terça-feira, 30 de junho de 2015

CAMBONO Jefferson Ibiapino março de 2006 


O Inicio Geralmente, nas maiorias dos casos, o cambono inicia a sua vida espiritual em um terreiro, visitando, indo tomar um passe, ou porque algum conhecido vai no terreiro e este começa a ir também. Ele será assistido por alguma entidade e esta entidade o informará que tem mediunidade e que a sua missão nesta vida é a de trabalhar (desenvolver) a sua espiritualidade. No começo, pânico total. É a coisa mais comum para as pessoas iniciantes na religião sentir pânico quando a mesma fica sabendo que tem o dom da mediunidade e que está nesta encarnação com a missão de trabalhar a espiritualidade e ajudar tantas pessoas que necessitam. É comum ao certo, que quando a pessoa vai em um terreiro de Umbanda a primeira vez vai sem saber o que ali acontecerá. A maioria já pensa nas matanças de animais e no sangue jorrando, já pensa nas imagens de exu tão comum com chifres e outros adereços, ou seja, só pensam em bobagens do folclore brasileiro. “Eu me lembro a primeira vez que minha irmã de sangue, atualmente uma exemplar mãe de santo e yabasse, me disse que ela estava freqüentando um terreiro e o preto-velho havia dito a ela que era para eu ir no terreiro que ele queria conversar comigo, na hora eu estava dirigindo e estávamos parado em um semáfaro e por conhecidendia tinha um senhor negro no portão de uma empresa trabalhando de segurança com seus novos cabelos brancos e eu perguntei a minha irmã se podia ser aquele “preto-velho” ou tinha que ser o outro mesmo, ela riu, eu também ri e continuamos.” Isso é para ilustrar que a dúvida, a falta de crença e a ingenuidade da nossa formação pode nos levar a quaisquer caminhos que sejam. O pior acontece quando se chega no terreiro pela primeira vez e não se entende e tenta-se adivinhar o que esta acontecendo naquele local. Na maioria das vezes tem uma cortina que separa a assistência do conga e é aí que se começa a questionar o que se passa lá dentro. Ah, é agora que contam os meus problemas para a pessoa que irá me atender para ela poder me enganar depois ? Ah eles fazem isso para poder trocar as informações que os outros “guias” já passaram ? Ou seja, novamente só bobagem. Não estou dizendo que acontece com um ou com outro. Isso acontece com todos. Todos que estão pela primeira vez onde se transcende o real para o sagrado, o profano para o divino, a insegurança pela caridade, isso acontece com todos que pisam em um terreiro de Umbanda pela primeira vez, aconteceu comigo, aconteceu com meus familiares, meus amigos, meus desconhecidos, ou seja, até cair a ficha o do porque você esta aqui, passa muita coisa na sua cabeça. Será que a polícia vai chegar e irá todo mundo preso ? Não isso nunca irá acontecer nesta bendita terra chamada Brasil, nosso direito de expressar a nossa religião e nossa fé está declarada na Constituição Brasileira. Em nossa Carta Magna, no Titulo II, artigo 5º, parágrafo VI, diz: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”, ou seja, a polícia está aqui para nos defender e não nos agredir. O inicio na religião normalmente é um romper de barreiras. Na maioria dos casos o neófito vem de outra religião e em sua vida social é muito complicado se declarar Umbandista. Quando a pessoa se declara Umbandista em seu ambiente familiar ou em seu ambiente profissional ela logo será tachada de macumbeira, de feiticeira, de pai ou mãe de santo e tudo isso da forma mais pejorativa que significa. Não saberá e nem estará atento ao verdadeiro significado da palavra ou da religião Umbandística. É natural então que o iniciado se sinta sozinho e perdido no meio de tanta informação nova e que parece ser de certa forma proibida. A nossa cultura e a nossa tradição tende a ser muito preconceituosa no que diz respeito ao tratamento com os espíritos, tudo isso parece ser muito oculto e proibido. Fico me lembrando das perguntas que fiz, das duvidas e dos medos a qual passei em minha iniciação. Tudo era muito estranho, sempre fui um convencido ateu, humanista por princípio, e de repente estava deparado com o sagrado da forma mais ampla possível. Era difícil entender o processo da incorporação ou até mesmo conversar com o ser incorporado. Era difícil distinguir médium de entidade, entidades de entidades, santos de Orixás, lembro uma vez que perguntei ao meu cunhado, hoje meu pai de santo, porque Oxossi havia morrido todo fleichado amarrado em uma árvore (me referindo a estátua de São Sebastião santo católico sincretizado). E ele me explicou sobre o sincretismo religioso, que aquela imagem se referia a um santo católico o qual a religião afro-descendente adotou como ilustração para o seu Orixá Oxossi. Esta passagem é para ilustrar um pouco o inicio da vida como cambono ou cambone. A pessoa vai pedir ajuda, ou por curiosidade, chega em um terreiro de Umbanda. O guia incorporado, o que já é estranho, diz que ela tem mediunidade (o que é isso ? será que ele diz isso a todas as pessoas ? ), e esta é convidada a começar a desenvolver os seus guias, e após um tempo de desenvolvimento esta é chamada para entrar na gira, entrar no terreiro, vestir branco, servir o santo ou simplesmente virar um cambono. E ae ? O que fazer ? O que é ser um cambono ? O começo na vida de um cambono deve ser levado como um marco em sua história na religião. O que vestir no primeiro dia ? Como será dançar no ritual ? Com quem irei ficar nos trabalhos ? Como devo me proceder com os pais ou mães de santo ? Como devo me proceder com os guias chefes da casa ? São tantas as dúvidas que giram na cabeça de um cambono que as vezes o cambono se esquece qual é o verdadeiro papel dele na religião, o real porque dele estar ali. Tentarei explicar do inicio o como fazer, o porque fazer e quando se deve