejos a entendimentos errados e incompletos, levando através do caminho do preconceito e das restrições, muitas interpretações distorcidas e utilizadas para explicar o desconhecido ou o que atrapalhava os interesses. É certo também, que a falta de maior vivencia com as culturas pagãs, pelos povos mais modernos e afeitos a outros segmentos, também ensejou entendimentos completamente errados, inserindo no seio mundial, injustiças e interpretações de toda ordem a respeito dessas divinas culturas, que no seu seio comum durante milênios e até hoje só trouxeram sabedoria e benefícios incomuns ao homem e a Terra, proporcionando conhecimento e informação.

Bem, voltando ao nosso tema principal, mesmo aqui no Brasil não se justifica diante de tanta importância e conhecimento que já se obtém hoje, manter-se imagens de Exus com tantas distorções e formas que ao nosso modesto entender não refletem a realidade, muito embora compreendidas e simbolicamente definidas, muitas delas demonstram o que exatamente tenta se combater em relação a nossa Umbanda, junto a comunidade social e também religiosa, pretendendo que conheçam exatamente a beleza natural que ela possui, fato que deveria ser revisto e estimulado entre os nossos, levando a público o que realmente são, sem interferências de outras culturas em nosso seio.

No passado remoto, vimos quantas injustiças foram cometidas com nossos anscestrais e adoradores de Orixá, quanta perseguição sofreram por falta de respeito a uma cultura de tantos milênios e que jamais representou o mau ou relação com a Demonologia, apartando-se de conceitos como o bem e o mau para designar seus Deuses, ao contrário sempre cultuados como Divinos que são.

É sabido que os negros africanos, em suas danças nas senzalas, nas quais os brancos acreditavam tratar-se de forma simples de saudação de seus Santos, incorporavam alguns Exus, com seu brado e jeito maroto e acabavam por assustar os brancos que se afastavam ou agrediam os médiuns dizendo que eles estavam possuídos por Demônios.

Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que os negros ofereciam a Exu, o que reafirmou sua hipótese de que essa forma de incorporação era devido a Demônios, fato lamentável e confusão injusta, o que não deseja retirar o respeito ou o valor àqueles que assim agem, por sermos livres e portadores do tesouro divino do livre arbítrio, que nos foi doado pela Criação. E assim tantos outros entendimentos incompletos ou errados foram inserindo-se no convencimento do homem que suportado por interesses de alguns segmentos, medo ou mesmo desinformação, foram formando um grave erro acerca de seu verdadeiro contexto.

Mas então quem é esse Guardião?
Como todos os outros responsáveis pela estrutura universal e parte dela, atuam no divino fenômeno Exu, postando seu mistério e manipulando-o como um verdadeiro Guardião da Luz. Longe de desejarmos promover qualquer definição ou classificação sobre Exu ou Guardiões, cuja informação é vasta e muitas outras obras já dão conta disso, apenas nos detivemos nas considerações gerais a seu respeito, máxime, tratar-se esse trabalho da vida e obra do Sr Exu Guardião Tranca Rua, bem como de seu campo de atuação, psicografada com a inspiração de Mestre Lúcius.

Desejando também estimular nosso povo no sentido de desmistificar a figura de Exu, tanto quanto for necessário, uma vez que trata-se de um Guardião magístico, cuja atuação entre os elementais e os elementos universais é devéras suprema, dando conta de uma missão interminável, suportando caídos, desfazendo magias, habitando a escuridão, sustentando a Luz e preservando os pilares tão desgastados por conta de dogmas, rituais e atividades insustentáveis por conta daqueles desejosos do pseudo poder humano.

È o Guardião dos Caminhos, companheiro dos Pretos Velhos, Caboclos, aparador entre os homens e os Orixás, lutador incansável, sempre de frente, sem medo, sem mandar recado. Senhor da escuridão e do plano negativo atuam dentro de seus mistérios, regendo seus domínios e os caminhos por onde percorre a humanidade. Não há como se desejar promover uma ordem de valores como pretendem alguns, entre o negativo e o positivo, desejando assim fazer um juízo de valor inconsistente e impraticável.

A ordem de valores não nos cabe e sabemos que a verdade foi lançada ao homem de maneira fragmentada e por diversos segmentos e caminhos, religiosos ou não e assim devem ser respeitadas, uma vez que a verdade absoluta só a Deus, o eterno Criador pertence.

Tudo o que existe no plano positivo, mantêm-se proporcionalmente igual e de forma correspondente no plano negativo e assim é e será por todo o sempre, pois sempre que nasce algo novo é refletido (espelhado inversamente) e imediatamente, no plano negativo, não há como se criar em apenas um plano, a criação é única e alcança todos seus correspondentes de existência universal na mesma proporção, medida e força de instalação do fenômeno da criação, sendo assim, no plano negativo nada se cria em sua própria plenitude, na verdade se transforma e se instala como razão própria de sua própria razão original e propulsora, exaurindo-se em sua real origem de início, é o "Príncipio" ativo e único da Criação, ORIGINAL E EXAUSTIVA, porque tudo emana de uma só origem alçando o patamar Divino da Co-Criação, imediata e unicamente existente.

Não existem planos separados e adversos, mas sim correspondentes e que se complementam na razão única de si mesmos, denotando a unicidade do absoluto, o universo como um todo. As adversidades existentes não se confundem com o plano único de origem de tudo e de todas as coisas,(Poder de Criar), exaustivos em si mesmos nos desdobramentos divinos do fenômeno criador.
"Exú pode ser o mais benevolente dos Orixás se é tratado com consideração e generosidade".

Assim é Exu
Assim é o Guardião

As vezes alegre;
As vezes assustador;
As vezes temido;
As vezes amado;

Mas sempre ouvidos a quem quer que seja;
Sempre leal aos seus amigos;
Honesto com seus cultuadores;
Combatedor da maldade no mundo;
Sempre forte e destemido;
Gozador e franco;
Sustentador do livre arbítrio do homem;
Muitas vezes renegado;
Mas sempre chamado!


Assim é Exu!
Assim é o Guardião!

Salve Exu!
Obrigado.



O presente texto foi extraido do Livro "O GUARDIÃO TRANCA RUA"e esta protegido pelas normas de Direitos Autorais.

Ed. Madras
Autor: Nelson Pires Filho 

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