fazer. As experiências aqui descritas foram me ensinadas pelas entidades a quem servi e se referem as regras dos templos que eu trabalhei. Elas podem variar de casa para casa e não tem a intensão de ser a verdade em hipótese alguma e sim apenas uma referencia para o neófito no cumprimento de sua missão. Como se inicia na religião como cambono ? Provavelmente o neófito é atendido por uma entidade e esta entidade o chamou para a vida do sacerdócio de cambono. Sim, ser cambono é um sacerdócio. A partir do momento que você se torna um cambono você esta se dispondo a ouvir os problemas dos outros, ajudar os necessitados e acima de tudo, guardar segredo dos problemas alheios. Entre o atendimento prestado pela entidade até o chamado para o iniciado se tornar um cambono, pode decorrer dias, meses ou anos e pode neste tempo o mesmo ser chamado para já desenvolver as suas entidades ou não variando isso de terreiro para terreiro. Em alguns casos a pessoa iniciada tem o privilégio de no primeiro dia que pisar em um terreiro ser chamada para trabalhar como cambono, isso é raro, mas acontece. Lembrando que o cambono é geralmente o primeiro estágio que um médium passa dentro de um terreiro. Ou em alguns casos o cambono pode ser parente do pai/mãe de santo e este é teoricamente obrigado a trabalhar como cambono no terreiro. O cambono é o primeiro estagio que passa o neófito dentro de um terreiro de Umbanda com responsabilidades dentro da casa, com as entidades e os consulentes. Aroupa que o cambono deve utilizar nos trabalhos varia de casa para casa mas o básico é a roupa branca. Em alguns terreiros é necessário fazer uma roupa que a própria casa fornece ao novo cambono. Em outros terreiros a roupa deve ser branca e observando a cor do guia do trabalho. A melhor coisa a fazer é tentar se informar com a direção da casa qual a melhor roupa para utilizar nos trabalhos. Um outro ponto que o cambono se preocupa é com quem ele irá ficar dentro da gira. Geralmente o cambono ajudará as próprias entidades que o trouxeram para dentro da corrente. Em alguns casos para o cambono será determinado auxiliar outras entidades que este então não conhecia, tudo depende dos guias chefes da casa mas qualquer que seja a opção o cambono deve respeitar e aceitar a sua vida como um cambono. Ser cambono é um estágio na sua vida espiritual. Quase todos os grandes médiuns primeiro aprenderam a ser cambonos para depois serem médiuns. Sempre ouvi que um bom cambono será um bom médium. Acho que isso resume a vida de cambono. Quanto melhor você for, mais você se dedicar, mais você estiver atento, mais você servir, mais preparado você se tornará um médium de passe, um médium de atendimento. Salvo em alguns casos que o neófito tem que passar por outros estágios para se tornar um médium de passe. Ahora da dança, abertura da gira de algumas casas, também é um grande tormento na cabeça do novo cambono, mas tudo isso é detalhe que se aprende com a duplicação e com a repetição do movimento. É muito comum não entender o que esta acontecendo na gira, no padê, na defumação, nos pontos, no bate-cabeça e outros detalhes que o cambono executa mas sem saber o porque disso ou daquilo. A melhor opção é relaxar e dar tempo ao tempo. Tentar identificar quem na corrente tem o conhecimento que necessita e ir atrás, buscar o conhecimento. Um bom começo é conhecer o Estatuto Social que rege o terreiro ao qual você irá ou já estará fazendo parte. Este estatuto trás as normas e as diretrizes que a casa segue sob as orientações dos guias chefes da casa. É muito importante conhecer tais normas e ficar por dentro da conduta certa que se deve ter em cada terreiro. Uma coisa importante que o neófito tem que entender é que por mais que o terreiro seja uma casa filantrópica sem fins lucrativos o mesmo precisa de recursos financeiros para se manter. Alugueis, despesas com manutenção, papelaria, documentos, contador e demais despesas tem que ser pagas como qualquer empresa que busca lucro mesmo o terreiro não buscando o lucro. As pessoas confundem lucro com subsistência. A entidade filantrópica a qual você fará ou já faz parte depende de dinheiro para continuar a funcionar e ajudar cada vez mais e normalmente o novo cambono deverá assumir a sua contribuição mensal com o terreiro a qual estiver fazendo parte. Um outro ponto importante é o novo cambono tentar entender qual a hierarquia material e espiritual que o terreiro esta sujeito. Buscar conhecer os Pais e Mães de Santo (Babalorixá e Yalorixá), os Pais-pequenos e Mãespequenas (Babaquequere e Yaquequere), os Ogãn do Terreiro, os dirigentes espirituais do terreiro, os dirigentes materiais do terreiro, a respeito das contribuições que o cambono deverá assumir, não só em espécie (dinheiro) mas também em material de limpeza, velas, defumadores, bebidas, comidas, a limpeza do terreiro (geralmente cada casa tem uma escala de limpeza a ser cumprida) e outros detalhes que o neófito geralmente não esta atento quando entra para uma gira de um terreiro. É importante saber que a comunidade do terreiro está lá para se ajudar em tudo o que diz respeito a manutenção do templo. Entender o seguinte: - Geralmente o terreiro é formado por um local que será dedicado ao culto, este terreiro é dirigido por um Pai ou Mãe de Santo o qual tem como missão ajudar as pessoas necessitadas, você como um cambono necessita de um espaço para estar recebendo os seus guias, desenvolver a sua espiritualidade e cumprir a sua missão. Então entenda que o terreiro também será seu local sagrado de orações e devoções e por isso você deve zelar por ele e também colaborar com a manutenção da casa. Passando os detalhes “administrativos” vamos começar a explanar um pouco sobre cada passo na gira de umbanda e como o cambono deve se comportar. Pontos de energia da casa. Todos os terreiros de umbanda (pelo menos os que se prezam) tem os seus pontos de energia. Cada terreiro é formado geralmente por ordem de uma ou mais entidades e estas entidades dizem aos fundadores do terreiro quais serão os pontos de energia necessários para o bom funcionamento da casa, os chamados assentamentos. A cangira ou tronqueira ou casinha do Exu A cangira ou tronqueira ou casinha do Exu é onde está firmado o Exu da casa, geralmente neste local preparado com alguns objetos pertencentes e significantes enterrados no chão. Geralmente tem ali colocado as imagens dos guardiães da esquerda (Exus, Pombagiras, Exus-Mirim) que foram cruzadas e solicitadas pelas entidades. Neste local é oferendado o Padê e o Marafo comida e bebida ritualística do Exu afim de saciar a sua fome e sua sede. Com um Exu na cangira bem tratado não entra forças negativas para dentro do terreiro o que poderia atrapalhar os trabalhos espirituais da casa. O Padê geralmente é oferendado nos inícios dos trabalhos espirituais. O novo cambono deve saber saudar o Exu da casa de acordo com as normas da casa, a saudação mais praticada nos terreiros é da seguinte forma: Chega-se a cangira, cruza-se os dedos das mãos com as palmas viradas para baixo e diz Larôie Exu, Laroie Exu Mojuba, o que significa ------- seguido de suas presses para um bom trabalho e proteção. A porteira do Terreiro. Entende-se por Porteira do Terreiro a linha delimitadora da área de trabalhos espirituais e a área da assistência (consulentes). Normalmente esta área esta separada por uma cortina, cerca, mureta ou outros objetos delimitadores. Estas Porteiras representam a separação do mundo profano para o mundo sagrado. Nelas também são enterrados, objetos e aparatos significativos dos guias chefes da casa para que a energia do local seja resguarda e mantida. Nesta Porteira o novo cambono deve pedir licença todas as vezes que por ela passar, pedindo a Oxalá que de licença para poder entrar em contato com o sagrado. O Conga (Altar) É no Conga (Altar) onde é colocado todas as imagens referentes aos Orixás e aos Guias espirituais do Terreiro. Nele também é colocado o Assentamento dos Orixás Patronos do terreiro. Em baixo do Conga normalmente se enterra objetos e aparatos referente aos Orixás que protegem e guardam a casa. Neste ponto estará a força maior do Terreiro, a força de todos os guias que ali trabalham e são cultuados é este ponto, não o mais importante porque todos são importantes, mas o ponto principal de um terreiro de umbanda. É ali que o Guia Chefe vem firmar o seu ponto é ali que ele deposita o seu Axé para que todos os necessitados. É neste local que o cambono deve ter o maior respeito, fazer suas orações e agradecimentos, fazer a sua vigília, acender suas velas votivas, enfim é no Conga que se deve ter a maior devoção. O cumprimento no Conga deve ser feito da seguinte maneira Deita-se no chão com a cabeça voltada para o Conga e as mãos no chão acima da cabeça direcionadas também ao Conga, agradece a permissão de estar ali naquele momento, pede proteção aos Orixás e pede que os problemas sejam resolvidos e que o trabalho seja bem proveitoso. Geralmente este ritual é precedido de uma volta em torno do próprio corpo em pé em frente ao Conga. A Curimba ou Atabaques (Tambores) A Curimba ou Atabaques (que significa conjunto de tambores), é o ponto responsável em fazer a energia se movimentar em um terreiro. É na Curimba que será definido qual energia trazer para determinando Guia. É papel do Ogãn (tocador do Tambor,maestro dos Orixás) tocar o ponto certo para cada entidade que será saudada ou trabalhada na casa. É ele quem faz os espíritos (entidades) baixarem no terreiro e incorporarem em seus guias. É na Curimba que será equilibrada todas as energias para que o trabalho transcorra da melhor maneira possível. É na Curimba que se movimenta a energia, se movimenta o Axé. Normalemte a Curimba é formada por no mínimo três tambores, um grande (Rum), um médio (Rumpi) e um menor (Lê) que juntos, cada um em sua toada, emana toda a energia que os guias e orixás necessitam para um ótimo trabalho. A forma mais tradicional de se cumprimentar a Curimba é muito parecida com a de cumprimentar o Conga. Chega-se em frente a Curimba, da uma volta em torno do próprio corpo e deita-se no chão com os braços abertos para a frente, virado para a Curinba, ali se pede aos guias que logo estarão incorporados as suas bênçãos e proteção e que o trabalho transcorra muito bem. Aqui um ponto importante, não se deve tocar de forma alguma o couro do tambor com as mãos, o couro foi tratado especialmente para o tambor pelo Ogãn poder trabalhar a sua energia, caso queira cumprimentar os tambores com as mãos toque na parte de madeira do mesmo, mas nunca no couro. Todos estes pontos de energia, são comuns na maioria das casas de Umbandas, algumas têm apenas o Conga outras tem muito mais do que estes pontos, mas estes são os principais e todos eles estão interligados para que a energia da casa seja a melhor possível. Alguns pontos estão para limpar possíveis energias negativas e outros estão disponíveis para nos trazer energia e para renovar o nosso Axé. Antes da Gira. Uma das minhas maiores dúvidas no inicio da minha vida como neófito era o que eu deveria e poderia fazer antes do trabalho e o que eu não deveria fazer. Coisas como, não brigar, beber demais, comer demais e outros exageros devem ser evitados. Cada um tem o seu motivo. Brigar é um pouco óbvio. Você vai trabalhar a sua espiritualidade, vai trabalhar a caridade, irá mudar a energia de seu corpo para poder receber uma entidade, então deve procurar não se chatear, ficar tranqüilo, relaxar a sua mente. Beber demais é um assunto muito complicado. O guia que irá vir trabalhar com você precisará de você inteiro, com a cabeça concentrada no trabalho, então deve-se evitar a bebida antes do trabalho. Comer demais, vai te deixar empanturrado, cansado, sonolento, o guia precisará demais da sua energia corporia você precisará estar bem. Não é aconselhável, após comer dois pratos de uma suculenta feijoada ir trabalhar com o seu guia. Entenda que estas coisas são exageros humanos e não que isto irá te causar algum dano espiritual durante o trabalho. Alguns dizem para não fazer sexo antes das giras eu não vejo nenhum problema, desde que não atrase a gira. E com o tempo cada um vai desenvolvendo o seu próprio ritual antes da gira. Vou colocar dois exemplos que eu vivo geralmente. Como o nosso trabalho é no sábado eu tento reservar o sábado só para as atividades espirituais. Acordo tranqüilo, me alimento tranqüilamente, vou atrás de algumas ervas para banho (tento sempre buscar alguma erva condizente com o guia que irei trabalhar na gira), na hora de preparar o banho, eu lavo as ervas, massero as ervas no pilão dos pretos-velhos, nisso já vou fazendo minhas orações, nesse tempo limpo a cangira e faço o Pade para o Exu que me guia e me protege, neste tempo o banho deu uma esfriada com as ervas, faço o banho, me arrumo e vou para o terreiro. Ritual simples, porém que adotei a minha realidade. O importante é entrar no terreiro com a cabeça concentrada, com a sua energia boa, trazendo boas vibrações. Importante buscar chegar no terreiro sempre 30 minutos antes da gira começar, para começar tranqüilo e sem correrias. Chegando no terreiro. No início parece que tem muita coisa para decorar e aprender, parece que a gente não vai conseguir dar conta, mas com o tempo a gente vai pegando o jeito da coisa. Chegando no terreiro deve primeiramente cumprimentar a cangira ou casinha do Exu, ir saúdá-lo é uma demonstração da devoção que se tem com o Orixá, existe um Itâ (lenda do Orixá) que diz que Exu vivia junto com Oxalá e todos os outros Orixás vinham até Oxalá em busca de uma palavra de sabedoria e conforto só que eles atrapalhavam Oxalá que estava muito ocupado em fazer os homens. Então Oxalá chamou Exu que morava junto com Oxalá e com ele aprendeu também a fazer o homem e ordenou que Exu fosse morar na encruzilhada que ia para sua casa e que a partir daquele dia todos que fossem falar com Oxalá falassem com Exu antes e todos que levasse oferendas a Oxalá deveriam também levar para Exu, assim Exu se tornou o mensageiro dos Orixás com Oxalá. Por esse itâ você já sente a importância de sempre estar saudando o Exu na Cangira e cuidar sempre muito bem do Exu. Após saudar a Cangira deve se preparar para entrar no Conga. Se vestir se for o caso, colocar suas roupas ritualísticas, as guias e outros, cumprimentar as pessoas, dar uma passadinha no banheiro, ir fumar o último cigarro e demais atividades que não deverão transcorrer com o trabalho em andamento. Deve-se observar que uma vez dentro do Conga deve evitar ficar saindo de lá até o encerramento do trabalho. Entrando no Conga pede-se licença para a porteira e diriga-se ao Conga (Altar) para cumprimenta-lo como acima descrito ou de acordo com as normas de sua casa. Após o cumprimento ao Conga (Altar), deve-se cumprimentar a Curinba também conforme descrito acima ou o custume da casa. Neste ínterim deve se cumprimentar o Pai e Mão de Santo pedindo a sua benção e permissão para o trabalho. Neste ponto me perguntam muito como se deve cumprimentar o Pai ou Mãe de Santo, isso depende muito da casa e das raízes da casa, os mais comuns é o cumprimento pedindo a benção “Sua benção Meu Pai ou Sua benção Minha Mãe” ou o cumprimento em língua Yorubá “Okolofê Babá ou Okolofé Yá” que significa Sua benção meu pai e sua benção minha mãe respectivamente. O Pai ou a Mãe de Santo responde Deus Abençoe ou Okolofê Olorum. Em algumas casas onde o Ogãn (maestro dos Orixás) foi preparado no santo (fez os assentamentos e camarinhas para Alebé) costuma-se a pedir a sua benção também pois o mesmo está em um grau na hierarquia no mesmo patamar que o Pai e a Mãe de Santo em referência aos cambonos e demais filhos de santo. Após os cumprimentos deve-se começar a preparar o material para a gira, este material varia muito de casa para casa e de guia para guia perceba que no início fica complicado saber o que o guia irá utilizar durante o trabalho e até mesmo saber qual guia você irá cambonar, mas algumas coisas são básicas, por exemplo, locais para se depositar o lixo, locais para se jogar as cinzas dos cachimbos e charutos, algumas casas utilizam um “cuspidor” que seria um recipiente preparado para receber o “cuspe” do médium uma vez que ele pode não estar acostumado a fumar então será necessário ele eliminar a saliva produzida pelo charuto ou cachimbo, suporte para as velas, veja bem que aqui não está relacionado os materiais que o guia utiliza durante o trabalho como as velas, os charutos e cachimbos e as bebidas, pois isso é de responsabilidade de cada médium levar e ofertar aos seus guias, papel e caneta para fazer as anotações que serão passadas aos consulentes, água para o médium se necessário e outros materiais importantes para o bom andamento dos trabalhos. Providenciado isso o certo é aguardar os inícios dos trabalhos espirituais em silencio fazendo a sua prece com concentração e fé. O início dos trabalhos. Durante o inicio dos trabalhos o ideal é relaxar. Os pontos serão novidades, a dança será novidade, o ritual será novidade. Então o certo é observar as pessoas que tem mais tempo de terreiro e duplicar as suas atitudes, preste atenção que duplicar é diferente de imitar. Normalmente os terreiros de umbanda iniciam a sua gira com o Pade, alguns chamam de despachar o Exu, eu prefiro chamar de saudação aos Exus. O Pade é necessário para que o Exu, guardião da casa, seja bem tratado e louvado. O Pade normalmente é uma mistura de farinha de trigo com cebolas e óleo de dendê e é servido ao Exu com a sua bebida preferida, cachaça. Com esta louvação e tratamento realizado com fé e devoção você terá certeza que o trabalho transcorrerá sem interferências de espíritos obsessores atrapalhando o trabalho, ou seja, uma casa que realiza o ritual do Pade no inicio de seus trabalhos dificilmente terá descarregos de cargas negativas durante os trabalhos espirituais. Após o Pade os terreiros seguem os trabalhos saudando os Orixás patronas da casa, normalmente após o Pade ou melhor o Exu ser saudado o próximo Orixá a ser saudade é sempre Ogum seguidos pelos outros. Pois cabe a Ogum a abertura dos caminhos. Em várias casas se canta um ponto para cada Orixá e outras casas fazem uma abertura mais simples com pontos mais genéricos. Após os Orixás serem saudados cantasse os pontos para os guias que viram trabalhar na gira, se a gira é de caboclos de Oxossi, cantase pontos de caboclos, se for de pretos-velhos canta-se pontos de pretos-velhos, e assim por diante. Após os pontos é comum ter uma oração realizada pelas lideranças das casas, alguns rezasse o Pai Nosso e a Ave Maria, é muito comum se cantar o Hino da Umbanda. Em todos esses pontos, se dança de uma forma diferente, se comporta de uma forma diferente, no começo como eu já disse a coisa parece complicada, mas depois com o tempo a coisa fica muito mais simples. Depois disso vem o ritual da defumação que consiste em preparar todo aquele ambiente para a chegada das entidades e também purificar o ambiente e as pessoas que estão no local. No momento da defumação o cambono deve se comportar como as tradições da casa e respeitar os locais onde serão defumados, congo, curimba e porteiras, sempre prestando atenção e concentrado no ritual. Após a defumação tem o ritual de pemba onde se assopra pemba para o alto afim de mostrar para as entidades que estão ali presentes que aquela é uma casa que trabalha sob a bandeira branca de Pai Oxalá, o cambono também deve prestar a atenção e sua concentração também é muito importante neste momento. Na chegada dos guias-chefes dos terreiros é muito comum que os filhos de santo se ajoelhem no chão e cantam juntos acompanhando nas palmas aguardando a incorporação no médium da entidade chefe. Quando esta entidade chega em terra o correto é bater com a cabeça no chão em sinal de respeito e devoção neste momento o cambono do guia chefe cumprimenta-o e começa a serví-lo com seus aparatos. O ritual de bate cabeça é um dos ritos mais importantes que existe na Umbanda. Consiste exatamente em se deitar no chão esticado com a cabeça voltada para os pés da entidade e com as mãos tocar levemente os pés da entidade e pedir a sua benção. É lógico que quando chega a entidade no terreiro é praticamente impossível todos os filhos de santo realizarem este ritual então simbolicamente se abaixa e bate com a cabeça no chão no próprio lugar em sinal de respeito e devoção. Com o transcorrer dos trabalhos o guia chefe chama os outros guias para trabalhar e é aí que começa realmente o trabalho dos cambonos. O cambono tem que estar atento ao guia que irá auxiliar, então com a chegada deste guia em terra o cambono deve com calma ir ao seu auxilio, primeiramente cumprimentá-lo realizando o ritual do batecabeça e em seguida servi-lo com seu charuto ou cachimbo, sua bebida, seus adereços, cocares, chapéus e outros paramentos que o guia utiliza. O guia em terra irá benzer e limpar o seu cambono preparando-o para os trabalhos que virão a frente. Neste momento o cambono aproveita também para conversar com o guia. É muito comum o novo cambono achar que terá todo o tempo do mundo para poder conversar com a entidade, mas é completamente o oposto, antes quando o cambono estava na assistência ele tinha um tempo só dele com o guia e agora não tem mais. O cambono está lá para trabalhar e auxiliar o guia e começa a ficar escasso o tempo para conversar com o guia. Mas preste a atenção: O fato de você estar dentro da corrente faz com que você seja muito mais ajudado pelas entidades, tanto pelas entidades que você auxiliará bem como pelas suas entidades que estarão com um maior contato com você. Então aproveite todo o tempo do mundo que você estiver para conversar, tirar as suas duvidas que com certeza são muitas e prestar muito a atenção no trabalho, no que o guia utiliza, nas mirongas que ele irá passar para cada consulente, lembre-se você é o porta-voz do guia, muitos consulentes não entendem o que os guias falam então o cambono fica como uma espécie de tradutor da entidade para a pessoa e viceversa, anote tudo que tiver que anotar, se tiver dúvidas pergunte ao guia, tente aprender as correspondências das cores das velas com cada Orixá, bem como o dia que é cultuado o Orixá. E o fator mais importante na hora das consultas: Tudo que você ouvir dentro do terreiro, que os consulentes dizem aos guias é segredo absoluto. Tudo o que você ouve dentro do conga fica lá, não saí de lá. Os problemas que você ouvir esqueça assim que você sair do terreiro para que isso não venha atrapalhar a sua vida, para que você não fique pensando nos problemas dos outros, não se envolva com os problemas dos outros fora do terreiro, deixe que as entidades trabalhem isso, elas sabem o que fazem e não a gente. Por mais dó que tenhamos não estamos preparados para absorver todos os problemas que ouvimos e presenciamos. Então nunca se esqueça, sigilo absoluto. No inicio, o neófito, fica bastante perdido em relação aos trabalhos, nunca sabe exatamente o que cada entidade utiliza, então é comum errar e dar um charuto para o preto-velho que fuma cachimbo por exemplo, e esta entidade irá orientar o novato para pegar o cachimbo corretamente. Lembre-se as entidades estão lá para trabalharem juntas com você e você junto a elas, elas irão ensinar a você todos os macetes e de como elas preferem que sejam servidas, como o tempo você já estará aguardando o caboclo chegar com o seu charuto preferido já aceso, irá esperar o preto-velho com o seu cachimbo já preparado e assim por diante. No meu ponto de vista um dos maiores trabalhos que o cambono irá desenvolver é justamente na hora do atendimento dos consulentes, parafraseando o grande Pai Antonio do Toco, preto-velho que tenho a honra de servir como “cavalo”, o cambono esta lá para dar amor material as pessoas que estão indo lá buscar o conforto espiritual. É comum uma pessoa que se senta a primeira vez em frente a um preto-velho estar lá toda angustiada, preocupada e as vezes até com medo do que irá ser dito ou irá acontecer lá, então o cambono deve ajudar a esta pessoa a se acalmar, a conseguir se expressar e explicar que aquela entidade está lá para ajudá-la a resolver aqueles problemas, afinal você como um novo cambono irá se lembrar que a pouco tempo atrás era você quem estava sentado lá a primeira vez todo encolhidinho e acabrunhado com aquela situação. A sua experiência vai ajudar a outras pessoas passarem pela mesma situação que você já passou. O mais engraçado em tudo isso é todos querem aprender e trabalhar no terreiro mas ninguém quer deixar de ser cuidado. Vou explicar: já vi varias vezes isso acontecer, a pessoa não vê a hora de colocar branco e entrar para a corrente, quando isso acontece ela diz ah como era gostoso poder sentar aqui e conversar com a entidade aqueles 5 ou 10 minutos, aí quando a pessoa vira um médium passe ela diz ah que saudades eu tenho do tempo que eu era cambono, ou seja, a gente sempre vai querer ir pra frente e sempre teremos saudades do que deixamos pra trás. O melhor a fazer é viver cada momento de uma vez. Se esta como cambono tente aproveitar o melhor possível este momento, tente aprender com as entidades, tente escutar e gravar a maior quantidade de informação possível, faça anotações, tenha um caderno em casa para anotar sempre as coisas novas que aprendeu, o que a entidade receitou para determinado problema, as ervas de defumação utilizadas para limpar o ambiente, para trazer dinheiro, para resolver os problemas, as cores das velas e os respectivos santos que as utilizam, as preses, as magias, as mirongas e as historias. Ah.. as historias, é bom lembrar disso. Quando acontece a seguinte situação de que um consulente retorna com o guia semanas depois do seu atendimento e diz ter recebido aquela graça impossível de ter sido alcançada, aquela que até mesmo você quando ouviu ficou com pena do consulente e a entidade disse que ia ajudar, e realmente ajudou, eu sei que a vontade de contar isso para todos fora do terreiro é muito grande, vontade até mesmo por inexperiência, tentar mostrar para os outros como aquela entidade é boa, é forte e resolveu o problema daquele consulente, as vezes a gente pensando estar fazendo uma “grande propaganda” daquele guia nós podemos estar prejudicando seus trabalhos, então sempre se lembre o que acontece dentro do terreiro fica dentro do terreiro, ninguém mais alem de você, o consulente e o guia tem que saber, isso é muito importante. Duas situações que ocorrem muito entre os guias e o cambono. A primeira é quando o cambono nada fala, não se comunica com o consulente, e o guia tem que toda hora ficar “chamando a atenção” do cambono. É obvio que quem tem que prestar o atendimento é o guia, mas a interação guia-cambonoconsulente é importante para que o consulente realmente entenda tudo o que o guia está falando, explicando como se faz um banho, como se acende as velas, como se saúda um Orixá e outros detalhes do nosso culto. A segunda é quando o cambono fala demais, atravessando o que o guia fala, pulando na frente do guia e atrapalhando o atendimento, isso também acontece e tem que ser bem analisado, o guia geralmente respeita o cambono nesta situação e não irá adverter o cambono em frente ao consulente, mas o importante é o cambono prestar a atenção e falar o que for necessário sem ficar muito calado e sem cortar a frente do guia. Ou seja, o bom senso prevalece nestas situações. Outra questão que o cambono deve observar bem em relação ao atendimento é a tempo disponível para atendimento de cada consulente. Em algumas casas se trabalha com horários para atendimento e um número de fichas limitado por médium atendente, então em alguns casos é necessária a intervenção do cambono para que o guia atende a todos com prestesa porem sem se alongar muito no tempo, o certo é pedir licença a entidade e informar que a mesma está com o tempo limitado e é necessário atender um pouco mais rápido. Esta situação deve ser bem observada, pois cansei de ver guia correndo e depois ficar sem fazer nada esperando os outros guias dar os atendimentos, então antes de apressar o guia deve-se observar se as coisas estão caminhando bem ou não e ver como esta o andamento dos trabalhos. Uma outra coisa que com o tempo o cambono começa a aprender e melhora a sintonia do trabalho, é saber o que o guia irá precisar, por exemplo, se o consulente chega e pede para o guia cruzar (benzer) uma imagem o cambono, através da experiência, sabe que o guia irá utilizar pemba e água de cheiro (geralmente alfazema) então o ele não tem que ficar esperando o guia pedir para pegar o material ele pode ser mais rápido e já pegar o que o guia irá utilizar (como dito acima isso é apenas um exemplo). O desenvolvimento Normalmente os terreiros tem regras diferentes para o desenvolvimento mediúnico do cambono. Em algumas casas se fazem giras específicas para esse fim em outras faz o desenvolvimento logo após o atendimento dos consulentes. Independente disso tentarei explicar um pouco sobre o desenvolvimento mediúnico do cambono. É natural o cambono ter alguns receios antes de começar realmente a deixar a sua entidade trabalhar. O medo de incorporar, de não saber o que é exatamente isso pode atrapalhar na hora do desenvolvimento, outro aspecto que atrapalha bastante o desenvolvimento é a vergonha que o neófito tem de ficar parado com várias pessoas olhando para ele e ficar precionando para que o “santo abaixe”. As reações das pessoas na incorporação varia de pessoa para pessoa. Cada um tem um jeito de lidar com o processo da incorporação, eu conheço pessoas que o queixo começa a bater, outras que tremem como se estivessem com frio, outras começam a balançar o corpo de um lado para outro, outras giram, ou seja, não existe um modelo específico. O correto nesta hora é confiar no guia que esta te desenvolvendo, seguir os passos que ele está te orientando, relaxar e deixar que sua mente se conecte com o astral. Um grande mito que tem em torno do processo incorporatório é o de possessão. Uma entidade na tem a necessidade de possuir ninguém, ela irá se comunicar com o médium através do subconsciente e do inconsciente, ela estará como se assoprando as vontades na cabeça do médium. Você irá começar sentir a vontade fazer determinadas coisas (dançar, bater as mãos no peito, soltar gritos de guerra, girar, tremer o corpo, falar, escrever, desenhar) e irá achar que tudo isso é da sua cabeça, pois as vontades realmente pareceram suas. O médium esta aí justamente para isso, para ser o mediador desta entidade, e não ser possuído como muitos pensam. É natural a comparação com outros desenvolvidos, mas é insignificante. Você nunca deve se comparar ou comparar outra pessoa com você no quesito desenvolvimento mediúnico, cada um tem o seu tempo, cada um tem a sua dedicação. Quanto a você achar que é você ou o guia que esta fazendo as coisas, dançando por exemplo, deixe que as entidades que estão te desenvolvendo analise isso. Se você estiver travando a sua entidade ou se você tiver atravessando a sua entidade o guia que esta trabalhando com você irá te pedir para ter mais concentração, para deixar o guia trabalhar com você e para te ter mais firmeza. Outra questão que começa a acontecer é a dúvida do que dar a sua entidade se ela irá querer beber, fumar, o que beber e o que fumar, se vai poder riscar o ponto ou não, como riscar o ponto, essas coisas se faz com a necessidade do próprio guia, quando você melhorar a sintonia com o guia que estiver incorporando não restará dúvidas em sua cabeça, ele realmente vai pedir sua cerveja, seu cigarro de palha, pedir a pemba para fazer seu ponto riscado, ele irá te conduzir neste processo da melhor maneira possível, é só você confiar em você, confiar em seus guias, confiar em seu desenvolvimento. O guia do médium que estiver realizando o seu desenvolvimento irá orientar a sua entidade nas atitudes a serem tomadas dentro do terreiro. No mundo espiritual tem uma hierarquia de trabalho como no mundo carnal e a entidade que estiver começando a incorporar em você também seguirá as regras espirituais estabelecida. Na hora que você começar a deixar a entidade a riscar o ponto por exemplo, você irá notar que mais que a sua mente idealize uma imagem um desenho, ele irá ser riscado como a entidade desejar e não a sua cabeça. Você irá começar a sentir um conflito (no bom sentido) em sua cabeça e começará a perceber que tem uma outra força, uma outra energia trabalhando com seu corpo. É natural todo esse espanto no começo, você vibrar por sentir a energia de sua entidade no seu corpo, acabar o desenvolvimento e dizer: - Nossa como foi com o meu desenvolvimento hoje. Quando mais você incorporar, mais você terá vontade de incorporar e trabalhar estas energias. É engraçado como os estágios da incorporação são muito parecidos de pessoas para pessoas. Quando você começa a desenvolver você acha que é tudo a sua cabeça, tudo a sua mente, logo depois você começa a pegar a firmeza do guia e começa a ficar confiante, após a confiança ser obtida você começa a achar que seu desenvolvimento ficou mais “fraco”, você não está mais sentindo a sua entidade como estava antes, mas isso é normal não é que você não está mais sentido a sua entidade, é que você está começando a acostumar com sua energia, a sua interação com a entidade esta começando a ficar muito boa, agora é começar a curtir o processo do desenvolvimento, começar a ouvir o nome da entidade, começar a se comunicar com ela, deixar ela conversar com as pessoas, é hora de realmente deixar as entidades trabalharem. Com o tempo passando é natural a anciedade começar a fazer parte da sua vida como cambono em desenvolvimento. Você começa a achar que todo trabalho será o trabalho que a entidade chefe irá lhe “promover” a médium passista. Mas relaxe, porque este ponto é muito flutuante ou seja, muda muito de médium para médium, de entidade para entidade, você certamente vai ver pessoas que começaram na gira após você se tornar médium passista antes que você, então não deixe a vaidade humana torturar a sua cabeça com bobeiras, entenda que cada um tem um processo de aprendizado, cada um tem uma estrada diferente para passar, cada um tem o seu tempo o seu ritmo, faça as coisas necessárias sem pensar em cobrar os outros, faça a sua parte com o seu guia e deixe que dos outros cuidem eles. Com o tempo as entidades que trabalham com você irão começar também a pedir as suas guias de contas (miçangas), isso é um sinal da ligação entre a entidade e o neófito e a proteção da entidade. As outras partes dos trabalhos, encerramento dos trabalhos, presses finais cada casa tem o seu método, o seu desfecho e geralmente não foge muito do que já falamos lá trás. Normalmente se bate cabeça para as entidades que estão subindo e se agradece a oportunidade de trabalho que tivemos no dia de hoje. Agradecemos as bênçãos alcançadas e a proteção divina. Desejamos que todos retornem bem a seus lares e que o plano espiritual continue protegendo a todos que estiveram presentes e todos os nossos irmãos de fé. Off-Topic Quando o neófito se torna um cambono muitas coisas começam a alterar em sua vida e vou colocar umas referencias em algumas partes para que você não se torne um chato de galocha e comece a ser taxado pelos outros que você convivia. A nossa religião bem como os demais cultos afrodescendentes que existe no Brasil, por mais normal que isso seja ainda causa muito espanto nas pessoas, que por falta de informação nos taxam pejorativamente de macumbeiros, bruxos, seres demoniados e demais coisas. Perceba que você esta iniciando uma renovação na sua vida e os outros não são obrigados a se iniciarem também. Evite ficar falando com qualquer um que você se tornou um Umbandista, isso não é negar a sua fé, isso é preservar a sua fé. Você não tem que converter ninguém para a religião, você não tem que provar para ninguém que fazemos apenas o bem, não discuta religião, ou melhor discuta religião com quem entende de sua religião. Quando te chamarem de Macumbeiro, explique o que é macumba. Macumba é um instrumento de percussão que se toca com uma vareta pressionada entre a parede e a barriga do executor. Macumbeiro, aquele que toma macumba. Quando vierem com assunto tipo matanças de animais, diga que a Umbanda é a vida e que a Umbanda protege a natureza. Fuja de discussões vazias e sem fundamentos religiosos, não vale a pena ficar se desgastando a toa. A Umbanda é uma religião universalista, ou seja, ela atende a qualquer pessoa sem distinção de nenhuma raça, credo ou situação financeira, somos o pronto-socorro espiritual é esse o nosso papel. O que vejo muito nos “novos” Umbandistas são as pessoas que se vislumbram com esse “poder” da incorporação e começam a querem incorporar em qualquer lugar. Vão na casa da avó e sentem as energias ruins do ambiente e já começa a sentir fluído do preto-velho e aí incorpora lá na casa da avó, na frente da tia evangélica, na frente do tio ateu e assim por diante. Ou está em uma reunião com os amigos começa a beber um pouco mais e aí incorpora a pomba-gira e sai rodando na frente de todo mundo. Veja bem a questão não é não incorporar fora do terreiro a questão é o porque e a necessidade de incorporar em um lugar fora do terreiro. A minha intenção não é ser moralista ao ponto de falar que eu nunca incorporei fora do terreiro a minha intenção é orientá-lo para fazer da maneira correta. Vamos com calma, você terá muito tempo para incorporar ainda, não tem que provar nada para ninguém, não tem que provar nada para você. Analise o seguinte todo o terreiro é preparado para receber estes guias de luz, o ritual é todo preparado (pontos, tambores, defumação, pemba) para receber nossos amigos, então não tem lógica ficar dando “show” a onde você estiver, você talvez ainda não esteja preparado para as energias que você irá mexer e isso pode atrapalhar o seu desenvolvimento e o seu convívio social. Uma vez aconteceu um caso com uma colega de estar em uma festa e começar a passar mal. Mas começou a passar mal por causa da bebida e não por fluído ou outra coisa, aí foi aquele trabalho que vocês já desconfiam, vai na casa do Pai de santo, coloca ela no conga e aquela história toda, quando ela vomitou todo “espírito ruim” que estava dentro dela ela tomou um banho e melhorou. Coisas do santo Bhrama. O que quero deixar claro aqui é que não é porque você descobriu um ótimo caminho para a sua espiritualidade que você tem que querer que todos encontrem este caminho também que você tem que viver incorporado para que todos acreditem no seu “santo” com estas atitudes só estaremos contribuindo com a má fama da Umbanda e de nossa religião. Deixe os guias trabalharem com você dentro do terreiro, deixe que os guias te conduzam dentro do terreiro. Coisas que você pode fazer para melhorar. Algumas coisas você pode fazer para melhorar o seu desenvolvimento talvez a mais importante seja os banhos de ervas antecedendo os trabalhos espirituais. As mais indicadas para os neófitos aumentarem a sua afinidade com o “santo” são: egenda, manjericão, guiné e alecrim. Outras ervas podem ser usadas principalmente as alusivas a linha que irá trabalhar no dia, espada de São Jorge para Ogum, folha de fogo para Xangô e assim por diante, vale a pena se informar mais e conhecer um pouco sobre as ervas e os Orixás. Outra coisa que melhora o seu desenvolvimento é a defumação. Se você tiver a oportunidade faça uma defumação com ervas secas em sua casa antes de ir para os trabalhos, além de te limpar espiritualmente limpa também o ambiente das energias ruins trazendo uma nova energia para a casa. Cultive bons hábitos isso irá te deixar mais tranqüilo. Acenda a sua vela pessoal, para o seu anjo de guarda e aos seus Orixás de cabeça (Orixás protetores) esses Orixás você irá saber com o tempo de iniciação e será revelado a você através do jogo de búzios. Coisas que você precisa saber. Você não está fazendo nada de errado. Você está apenas conhecendo algo novo, uma nova vida religiosa. Anossa religião é garantida por Lei como descrita no inicio deste. Estamos em busca de um mundo melhor, mais fraterno, mais amigo e com mais dignidade. Tenha orgulho de sua religião de Umbanda. Conheça os Orixás. Conheça as ervas. Tenha paciência e perseverança com o aprendizado. Busque conhecimento em seus orientadores. Não discuta religião sem fundamentos. Não se torne um chato fanático religioso

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